Pesquisa Pesquisa

Voltar

Telhado Verde diminui efeitos das ilhas de calor em Caruaru

Segundo o autor, o telhado verde atua positivamente no clima da cidade e da região, diminuindo os efeitos das ilhas de calor e estufa

Por Fabson Gabriel 

Aplicada no semiárido nordestino, a tecnologia do telhado verde apresenta capacidade de 86% de retenção de água, com a utilização da vegetação coroa-de-frade e de 75% com babosa. O estudo da dissertação “Tecnologia alternativa em drenagem urbana: Telhado Verde”, defendida no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil e Ambiental do Centro Acadêmico do Agreste (CAA) da UFPE, pelo mestre Thomas Fernandes da Silva constatou, também, que “ocorreu um retardo no pico de vazão de até 14 minutos em telhados verdes feitos com babosa, em relação ao telhado convencional. E possui um retardo de até 21 minutos no telhado verde de coroa-de- frade, em relação ao telhado tradicional”.

O estudo, que foi defendido no mês passado, sob orientação da professora Sylvana Melo dos Santos, teve a finalidade de investigar a funcionalidade de um telhado verde instalado no município de Caruaru (a 135 quilômetros do Recife), com relação à capacidade de retenção da vazão da água provinda das chuvas, e avaliar o tratamento da água do telhado pelo sistema de filtração de areia. “O filtro compreende um arranjo de conexões e materiais filtrantes, areia com diferentes tamanhos dos grãos, utilizados para a redução de poluentes resultante da passagem da água com fluxo descendente pelo conjunto”, explica o pesquisador.

A TECNOLOGIA | O telhado verde consiste na aplicação de vegetação sobre casas, prédios e edifícios e seu uso exige a implantação de drenagem e impermeabilização adequada para não prejudicar a estrutura. Segundo a pesquisa, os telhados verdes apresentam-se como alternativas para minimização dos problemas decorrentes de alagamentos e contribuem positivamente para o melhor desempenho dos sistemas de drenagem. “O telhado verde atua positivamente no clima da cidade e da região, diminuindo os efeitos das ilhas de calor e o efeito estufa, proporcionando o aumento de áreas verdes urbanas”, pontua Thomas.

A ferramenta retém parcela significativa da chuva, o que retarda o tempo de pico e diminui o volume original de água que escoa dos telhados e vai para o sistema de drenagem, contribuindo para minimizar os problemas de inundações e alagamentos em áreas urbanas. Esse tempo de pico é o tempo necessário para a vazão atingir o seu valor máximo. Logo, quanto menor o tempo de pico maior será a probabilidade de ocorrer inundações nas áreas urbanas. E o município de Caruaru, no Agreste pernambucano, apresenta vários problemas de alagamentos e inundações que ocorrem nos períodos de chuvas intensas. Daí, segundo o pesquisador, “ser de fundamental importância analisar
o comportamento do telhado verde em condições climáticas locais”.

METODOLOGIA | Para investigar o desempenho do telhado verde, foram instaladas unidades experimentais numa laje de uma edificação existente, contendo dois banheiros e um quarto de aproximadamente 4 m² para cada ambiente. Os telhados verdes foram implantados na laje dos banheiros e, no outro ambiente, permaneceu o telhado convencional para controle. O substrato do telhado verde com babosa foi composto de areia, argila e húmus de minhoca. O substrato do telhado verde com coroa-de-frade foi composto de areia, argila e terra preparada com esterco bovino. Ambos os telhados verdes tiveram espessura de 12 centímetros de substrato. “Antes de realizar a impermeabilização do telhado verde fizemos uma inspeção na laje e identificamos fissuras e trincas na superfície e, posteriormente, reparamos com aplicação de argamassa”, detalha.

No experimento, a água escoada dos três telhados foi direcionada aos tonéis de captação por meio de tubos de PVC instalados junto às muretas de contenção do substrato, na parte baixa da edificação. Para cada telhado, existiu um tonel específico para armazenamento e posterior cálculo de informação. Para explicar o procedimento de determinação da capacidade de retenção e escoamento dos telhados, o pesquisador simulou uma chuva sobre os telhados com uma determinada quantidade de água e com a intensidade controlada de 26 mm/h, adotando o tempo de duração da chuva artificial de 60 minutos, e na realização de registro do nível de água nos tonéis de captação simultaneamente.

Segundo a dissertação, o volume de água escoada dos telhados foi medido a partir da leitura dos tonéis, em consequência da entrada de água e aferido a partir de um contador de água conectado aos tonéis. Na pesquisa, a água filtrada pelos telhados verdes apresentou valores de magnésio, sulfato, fósforo e potássio acima dos valores máximos aceitáveis para a água ser destinada à irrigação, mas, após passar pelos filtros, constatou-se que ocorreu uma redução nos valores de fósforo para ambos os efluentes de forma que estes valores ficassem abaixo do valor máximo aceitável para o uso na plantação. Sobre a implantação do telhado verde, o pesquisador recomenda escolher as vegetações típicas da região onde será implantada a tecnologia, "pois estão mais adequadas ao clima local". Ele destaca ainda que se deve escolher vegetações que apresentem menor custo de implantação e menor necessidade de manutenção periódica.


Mais informações

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil e Ambiental da UFPE
(81) 2103.9179
ppgecam.caa@ufpe.br | ppgecam.caa@gmail.com

Thomas Fernandes da Silva
thomasfernandes1@hotmail.com

Data da última modificação: 21/09/2017, 17:11