- UFPE/
- Institucional/
- Orgãos Suplementares/
- Complexo de Convenções, Eventos e Entretenimento/
- Cinema/
- Programação/
- Programação de 13 de setembro até 22 de setembro - Mostra A Vida Gestual das Vozes
Programação Programação
Programação de 13 de setembro até 22 de setembro - Mostra A Vida Gestual das Vozes
A tese de doutorado de Daniel de Andrade Lima "A Vida Gestual das Vozes" dá título à mostra de cinema musical que acontece entre os dias 13 e 22 de setembro no Cinema da UFPE que conta com curadoria dos professores do Departamento de Comunicação (DECOM) Angela Prysthon, Thiago Soares e do próprio Daniel de Andrade Lima, com apoio de León Pessoa e Montez Oliveira.
Alegria, Alegria... Utopia, Utopia...
Sempre que tenho que falar sobre o musical numa aula ou num artigo, retorno ao teórico inglês Richard Dyer e seu texto “Entertainment and Utopia” (Entretenimento e Utopia), de 1977, onde ele buscou definir o musical (em especial o musical hollywoodiano) tanto como gênero (estando implicadas as convenções que vão caracterizá-lo como tal), como também a partir das repercussões e impactos que esse gênero como visão de mundo tem na sociedade. O ponto de partida é aproximação do conceito de entretenimento ao de utopia:
“Duas das descrições do entretenimento tidas como certas, como “fuga” e “realização de desejos”, apontam para o seu impulso central, nomeadamente, o utopismo. O entretenimento oferece a imagem de “algo melhor” para onde escapar, ou algo que desejamos profundamente e que nossa vida cotidiana não oferece. Alternativas, esperanças, desejos – estes são o material da utopia, a sensação de que as coisas poderiam ser melhores, de que algo diferente do que é pode ser imaginado e talvez realizado.” (Dyer, 2002, 20)
A intenção de Dyer ao fazer essa aproximação é justamente delinear o potencial político do musical, é repensar o entretenimento como uma força capaz de (paradoxalmente) ser crítica a si mesma. Ou seja, o mundo sonhado, proposto e materializado pelos musicais empreende uma crítica ao mundo real, traz uma alternativa a esse mundo.
A mostra “A vida gestual das vozes”, curada por mim, Daniel Andrade Lima e Thiago Soares, com o apoio de Leo dos Santos Junior e do DACINE tenta dar conta dessa dimensão utópica implicada no conceito de musical de Dyer. Vamos passear pelos clássicos: desde “As cavadoras de ouro”, passando pelo “Picolino”, “Cantando na Chuva”, “O Pirata”, “A noviça rebelde” até chegar na utopia hippie de “Hair”. Mas a mostra também quer ampliar e esgarçar o musical.
Primeiro, na sua dimensão geográfica, trazendo para o Cinema da UFPE exemplos de musicais que vão além da sua expressão hegemônica norte-americana: Brasil, França, Índia vão ser paradas obrigatórias na nossa alegre viagem: Chico Buarque e sua “Ópera do Malandro”, Cazuza e sua “Bete Balanço”. A utopia melancólica do interior da França de Jacques Demy. A viagem transnacional de “Noiva e preconceito”, levando Jane Austen para Amritsar e Goa, na Índia. Vamos percorrer também lugares mais inesperados como a Polônia de “A atração” e a América de Lars Von Trier, que na realidade foi filmada na Dinamarca. Aliás, esses dois últimos filmes e a “Sinfonia da Necrópole” apontam para uma espécie de rasura da utopia indicada por Dyer. Se em “Duas garotas românticas” e “Canções de amor” já estava explícita a relação íntima entre o gênero musical e lampejos de melancolia e tristeza, esses três filmes trazem mais enfaticamente a morte e a violência para o centro do espetáculo, demonstrando que o musical é um gênero cinematográfico afeito ao paradoxo e à complexidade.
Outro aspecto que queremos ampliar do musical é sua natureza política. Que desde sempre aparece, obviamente. Como é o caso de “As cavadoras de ouro”, que traz à tona tensões de política de gênero (aí de gênero de identidades sexuais) e de classe, tendo como horizonte a Grande Depressão americana dos anos 30. Mas que vai estar sublinhada em “Carmen Jones” (com a realização de um filme com um elenco todo negro); “A ópera do malandro” (como não poderia ser diferente a partir da inspiração brechtiana); “Golden Eighties” (que vai misturar temas como consumismo, feminismo e identidade judaica através das lentes de um shopping center); “Sympathy for the Devil” (e sua aliança com os Panteras Negras); e “Hair” (com sua visão crítica sobre a sociedade americana e sobre a Guerra do Vietnã).
