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Dr. Fulgêncio Firmino Simões

Fotografia do Dr. Fulgêncio Firmino Simões – Fonte: Sal Alenquerense 

Há 165 anos, nascia Fulgêncio Firmino Simões, foi um jornalista, jurista e historiador e político alenquerense de projeção nacional e de grande prestígio.

Fulgêncio Firmino Simões era natural de Alenquer, município do estado do Pará, nasceu em 11 de agosto de 1856, filho do Antônio Firmino Simões e de Dona Maria de Souza Simões. Descendente de uma família mais tradicionais e numerosas de alenquerenses.

Seu genitor, elegeu-se vereador em 1853, e, sucessivamente, foi reeleito presidente da Câmara Municipal (posto que equivalia ao de administrador da cidade) e sendo nomeado em 1874, o primeiro juiz de paz por Pedro Vicente de Azevedo, o mesmo presidente da Província do Pará que, pela Portaria de 1º de maio de 1974, para o então recém-criado Termo Jurídico da Vila de Alenquer.

Concluindo seus primeiros estudos em Alenquer e Belém junto a seu irmão Eloy de Souza Simões. Após concluir o curso primário em Alenquer, Fulgêncio Simões fez os estudos preparatórios para o ensino superior em Belém. 

Na sessão de 11 de junho de 1877 da câmara dos senhores Deputados, sob a presidência do Sr. Paulinho de Souza, em referente a matrícula de estudante, teve a discussão do projeto nº 115, de 1877, sobre a pretensão do estudante Fulgêncio Firmino Simões e a assembleia geral resolveu: Art 1º o governo autorizado para manda admitir a matrícula e a exame das matérias do 1 ano da faculdade de Direito do Recife o ouvinte Fulgêncio Firmino Simões, depois de mostrar-se aprovado nos preparatórios que lhe faltam – Sala das sessões – Gomes do Amaral, conforme consta nos jornais daquela época.

Em 1878, aos 22 anos, ingressou no Curso Jurídico na Faculdade de Direito do Recife, após ter sido aprovado nos exames preparatórios, na qual teve com companheiros como Adelino Antônio de Luna Freire Júnior, Bazilio da Silva Santiago, Clóvis Beviláqua, Eutrópio Pereira de Faria, José Xavier Carvalho de Mendonça, Urbano Santos da Costa Araújo. Nesse mesmo ano, fez parte da comissão de redação do Cub Conservador Acadêmico junto com alguns companheiros acadêmicos da época.

Em sua terra natal, o seu genitor estava doente, o Sr. Antônio Firmino Simões (chefe do partido conservador), quando veio a falecer, no dia 16 de março de 1882, em pleno exercício dessa honrosa função de presidência da Câmara Municipal de Alenquer por muitos anos (1853 até 1882). Com 26 anos de idade, bacharelou-se em ciências jurídicas e sociais na Faculdade de Direito do Recife em 31 de outubro de 1882 e foi aprovado Plenamente. 

Carta de Bacharel Formando Fulgêncio Firmino Simões – Fonte: Acervo do Arquivo da FDR

Com a morte do pai, o jovem Fulgêncio Firmino Simões estabeleceu-se como advogado no Baixo Amazonas, centralizando suas atividades em Alenquer, ao mesmo tempo em que assumiu a liderança política da família, junto com o irmão mais novo e futuro desembargador Eloy de Souza Simões (nascido em 01 de dezembro de 1867 – Pará e formou na Faculdade de Direito em 14 de maio de 1891). 

Mudou-se depois para Belém, militando no Partido Conservador, então chefiado pelo cônego Siqueira Mendes, e, por esse partido, Fulgêncio elegeu-se várias vezes deputado e senador provincial. Desfrutando de grande prestígio político na última década do Segundo Reinado, Fulgêncio Simões foi nomeado, pela Carta Imperial de 14 de julho de 1887, presidente da Província de Goiás, cargo que exerceu de 20 de outubro de 1887 a 3 de janeiro de 1888 e de 6 de janeiro a 20 de fevereiro de 1888, quando deixou essa alta função pública para investir-se na presidência da Câmara Municipal de Alenquer.

Seis dias após a proclamação da República, na tarde de 21 de novembro, chegou a Alenquer o paquete Imperatriz Tereza, do qual desembarcou o republicano José Olympio Pereira de Mello, portador de ofício assinado por Justo Leite Chermont, membro da Junta Provisória do novo regime, comunicando oficialmente a Fulgêncio Simões a proclamação da República e determinando que a Câmara Municipal continuasse a exercer normalmente a gestão pública do município.

