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Egressa do mestrado em Educação da UFPE publica artigo sobre acompanhamento pedagógico hospitalar a crianças alfabetizandas com câncer

O artigo ser originou do TCC de Emanuelle Ferreira

Por Petra Pastl

A pesquisadora Emanuelle da Silva Ferreira, egressa do mestrado do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGedu) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), publicou o artigo “Acompanhamento pedagógico hospitalar a crianças com câncer em processo de alfabetização”, junto com a professora Ana Cláudia Rodrigues Gonçalves Pessoa, do curso de Pedagogia e do PPEedu, no periódico “Educação em Revista”, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que possui o conceito Qualis A1 da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O artigo se originou do trabalho de conclusão de curso (TCC) de Emauelle Ferreira, do curso de Pedagogia, no CE, orientado pela docente.

O estudo de cunho qualitativo foi realizado em uma classe hospitalar no setor de Oncologia de um hospital público do Recife, e os dados foram coletados por meio de observações e entrevistas. Através da pesquisa, foi possível constatar que o acesso à Pedagogia Hospitalar proporciona à criança e ao adolescente em situação de hospitalização, não só a continuidade do processo de escolarização, mas oferece perspectiva de futuro, contribui para a tão almejada cura e para o prosseguimento de projetos de vida. Entretanto, Emanuelle Ferreira ressalta a necessidade do desenvolvimento de novas pesquisas que visem contribuir com a continuidade do processo ensino-aprendizagem das crianças em tratamento, em especial às que estão em processo de alfabetização.

No seu artigo, a pesquisadora lembra que o processo de alfabetização de crianças no Brasil é marcado por diversos desafios, e, além disso, há um grupo específico que enfrenta ainda mais dificuldades: as crianças em tratamento de câncer. O afastamento da rotina escolar e as limitações físicas causadas pelo tratamento afetam significativamente o desenvolvimento educacional dessas crianças.

No entanto, a Pedagogia Hospitalar surge como uma alternativa para dar continuidade ao processo de ensino-aprendizagem durante o período de internação. Através de duas metodologias, a Hospitalização Escolarizada e a Classe Hospitalar, é possível oferecer um acompanhamento pedagógico personalizado, levando em consideração as necessidades e particularidades de cada aluno.

A Hospitalização Escolarizada consiste em uma abordagem individualizada, que considera o contexto específico do estudante enfermo e o seu grau de escolaridade. Nessa modalidade, é estabelecida uma proposta pedagógica personalizada, com o auxílio da professora da turma regular em que o aluno está matriculado. Essa interação entre a escola de origem e a professora do hospital permite a continuidade do processo de ensino-aprendizagem, mesmo em um ambiente diferenciado.

Já a Classe Hospitalar funciona de maneira semelhante às salas de aula regulares, porém em um ambiente hospitalar. Com turmas multisseriadas, são intercalados momentos de ensino dos conteúdos regulares com atividades lúdicas e brincadeiras, que também são fundamentais para o desenvolvimento educacional e social das crianças.

Segundo a pesquisadora, a publicação do artigo na “Educação em Revista” foi uma conquista importante, principalmente por não haver muitos estudos publicados sobre o tema. “Publicar o artigo em uma revista tão renomada simboliza uma conquista extremamente relevante para a temática, diante da imensa carência de estudos que abordam o processo de escolarização das crianças com câncer. Ressaltamos a urgência que existe em torno do surgimento de novas pesquisas em prol da Pedagogia Hospitalar, da propagação do acompanhamento pedagógico e da criação de políticas públicas que ponham em prática os aportes legais. Dessa forma, que sejam de fato assegurados os direitos, em âmbito nacional, estadual e municipal. Torna-se imprescindível que nós enquanto sociedade, lutemos para reivindicar a efetivação dessas garantias”, explica.

A Lei 13.716, sancionada em 2018, é um importante marco legal que garante a continuidade do processo de escolarização das crianças em tratamento domiciliar ou hospitalar. No entanto, é fundamental que haja uma maior disseminação das informações sobre essas leis e a efetivação de políticas públicas que assegurem a aplicação adequada dessas medidas. É necessário unir esforços para que a educação seja uma realidade acessível a todos, independentemente do contexto de saúde em que se encontram.

Resumo

O presente estudo tem como objetivo geral analisar o acompanhamento pedagógico hospitalar realizado no setor de Oncologia de um hospital público do Recife no que se refere às crianças em processo de alfabetização. Os objetivos específicos são verificar o conhecimento dos pais e professoras da Oncologia sobre as leis que asseguram a continuidade do processo ensino-aprendizagem no ambiente hospitalar; analisar se e como ocorre a relação entre a escola e as professoras da Oncologia no processo de alfabetização das crianças; averiguar as ações do pedagogo no atendimento hospitalar no setor de oncologia. Realizamos pesquisa com abordagem qualitativa utilizando como ferramentas a coleta de dados, observações e entrevistas semiestruturadas. Através do estudo, foi possível constatar que o acesso à Pedagogia Hospitalar proporciona à criança e ao adolescente em situação de hospitalização, não só a continuidade do processo de escolarização, mas oferece perspectiva de futuro, contribui para a tão almejada cura, para o prosseguimento de projetos de vida. Ressaltamos a necessidade do desenvolvimento de novas pesquisas que visem contribuir com a continuidade do processo ensino-aprendizagem das crianças em tratamento, em especial às que estão em processo de alfabetização.

Mais informações
Emanuelle da Silva Ferreira

emanuelle.ferreira@ufpe.br

Data da última modificação: 29/06/2023, 15:56