GRID - Grupo Interdisciplinar de Pesquisa em Design da Informação Jornalística

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O design como indutor de inovações no jornalismo

Uma reflexão sobre o papel inovador do design nos projetos de jornalismo em novas mídias

No último dia 24/8, participei de uma reunião do grupo de pesquisa CCTE – Ciências Cognitivas e Tecnologia Educacional, a convite do Prof. Dr. Alex Sandro Gomes, do Centro de Informática (CIn), da UFPE. O grupo existe desde 2002 com pesquisas no âmbito do desenvolvimento e avaliação de ambientes, sistemas e interfaces educativas para ensino e aprendizagem.

Apesar de não ser o foco das discussões do grupo, aproveitei também para falar um pouco da experiência com a disciplina “Design de Interfaces”, no DCOM; e de algumas ideias sobre a infografia e visualização de dados, áreas importantes também para o desenvolvimento de tecnologias educacionais.

Um dia antes da reunião, topei com uma declaração de Sérgio Peçanha, editor de gráficos do NYTimes, na qual afirmou (há 4 anos) ser a infografia como elemento de diferenciação e inovação no jornalismo. E pelas experimentações ocorridas nos últimos anos pelas grandes redações, acredito que continua sendo, principalmente no jornalismo digital.

No mundo, existem muitos exemplos tirados do Washington Post, do New York Times, do Los Angeles Times, do NPR (vocês podem acompanhar os premiados do SND Digital), entre outros conglomerados de mídia com seus departamentos de inovação e valorização do jornalismo de dados. No Brasil, há algumas poucas iniciativas vindas da Folha, do Estadão e de O Globo. Estes últimos, mantém pequenas equipes de jornalismo de dados.

Porém, numa situação de crise do jornalismo (que parece nunca mais terminar), das crises de formatos, das fontes de receita, das demissões, quem ainda mais tem interesse em investir em inovação? Em experimentar? Em correr riscos? Quando falo de um pólo de tecnologia como um Porto Digital, que jornal local está disposto a criar esse diálogo? E quando entra mais um ator como a universidade? São questionamentos fazemos diante de um meio que acaba por não se aproximar do outro e vice-versa.

Independente disso, percebo ao menos três situações, quando falamos dos inovadores projetos de visualização de notícias utilizados atualmente pelos veículos on-line, e que precisam ser ajustados e acabam por não realizar a tal convergência midiática que tanto tratamos hoje, quando se trata especificamente do design:

  1. existem grandes narrativas de visualização de reportagens especiais multimídia, reparadas especificamente para ser vistas no desktop, mas que não funcionam bem em dispositivos móveis como smartphones e tablets (temos o famoso Snow Fall do NYT, que pouco pode ser aproveitado na pequena tela do celular);
  2. são poucas as iniciativas de expansão para outros meios das publicações autóctones, ou seja, de produtos feitos exclusivamente para tablets;
  3. os projetos de visualização de dados que são pensados para o papel pelas editorias de bancos de dados, poucos de preocupam em fornecer uma versão interativa para o digital – ainda reforçando o papel como o líder do quarteto midiático e contradizendo a ideia de “mobile first”.

Na reunião, ficou clara a necessidade de se criar sistemas que facilitassem o trabalho na criação de plataformas mais visuais dentro das redações. Os sistemas de gerenciamento de notícias ainda são muito textuais, herdam a tradição do antigo jornalismo, pouco visual e mais textual. Ainda custa tempo criar uma grande visualização e é algo custoso principalmente nos jornais diários, que precisam mobilizar grandes equipes de profissionais para fornecer esse tipo de criação.

Também fica claro a necessidade do jornalista em lidar com dados, e também do pesquisador em entender outras formas de análise que partem do campo da Ciência da Informação, como a análise de sentimento, mineração de links, métodos quantitativos e mais dinâmicos para a geração de visualizações que podem ser interessantes para o jornalismo de dados.

Mudanças como essas requerem a implementação do processo de inovação nas redações. E também nas grades curriculares dos cursos de Comunicação. A inovação, segundo o professor e pesquisador Elias Machado (ver atas do II Ciberpebi), ocorre quando há mudança nas técnicas, tecnologias, processos, linguagens, formatos, equipamentos, dispositivos e aplicações, valores ou modelos de negócios, para dinamizar e potencializar a produção e o consumo das informações jornalísticas. E a infografia e a visualização de dados chegaram para potencializar mais ainda o jornalismo digital.

E o grande desafio (questionado pelo Prof. Alex Sandro): como levar o “big data” numa situação em que mais pessoas acessam notícias nas pequenas telas dos dispositivos móveis?

Data da última modificação: 13/11/2017, 09:36

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