Ainda que haja uma predominância masculina num gênero que foi historicamente associado ao público feminino, foi também intencional nossa busca por destacar as mulheres. Tanto as performers, ícones da atuação e da música: Julie Andrews, Björk, Deborah Bloch, Catherine Deneuve, Judy Garland, Claudia Ohana, Elba Ramalho, Ginger Rogers, Meryl Streep; como as realizadoras: Chantal Akerman, Gurinder Chadha, Phyllida Lloyd, Juliana Rojas e Agnieszka Smoczynska. E ainda nos temas referidos nesse conjunto de filmes: coristas, aspirantes a pop star, freiras e noviças, sereias vampiras, mães e filhas, entre muitas outras. Queremos ressaltar os corpos dançantes, as vozes do tempo, os olhares e ouvidos que compuseram esse conjunto: Gene Kelly e Fred Astaire, Ginger e Fred, Vincent Minelli e Stanley Donen; Jacques Demy e Michel Legrand; Chico Buarque e Ruy Guerra, Rogers e Hammerstein, Bob Fosse e George Benson, Godard e os Rolling Stones, Busby Berkeley, a era de Aquarius, Abba, Cazuza e Björk. Sem esquecer nos pequenos fragmentos do mundo e da música trazidos pelos interlúdios dos videoclipes e trechos de filmes que tiveram por objetivo complementar nossa visão sobre o musical como modo de ver e de estar no mundo. Queríamos mostrar muito mais, mas nas limitações do tempo e do espaço acreditamos que essas escolhas podem ajudar numa visão panorâmica, mas ao mesmo tempo criar as condições de um mergulho mais profundo...
Angela Prysthon
Membro da Comissão Curadora e Curadora da Mostra
A tese de doutorado de Daniel de Andrade Lima "A Vida Gestual das Vozes" dá título à mostra de cinema musical que acontece entre os dias 13 e 22 de setembro no Cinema da UFPE que conta com curadoria dos professores do Departamento de Comunicação (DECOM) Angela Prysthon, Thiago Soares e do próprio Daniel de Andrade Lima, com apoio de León Pessoa e Montez Oliveira.
A tese de Daniel de Andrade Lima debate as trocas gestuais entre vozes e coreografias na cultura midiática, encenando possibilidades analíticas que passam pelo estudo do corpo nas mídias em suas múltiplas aparições. A pesquisa contou com bolsa integral de doutorado da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e também com bolsa doutorado sanduíche da mesma CAPES na University of Liverpool, sob a supervisão da profa. Dra Freya Jarman-Ivens.
Daniel de Andrade Lima desenvolveu a tese "A Vida Gestual das Vozes" no Grupo de pesquisa em Comunicação, Música e Cultura Pop (Grupop/ CNPq) e é um dos criadores do Simpósio Popfilia, atua como professor e realizador nos campos da Dança, Teatro, Performance e Audiovisual.
PROGRAMAÇÃO
Quarta (13/09) - Gene Kelly: A Musica Tomando o Corpo
14h - Cantando na Chuva
17h - O Pirata
Quinta (14/09) - Serepidades Músicais
14h - Duas Garotas Romanticas
17h - Hair
Sexta (15/09) - Quando o Plano Dança
14h - Dançando no Escuro
17h - A Noviça Rebelde + Debate
Segunda (18/09) - Saindo em Disparada
13h - O Picolino
15h - Cavadoras de Ouro
17h - A Opera do Malandro
Terça (19/09) - Quem Canta Seus Males Espanta
13h - Noiva e Preconceito
15h - Bete Balanço
17h - Hairspray
Quarta (20/09) - Politicas da Musica
14h - Carmen Jones + Debate
17h - Symphathy for The Devil
Quinta (21/09) - Entre o Palco e a Rua
13h - Golden Eighties
15h - O Show Deve Continuar
18h - Cançãoes de Amor
Sexta (22/09) - Corpos, Sereias e Loiras
13h - Sinfonia da Necropole
15h - A Atração
18h - Sessão Cante Conosco - Mamma Mia!
Haverá exbição de videoclipes e clipes musicais antes de cada sessão.
EXPEDIENTE
Diretora do Complexo de Convenções, Eventos e Entreterimento
Mariana Brayner
Comissão Curadora do Cinema UFPE
Alex Giuliano
Andre Antonio
Angela Prysthon
Bruno Nogueira
Julia Estefany
Leônidas Júnior
Mariana Brayner
Lucca Nicoleli (membro suplente)
Curadoria e Programação da Mostra
Angela Prysthon
Daniel Lima
Thiago Soares
Projeção e Apoio Tecnico
Leônidas Junior
Apoio Discente
Gustavo Rafael
Montez Oliveira
Taina Brasileiro
Wandryu Figueiredo
Folders, Arte de Programação e Video da Mostra
Montez Oliveira
Estagiaria de Comunicação
Samara Cristine