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UFPE expressa solidariedade à UFRJ pela perda inestimável com o incêndio no Museu Nacional

Pesquisadores que desenvolvem ou desenvolveram trabalhos no museu estão desolados com o sumiço de décadas de trabalho

A Universidade Federal de Pernambuco está consternada e expressa sua solidariedade à comunidade da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em virtude do incêndio que, ontem à noite, atingiu o Museu Nacional, localizado na Quinta da Boa Vista, destruindo a maior parte de seu acervo. A UFPE se une à comunidade científica do Brasil e de outros países, que lamenta os danos inestimáveis com a perda de peças únicas, de diversas partes do mundo e áreas do conhecimento.

Foto: Roberto da Silva/Divulgação

Fachada e entorno do museu, que completou 200 anos em junho

Pesquisadores que desenvolvem ou desenvolveram trabalhos no museu estão desolados com o sumiço de décadas de trabalho, de uma instituição que completou 200 anos no último mês de junho. A professora Juliana Sayão, do Centro Acadêmico de Vitória (CAV) da UFPE, tem mais da metade da sua vida ligada ao museu, onde começou a pesquisar em 1997, fazendo iniciação científica e depois desenvolvendo suas pesquisas de mestrado e doutorado. No momento, ela está para iniciar seu pós-doutorado no museu e pôde ver de perto, hoje pela manhã, a destruição provocada pelo fogo.

“Mais do que apenas um edifício histórico – e edifícios podem ser reerguidos –, o acervo que existia no museu nacional é irreproduzível, muitos objetos, peças e espécimes eram únicos no mundo”, explica a professora. De acordo com ela, perderam-se, por exemplo, coleções biológicas que tinha seus holótipos (indivíduos que representam grupos de animais e plantas), fósseis e material arqueológico.

Juliana Sayão também destaca a importância do trabalho de divulgação científica do museu. “Era uma divulgação democrática, visto que o valor da entrada do museu era irrisório e isso atraía diversas pessoas de diferentes classes sociais.”

Além de toda sua formação como pesquisadora, Juliana Sayão tem projetos de pesquisa desenvolvidos em parceria com a instituição. Ela faz parte do projeto Antártica, o Paleoantar, que é sediado no museu. “A gente não tem noção ainda de quanto desse material foi queimado, mas os melhores espécimes foram perdidos no incêndio”, afirma. Também foram destruídos espécimes coletadas no ano passado na China, numa grande descoberta feita em parceria entre pesquisadores da UFPE, do Museu Nacional e chineses.

Segundo a professora, diversos alunos da UFPE fazem dissertação de mestrado, teses de doutorado e trabalhos de Pibic utilizando o acervo do museu nacional. “Um dos alunos do Pibic do CAV está desenvolvendo pesquisa justamente com esse material da Antártica que se perdeu”, exemplifica.

Juliana não se esquece das gerações de cientistas em formação que estavam pesquisando no Museu Nacional e que perderam seu material para estudo. “E todos aqueles que ainda poderiam usar o acervo do Museu Nacional para o seu desenvolvimento nas suas carreiras?” De acordo com ela, era uma tragédia anunciada, que, felizmente, aconteceu sem perdas de vidas humanas.

 

 

Data da última modificação: 03/09/2018, 23:33