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UFPE: há 60 anos formando gerações
07/08/2006 11:32 Roberto Pereira
Roberto Pereira/ex-secretário de Educação de Pernambuco
Remontam à Idade Média, as universidades, diversas delas na Europa, com centenas de anos, conquanto no Brasil germinassem tardiamente, contextualizando-se somente no século 20. Ao visitar a Universidade de Salamanca, Elaine, minha esposa, sentiu a força dessa tradição quando soube que Cristóvão Colombo havia estudado naquela instituição.
Na Universidade de Oxford, na Inglaterra, eu e Elaine – vale a digressão –, lemos, à entrada, o seguinte verso de aluno desconhecido: "Quanto mais estudo / quanto mais sei. / Quanto mais sei / quanto mais esqueço. / Quanto mais esqueço / quanto menos sei. / Para que estudar?".
A nossa elite, durante o período colonial, estudava nas terras lusitanas, especialmente na Universidade de Coimbra, cujo ambiente de estudos e de saberes diversos, pude sentir, por duas vezes, num especial cometimento espiritual.
Sabemos que em 1911 nasceram, na teoria, as Universidades de Manaus, de São Paulo e do Paraná, que apenas puseram em prática alguns cursos. Entretanto, somente em 1920 foi criada a primeira universidade brasileira, a Universidade do Rio de Janeiro, hoje, a Universidade do Brasil (UFRJ), que agregava as escolas superiores, já com alguma tradição, a de Medicina, a Politécnica e a de Direito, autônomas, mas interagindo muito pouco entre si, prejudicando o espírito aglutinador de que tanto se espera de uma universidade.
Essa primeira universidade surgiu 420 anos após o descobrimento do Brasil, 98 anos depois de nossa independência, revelando-nos pouca preocupação com o conhecimento.
Ela surgiu estigmatizada pela lenda de que o seu nascimento se deu apenas para oportunizar a outorga ao rei da Bélgica, quando de sua visita ao Brasil, do título de doutor honoris causa, daí, por conseqüência, recebendo o apelido de "universidade para belga ver".
Como agremiação integrada, somente em 1934 nascera a universidade de São Paulo (USP), num cenário de grande inquietação e de mutações políticas, sociais e culturais. A essa universidade paulistana tive a honra de, convidado pelo professor Wilson Rabahy, fazer uma visita, tendo participado de um debate com os estudantes por ocasião do almoço que se presta a esse conclave, quando da presença de um ou mais visitantes.
Um dos fundadores da USP foi o jornalista Júlio Mesquita, que invocava ser lá um espaço às vocações do pensamento cognitivo e que a ciência fosse estudada por amor à ciência. E mais: que o espírito de investigação científica dominasse todos os espíritos.
Agora, as nossas universidades estão democraticamente abertas à consecução de debates em torno das idéias, lendo o mundo e discutindo as tendências da economia em tempos de globalização, apesar das agruras do sistema educacional e da sociedade como um todo, Cabendo-lhes o dever de atuar para servir às duas: à educação e à sociedade.
Portanto, é cada vez maior o desafio das universidades nos dias atuais, sobretudo pelo cotidiano de inquietação criadora. Uma universidade, se fiel à sua missão, teria que gravitar no epicentro do nosso destino. Ortega y Gasset, no seu ensaio Misión de la Universidad, salienta que a universidade em tudo está. Não se restringe à ciência; não se exaure no conhecimento; não se esgota na cultura. Ela tem que estar submersa, enfatiza Gasset, na plena atualidade.
A nossa Universidade Federal de Pernambuco, criada em 11 de agosto de 1946, sexagenária, está consciente desses desafios e da plural ação a desempenhar de forma ativa e participativa.
Pude sentir essa pujança na audiência que tive com o atual reitor, o professor Amaro Lins. Ele tem sabido transmitir aos seus liderados essa responsabilidade e o inevitável compromisso de interagir a Instituição com o desenvolvimento regional.
A grandiloqüência da UFPE não está apenas no complexo educacional que forma o seu mosaico. Vai da TV Universitária ao Hospital das Clínicas; da Editora Universitária à Fade; do Memorial de Medicina ao seu campus universitário; da Faculdade de Direito às demais instituições de ensino, um conglomerado que muito distingue a inteligência pernambucana.
A magnificência do atual reitor não parece estar no ritual do poder. Senti na sua energia e empatia pessoal quão animado ele se apresenta para vencer os desafios por superar. Pelo andar da carruagem, para gáudio dos pernambucanos, vencerá como vitoriosos estão os que o precederam na galeria dos ex-reitores, cada qual vivendo o seu tempo e as suas circunstâncias.
Publicado no Diario de Pernambuco em 1º de agosto de 2006
Date of last modification: 31/10/2016, 11:34
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