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Dr. Joaquim Maria Carneiro Vilella

Quadro do Dr. Joaquim Maria Carneiro Vilella - Templo Cultural Delfos
 

Dr. Joaquim Maria Carneiro Vilella, foi um autor de muita versatilidade, transitou pelo Direito, jornalismo, pintura, maçonaria e pela escrita literária e foi autor do renomado romance A emparedada da Rua Nova, escrito em folhetins entre 1909 e 1912. 

Conforme mencionado na certidão de idade de 1862, que Joaquim Maria Carneiro Vilella, era filho legítimo do Dr. Joaquim Vilella de Castro Tavares  e de Dona Maria Madgalena Carneiro Rios Villela, nasceu em 09 de abril de 1846 e foi batizado na freguesia de São José do Recife, de licença do Excelentíssimo e Reverendíssimo Senhor Bispo Diocesano pelo Reverendo Francisco Muniz Tavares aso 08 de dezembro de 1846, sendo padrinho o Tenente coronel Francisco Carneiro Machado Rio e sua mulher Dona Cândida Theresa Vilela Rios. Neto paterno de Jerônimo Vilella Tavares e Rita Maria Theodora de Castro Tavares e e neto materno de Francisco Carneiro Machado Rios e Cândida Tereza Vilela Rios. 

Seu pai Dr. Joaquim Vilella de Castro Tavares, foi lente da Faculdade de Direito do Recife, exerceu cargos políticos de destaque como a presidência da província do Ceará, foi deputado geral e provincial, nomeado pelo Imperador D. Pedro II com a mais alta condecoração do Império – oficial da Ordem da Rosa. 

Em 11 de março de 1858, foi dolorosamente surpreendido com a notícia de haver falecido seu pai Joaquim Vilella de Castro Tavares, aos quarenta e dois anos de idade. Aos 12 anos, Carneiro Vilella passou a viver com a mãe na casa de seus avós, no solar do sítio Piranga, freguesia de Afogados. A morada – onde residiu em seus primeiros anos e onde no futuro viria a falecer.

E seu avô, o tenente-coronel da Guarda Nacional, quem vai, antes mesmo que ele complete quinze anos, interná-lo no Colégio Benfica, nome da rua em que se localizava o estabelecimento (hoje Paissandu), bem cedo começou a estudar os preparatórios para a matrícula nos cursos superiores da época. 

Segundo consta na Lista geral dos estudantes matriculados na Faculdade de Direito do Recife, ingressou no curso de Ciências Jurídicas e Sociais em 1862, após ter sido aprovado nos exames preparatórios.

Aos 19 anos uniu-se em casamento com a italiana naturalizada brasileira Margarida Iria Bruno, que tinha apenas 14 anos. O casamento aconteceu no dia 07 de outubro de 1865 no Solar do Sítio Piranga, localizado no atual bairro de Afogados e tiveram seis filhos. 

E no Livro de Registro de diplomas de bacharéis (1858 - 1881), menciona que seus estudos foram concluídos na Faculdade de Direito do Recife, em 21 de novembro de 1866 e foi aprovado plenamente - aos 20 anos de idade.

A “América Ilustrada”, por ele fundada e dirigida e onde se desabrocharam as primícias de seu espírito, data dos tempos acadêmicos.

Carneiro Vilella foi romancista, novelista, conteur, poeta, dramaturgo, caricaturista, paisagista, cenógrafo, ele era sempre um artista que conhecia o terreno em que pisava Desde cedo demonstrou ter aptidões literárias e artísticas. Era um homem politizado e, em muitas ocasiões, demonstrou ser um ferrenho abolicionista. O exemplo disso é que, quando sua mãe faleceu, alforriou os escravos que herdara.

Era um homem interessado pelos rumos políticos do Brasil e, sempre que possível, fazia-se presente nas sessões da Assembléia Legislativa de Pernambuco para escutar os debates e discorrer sobre eles em seus artigos de jornais.

Fez parte da "A Escola do Recife", movimento que surgiu em 1870, e que trazia idéias revolucionárias em Filosofia, Direito e Literatura.

Ocupou o cargo de juiz Municipal da cidade de Natal, Rio Grande do Norte (1866), foi Chefe da Secção da Secretaria do Estado do Pará (1878) e Juiz substituto de Niterói, Rio de Janeiro (1879).

Fundou o Jornal Oriente (RN, 1866), de propaganda maçônica, A América Ilustrada(1871), junto com José Caetano da Silva – que tinha o dever moral de alertar aos seus leitores os desmandos que aconteciam em Pernambuco –, e o Jornal da Tarde (PE, 1875), o primeiro jornal vespertino da cidade do Recife. É no América Ilustrada que publica sua primeira novela em folhetim. Colaborou no Diário de Pernambuco, Jornal do Recife e fez parte do Corpo redacional do Correio do Recife e da Província, que se tornou depois colaborador, bem como do Jornal Pequeno. Foi no Jornal Pequeno que, entre os anos de 1909 e 1912, escreveu o seu romance mais famoso A emparedada da rua Nova. A emparedada da Rua Nova, provocou tanta polêmica na época, que pensou-se posteriormente tratar-se de um caso verídico, entre a sociedade recifense, o dramático caso narrado no livro. Um abastado comerciante, Jaime Favais, enganado pela mulher e enlouquecido pela gravidez da filha solteira, lava com sangue e desvario a sua "honra".  