Conquanto fosse o principal líder local do Partido Conservador, e, portanto, monarquista, Fulgêncio Simões recebeu com naturalidade a notícia da implantação do novo regime e a determinação da Junta Provisória, pois o seu partido, no Pará, já adotara, desde 16 de julho de 1889, como princípio programático, o regime federativo. Em 21 de novembro, os vereadores alenquerenses reuniram-se no Palacete Municipal em sessão presidida por Fulgêncio Simões e proclamaram a Adesão de Alenquer à República, formalizada em Edital assinado pelo presidente da Câmara e publicado no dia 22 de novembro de 1889.

Em 25 de dezembro de 1889, todas as lideranças políticas de Alenquer, incluindo os ferrenhos adversários Fulgêncio Simões e o capitão Ramiro Catano Duarte, líder do Partido Liberal, uniram-se sob a bandeira do Partido Republicano e fundaram o diretório municipal dessa agremiação partidária.

Fulgêncio Simões permaneceu na presidência da Câmara até a sua dissolução pelo Decreto nº 107, de 15 de março de 1890. Mas logo assumiu, porém, a presidência do Conselho de Intendência de Alenquer, então criado pelo Decreto nº 108, de 7 de abril de 1890, continuando em tal cargo até o início do ano seguinte, quando passou a integrar, como senador, o Congresso Estadual Constituinte, sendo um dos signatários da primeira Constituição Estadual republicana, promulgada em 22 de junho de 1891.

Em 1897, por ocasião da discussão, no Senado do Estado, sobre a reforma educacional, o senador Fulgêncio Simões comprovou, documentalmente, que o ensino em Alenquer “ocupava o primeiro lugar, quer quanto à matrícula, quer quanto à frequência às suas escolas”, em todo o Estado. Fulgêncio Simões foi o principal idealizador da criação do Grupo Escolar de Alenquer, instituído pelo Decreto nº 722, de 1º de julho de 1899, que teve como primeira diretora a professora Veridiana Rodrigues de Oliveira Corrêa. Oficialmente instalado em 1º de setembro de 1899, o Grupo Escolar de Alenquer foi o primeiro a ser criado no Pará no bojo da reforma do ensino levada a efeito na gestão do governador José de Paes de Carvalho (governou de 1897 a 1901), que, atendendo completamente à sugestão da professora Rita Cássia dos Passos na sessão de instalação do Grupo Escolar, deu a este o nome de “Fulgêncio Simões”, conforme o Decreto nº 820, de 10 de fevereiro de 1900, denominação essa que se conserva até hoje.


Grupo  Escolar  de  Alenquer.  Fonte: Valente, L. (2009).   
 

Viveu alguns momentos de muita dor pelas perdas familiares em sua vida, que foi dolorosamente a notícia de haver falecido, em Alemquer, sua venerada mãe Dona Maria de Souza Simões, contava com 73 anos de idade e foi vitimada por varíolas, em 27 de junho de 1901. E dois anos depois, a morte de sua virtuosa consorte Olympia Burlamaqui Simões que faleceu em 21 de fevereiro de 1903 e está enterrada em Belém. E em 19 de dezembro de 1904, faleceu, em alenquer, o seu irmão major Fausto Simões – Ex-senador estadual e consultor jurídico do Estado. Em 07 de abril de 1912, faleceu, em Belém, sua filha a senhorita Hilda Burlamaqui Simões. Em 16 de julho de 1917, seu irmão mais novo, aos 50 anos, Eloy de Souza Simões faleceu no hospital Dom Luiz I, em Belém.

Além dessas tão altas funções, Fulgêncio Simões exerceu também os cargos de Chefe de Polícia (1891), Consultor Jurídico de Terras e Viação e Procurador-Geral do Tesouro Público, aposentando-se como Procurador Fiscal da Fazenda Estadual, consoante o Decreto nº 176, de 10 de março de 1931, assinado pelo interventor federal no Estado do Pará, o então capitão Joaquim de Magalhães Cardoso Barata.

