Nossa História
Commemorative Photo: Institute Collection
O LIKA foi criado em 1984, através de um acordo internacional entre os governos brasileiro e japonês, com um investimento inicial pela Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA) em um valor de US$ 15.000.000,00 (quinze milhões de dólares). Na época, o Prof. Keizo Asami da Universidade de Keio, e o renomado Prof. Aggeu Magalhães Filho, da UFPE, criaram um conjunto de laboratórios com o objetivo de estudar doenças tropicais no Nordeste do Brasil. O conjunto de Laboratórios foi inaugurado no dia 23 de abril de 1986, e em homenagem ao cientista japonês que faleceu antes da inauguração, a UFPE o denominou Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami - LIKA. Três anos após a sua criação, o LIKA foi transformado em órgão suplementar da UFPE por decisão do Conselho Universitário através da Resolução nº 01/89 de 06/04/89. Em outubro de 1990, foi inaugurado dentro do Hospital das Clínicas da UFPE o Setor de Pesquisas Clínicas do LIKA, habilitado para atuar nas áreas de endoscopia, ultrassonografia e radiologia.
Na primeira década de existência, o LIKA treinou pesquisadores e desenvolveu projetos, sempre utilizando da internacionalização na busca por ciência de qualidade em prol do bem-estar da população. Durante o período do termo de cooperação (1986 – 1992), foram treinados no Japão cerca de 70 pesquisadores da UFPE, enquanto 30 pesquisadores japoneses desenvolveram suas atividades no LIKA, solidificando a cooperação internacional. A primeira e relevante transferência de conhecimento gerado no LIKA para a sociedade foi o estudo clínico relacionado ao diagnóstico e tratamento da amebíase. Os pesquisadores japoneses durante sua permanência no LIKA demonstraram a existência de uma forma não patogênica de Entamoeba, hoje reconhecida como Entamoeba dispar, e revelaram ao lado dos pesquisadores brasileiros que, no Nordeste brasileiro, esta forma prevalecia sobre a forma patogênica causada pela Entamoeba histolytica.
Na segunda década de existência, o LIKA seguiu com a realização de pesquisas científicas de alto nível, sendo um destaque a colaboração com o Instituto de Pesquisas sobre Vacinas e Imunoterapia de Câncer e AIDS, da Universidade de Paris 5 - França, voltado aos estudos sobre a eficácia terapêutica de uma vacina para HIV-1 baseada em células dendríticas. Nesse projeto, dezoito pacientes cronicamente infectados pelo HIV-1, não-tratados, com cargas virais estáveis durante pelo menos 6 meses, foram imunizados com células dendríticas derivadas de monócitos autólogos carregados com HIV-1 inativados pelo alditriol-2. Os níveis de carga viral plasmática decresceram em média 80% após a imunização, e os resultados foram publicados na Nature Medicine em 2004. Além disso, o LIKA deu suporte à formação de recursos humanos em vários programas de pós-graduação, e concedeu apoio na criação de diversos núcleos de pesquisa, dentro e fora da UFPE, tais como:
- O Núcleo de Engenharia Metabólica da UFPE, por sua vez formado pelos Laboratórios de Genética de Microrganismos voltado aos trabalhos de modificação genética microbiana, e de Engenharia Metabólica com trabalhos de fisiologia microbiana, tendo como líder do Grupo e do Núcleo, o Prof. Dr. Marcos Antonio de Morais Junior.
- O Núcleo de Telesaúde (NUTES) da UFPE, em 2003, tendo sua origem com o primeiro projeto aprovado de Telemedicina associado a um hospital público (Hospital das Clínicas da UFPE).
- O Núcleo de Saúde Pública (NUSP) da UFPE, em 2005, que deu continuidade à ação da Agência de Cooperação Internacional Japonesa (JICA) após o encerramento do bem sucedido convênio que resultou na criação do LIKA. O Chefe e a Coordenadora da Missão Japonesa no LIKA, respectivamente, Prof. Dr. TATENO Seiki e a Srta. ROYAMA Harumi , foram fundamentais à implantação desta nova unidade da UFPE.
- O Núcleo de Pesquisas em Ciências Ambientais (NPCIAMB) inaugurado em 04 de novembro de 1998, atuando como parte da estrutura de pesquisa experimental da Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP), e tendo como coordenadora a Profa. Dra. Galba Maria de Campos Takaki.
- O Laboratório de Microscopia Eletrônica e Microanálise do Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (CETENE), criado em 2005 pelo Ministério da Ciência e Tecnologia.
- A Biofábrica Governador Miguel Arraes inaugurada em maio de 2006, vinculada ao CETENE/MCTI e situada na zona da Mata Sul de Pernambuco, teve suas atividades iniciadas ainda nas dependências do LIKA.
Na terceira década de existência do LIKA (2005 - 2015), ocorre uma ampliação das linhas de pesquisa do Laboratório trazendo parcerias com instituições nacionais, tais como Hebron, Genomika; além de internacionais como Fujirebio - Japan, Toshiba Medical (antiga Canon Medical) e NIID - Japan. O LIKA seguiu estimulando a formação de de núcleos e startups, tais como:
- A Biofábrica Governador Miguel Arraes inaugurada em maio de 2006, vinculada ao CETENE/MCTI e situada na zona da Mata Sul de Pernambuco, teve suas atividades iniciadas ainda nas dependências do LIKA.
- Health drone - startup criada para soluções baseadas no monitoramento de voos por veículos aéreos não tripulados, rotas semicontroladas e voos autônomos, com aplicação de Inteligência Artificial para reconhecimento de pontos de interesse.
Além disso, deu-se início a organização dos eventos para divulgação científica através da Jornada Científica do LIKA, ao qual se juntou o Simpósio Internacional de Diagnóstico e Terapêutica; e posteriormente o Simpósio Internacional sobre Doenças Raras. O engajamento de mais pesquisadores e o aumento no número de projetos de pesquisa propiciou a formação do Programa de Pós-graduação em Biologia Aplicada à Saúde (PPGBAS), iniciando em 2010 com os níveis de mestrado e doutorado formando profissionais em diferentes áreas, e com ampla inserção no mercado de trabalho, nacional e internacional. Esse cenário foi de grande importância para que o LIKA participasse diretamente de ações em resposta a eventos globais como a infecção pelo Zika virus, onde foi desenvolvido e validado um sistema de diagnóstico portátil baseado na tecnologia RT-LAMP capaz de determinar a presença do ZIKV em até 30 minutos, na amostra processada. Este trabalho, que contou com pesquisadores e estudantes, do LIKA e de instituições japonesas, foi publicado na Science Reports em 2017. No mesmo ano, uma aluna de doutorado ganhou um prêmio da revista científica Science, pelo desafio de popularização da ciência no “Dance your PhD”. As pesquisas do LIKA ganharam amplitude saindo dos limites da universidade para realização de ações no âmbito da saúde associadas a ONG Círculo do Coração de Pernambuco (CirCor) que desenvolveu ações de rastreio e acompanhamento de mães infectadas pelo ZIKV e crianças nascidas com microcefalia em cidades do estado da Paraíba.