O seu primeiro livro data de 1872 e intitulava-se As margaridas, escolhida coleção de bom verso filiado ao lirismo. Fez sucessivamente a publicidade: - Menina de lutos, Noivados originais, O esqueleto, Inah, Três crônicas, Noêmia, os mistérios do Recife, os mistérios da rua Aurora, A gandaia, Um drama íntimo, era maldita, quase todos romances.

Fez representar os seguintes dramas, comédias e operetas de sua lavra:  Gabriella, quatro anos depois, Soberba, Avareza, Maçons e jesuítas, Brasil e Paraguai, Perola, Princesa do Catete, Amor na China, quando elas querem, A Bertolesa e alguns outros.

Como funcionário público, exerceu os cargos de Juiz municipal de Natal - 1866 (Rio grande do Norte), Juiz substituto em Niteroy – Rio de Janeiro - 1879, chefe da secretária do governo do Pará – 1878 e na República.

Em 11 de março de 1891, nesta Faculdade de Direito do Recife, perante o Dr. José Joaquim Seabra – diretor da Faculdade, apresentaram o Bacharel José de Freitas Moraes Pinheiro; Bacharel Carlos Ferreira Porto Carreiro; Bacharel Manoel Cicero Peregrino da Silva; Bacharel Joaquim Maria Carneiro Vilella; Bacharel Estevão de Sá Cavalcante de Albuquerque; Antônio de Lucena da Motta Silveira; Manoel Arthur Muniz e Joaquim Teixeira Peixoto, para tomar posse: o primeiro do lugar de Lente de Francês, o segundo da cadeira de História Universal do curso Anexo a esta Faculdade; o terceiro do lugar de subsecretário; o quarto de Bibliotecário; o quinto do de sub-bibliotecário; o sexto e sétimos dos de amanuenses da secretária e o último do de guarda da Biblioteca.

A 26 de janeiro de 1901, fundou, ao lado de Arthur Orlando, Carlos Porto Carreiro, Alfredo de Carvalho e outros, a Academia Pernambucana de Letras, ocupando a cadeira nº 8, patrocinada por Joaquim Vilella, seu pai.

Um insulto de congestão cerebral em 1903 proximamente, prejudicou algum tanto sua poderosa cerebração e admirável energia. E a idade e um segundo ataque iam, porém, aos poucos minando-lhe a existência.

No dia 1º de julho de 1913, aos 67 anos, faleceu o Dr. Carneiro Vilella, no Sítio Piranga, na Rua São Miguel, no bairro de Afogados, em decorrência de um acidente vascular cerebral. Seu sepultamento doi no cemitério de Santo Amaro, na catacumva numero 8 da irmandade da Soledade, Boa vista.
 
 Fontes consultadas

>> Anais do SILEL. Volume 3, Número 1. Uberlândia: EDUFU, 2013. - TRAJETÓRIA DE UM FOLHETINISTA: CARNEIRO VILELLA, IMPRENSA E LITERATURA Mirella IZÍDIO Universidade Federal de Pernambuco 
 

>> Biblioteca Nacional Digital Brasil  A Provincia : Orgão do Partido Liberal (PE) - 03 de julho  de 1913
 

>> Biblioteca Nacional Digital Brasil  Almanach de Pernambuco (PE) - 1914

>> Livro de certidão de idade de 1862 - Joaquim Maria Carneiro Vilella -  - Acervo do Arquivo da FDR   
>> Lista geral dos estudantes matriculados na Faculdade de Direito do Recife nos anos de 1860 a 1869

>> Lista geral dos bacharéis e doutores que tem obtido o respectivo grau na Faculdade de Direito do Recife, desde a sua fundação em Olinda, no ano de 1828, até o ano de 1931 

>> Lista com os nomes dos Professores Catedráticos da Faculdade de Direito do Recife - FDR - 1828 - 1960

>> Relatório do Livro de Registro de diplomas de bacharéis (1858 - 1881) -  - Acervo do Arquivo da FDR   
 

>> Teles de Faria, Joaquim - “Intermidialidade em Amores roubados de George Moura: uma adaptação baseada no romance A emparedada da Rua Nova de Carneiro Vilela”. / Joaquim Teles de Faria; orientador Professor Doutor Sidney Barbosa. -- Brasília, 2019. 167 p. 
 

>> Templo Cultural Delfos - 100 ANOS SEM JOAQUIM MARIA CARNEIRO VILELLA

Data da última modificação: 13/04/2022, 18:45