Fulgêncio Simões foi jornalista, tendo fundado nesta cidade o primeiro o jornal A Gazeta de Alemquér, que começou a circular em 23 de julho de 1883, data do seu 27º aniversário de nascimento. A Gazeta era “a folha mais antiga do Estado depois de A Província do Pará”, conforme registrou o próprio Fulgêncio, que também publicou a obra jurídica Regimento Municipal, em que dissecou a intrincada lei orgânica e eleitoral dos municípios paraenses, e o precioso livro Município de Alemquér – seu desenvolvimento moral e material e seu futuro – Estudos históricos e geographicos (Belém: Typ. e Enc. da Livraria Loyola, 1908, 200 páginas), sendo uma obra mais que centenária de Fulgêncio Simões, lançada em 1908, constitui, ainda hoje, o melhor repositório histórico do município de Alenquer.

Seu famoso livro Município de Alemquér (1908)

Conforme informa no Jornal do Recife, que em 1879, na matriz de São José - Recife, casou-se em segundas núpcias, com Olympia Cesar Burlamaqui (nome de casada - Olympia Burlamaqui Simões - 1859-1903), filha de Leônidas César Burlamaqui e Lourença Lima Burlamaqui. Dr. Fulgêncio Simões teve nove filhos: Amadeu Burlamaqui Simões (prefeito deste Município de 1937 a 1942), Alice Burlamaqui Simões, Antonieta Burlamaqui Simões, Rosina Burlamaqui Simões, Humberto Burlamaqui Simões, Hilda Burlamaqui Simões, Haldéia Burlamaqui Simões, Edgard Burlamaqui Simões e Albertina Burlamaqui Simões

Dr. Fulgêncio Simões, faleceu em Belém do Pará em 10 de agosto de 1942, aos 86 anos de idade, já aposentado como Procurador Fiscal da Fazenda Estadual, na enfermidade que o vitimou foi assistido pelo clínico alenquerense Pedro Vallinoto. Seu corpo está inumado no jazigo nº 31.772-Q do Cemitério Municipal Santa Izabel, localizado no bairro do Guamá. Seus funerais foram custeados pelo governo do Estado do Pará, por ordens expressas do interventor federal José Carneiro da Gama Malcher. Por ocasião de sua morte, governava Alenquer, como prefeito nomeado no Estado Novo, seu filho Amadeu Burlamaqui Simões (gestão de 1938 a 1943).

Fontes Consultadas:


>> Biblioteca Nacional digital Brasil - Jornal do Commercio (RJ) - 13 de junho de 1877

>> Biblioteca Nacional digital Brasil - Diário do Rio de Janeiro (RJ) - 06 de julho de 1877

>> Biblioteca Nacional digital Brasil - Diario de Pernambuco (PE) - 19 de agosto de 1978

>> Biblioteca Nacional digital Brasil - Jornal de Recife (PE) - 27 de outubro de 1879

>> Biblioteca Nacional digital Brasil - Jornal de Recife (PE) - 16 de abril de 1882

>> Biblioteca Nacional digital Brasil - Jornal de Recife (PE) - 11 de julho de 1891

>> Biblioteca Nacional digital Brasil - A Provincia : Orgão do Partido Liberal (PE) - 26 de junho de 1901

>> Biblioteca Nacional digital Brasil - A Provincia : Orgão do Partido Liberal (PE) - 04 de julho de 1901

>> Biblioteca Nacional digital Brasil - Jornal do Commercio (AM) -  20 de dezembro de 1904

>> Biblioteca Nacional digital Brasil - Jornal do Commercio (AM) - 08 de abril de 1912

>> Boletim Cultural digital - O Marambiré - Ano I - Número 3 - 10 de março de 2011

>> Governantes de Goiás e símbolos estaduais

>> Lista geral dos estudantes matriculados na Faculdade de Direito do Recife nos anos de 1870 a 1879 

>> Lista geral dos estudantes matriculados na Faculdade de Direito do Recife nos anos de 1881 a 1887 

>> Lista geral dos bacharéis e doutores que tem obtido o respectivo grau na Faculdade de Direito do Recife, desde a sua fundação em Olinda, no ano de 1828, até o ano de 1931

>> Livro de Registro de diplomas de Doutores 1881 - 1894 - Acervo do Arquivo da FDR 

>> Sal Alenquerense - vultos Notáveis do Passado - Texto de Luiz Ismaelino Valente

>> Secretaria do Estado de cultura do governo do Estado de Goiás

>> SIMÕES, Fulgêncio Firmino. Município de Alemquér – Seu Desenvolvimmento Moral e Material e seu Futuro – Estudos históricos e geographicos. Belém-PA: Livraria Loyola, 1908, 200p.

>> VALENTE,  L.  I.  O  Grupo  Escolar  de  Alenquer.  Alenquer,  2009.   

Data da última modificação: 11/08/2021, 11:53