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Startup DiagÁgil, incubada no Polotec da UFPE, desenvolve biossensores para facilitar o diagnóstico de câncer de próstata e dengue

A equipe da startup é composta por profissionais de diversas áreas

Por Eugênia Bezerra

A equipe da startup DiagÁgil, incubada no Polo Tecnológico e Criativo (Polo Tec) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), desenvolveu dois biossensores portáteis que podem ser utilizados para agilizar o diagnóstico de câncer de próstata e dengue. Com aplicação da nanotecnologia, a empresa focada no campo do diagnóstico médico busca desenvolver testes rápidos de alta sensibilidade e baixo custo.

Fotos: Eugênia Bezerra

Equipe da startup concluiu o depósito de patente dos dois biossensores

“Reconhecemos que muitos métodos tradicionais de diagnóstico são demorados, caros e requerem infraestrutura complexa, o que dificulta o acesso rápido e eficiente aos resultados. Quando a pandemia da covid-19 surgiu, ficou ainda mais evidente a importância de contar com testes rápidos e eficientes para o diagnóstico sorológico. Decidimos, então, concentrar nossos esforços em desenvolver biossensores para esses testes”, afirma o diretor-executivo da DiagÁgil, Gabriel Lins, que continua: “Acreditamos que, ao disponibilizar testes sorológicos rápidos e acessíveis, estamos contribuindo para um melhor controle e monitoramento de doenças. Além disso, a versatilidade de nossos biossensores nos permite expandir para outras aplicações diagnósticas, atendendo a diferentes necessidades na área da saúde”.

A equipe da startup é composta por profissionais especializados em áreas como Biotecnologia, Engenharia Biomédica, Ciência da Computação e Medicina. Os integrantes são a professora Rosa Dutra, do Departamento de Engenharia Biomédica da UFPE (que possui doutorado e pós-doutorado na área de biossensores aplicados à saúde); o doutorando em Biotecnologia Gabriel Lins (Renorbio/UFPE); o farmacêutico Lucas Alves e o graduando em Engenharia Biomédica Vinicius Pantoja.

O QUE É UM BIOSSENSOR – Um biossensor é um dispositivo que combina componentes biológicos, como enzimas ou anticorpos, com um sensor eletrônico para detectar e quantificar a presença de diversas substâncias. Eles são amplamente utilizados em áreas como diagnóstico médico, monitoramento ambiental e controle de processos industriais, permitindo a detecção rápida e sensível de biomarcadores, patógenos e toxinas.

Os biossensores desenvolvidos pela DiagÁgil são do tipo ‘point of care’, assim como os glicosímetros que pessoas com diabetes utilizam para medir a glicemia extraindo um pouco de sangue pela ponta do dedo ou mesmo os sensores minimamente invasivos. Essa característica do produto facilita o monitoramento da glicose e, consequentemente, contribui para a manutenção da saúde desses indivíduos.

“Os biossensores ‘point of care’ e os autotestes podem ser utilizados por uma ampla gama de usuários, incluindo profissionais de saúde, pacientes, indivíduos em casa e até mesmo pessoas sem formação médica. A portabilidade, a facilidade de uso e a simplicidade dos dispositivos tornam possível que pessoas sem treinamento específico realizem testes e obtenham resultados rápidos e acessíveis”, ressalta Gabriel Lins.

Ele complementa: “Imagine que você não está se sentindo bem e precisa verificar se está com alguma infecção, como a gripe. Em vez de ter que ir a um laboratório, fazer uma coleta de sangue e esperar dias pelos resultados, você pode usar um biossensor ‘point of care’ em casa ou em uma clínica. Basta fornecer uma pequena amostra de sangue, urina ou saliva e colocá-la no biossensor”.

O diretor-executivo da DiagÁgil também explica porque os primeiros produtos desenvolvidos pela empresa são destinados ao diagnóstico da dengue e do câncer de próstata. A escolha tem a ver com o grande número de casos das duas doenças e com a importância do diagnóstico rápido para o sucesso do tratamento.

Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a dengue apresenta ciclos de endemia e epidemia no Brasil e, nos últimos anos, além do elevado número de pessoas contaminadas, têm-se observado o aumento da gravidade dos casos. Por outro lado, em 2022, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estimava que 2,6 mil dos 65 mil novos casos de câncer de próstata a serem registrados no Brasil naquele ano estariam no estado de Pernambuco. 

“O diagnóstico precoce da dengue permite o início imediato do tratamento correto, o monitoramento dos casos graves e a prevenção de complicações. Além disso, auxilia no controle epidemiológico ao fornecer dados para implementação de medidas de combate ao mosquito Aedes aegypti e tomada de decisões em saúde pública. A detecção precoce da dengue é essencial para reduzir a morbidade e a mortalidade associadas à doença no Nordeste”, avalia Gabriel Lins.

Sobre a outra doença citada, ele pontua: “Para a saúde masculina, o diagnóstico do câncer de próstata desempenha um papel crucial, considerando sua epidemiologia e impacto significativo. O câncer de próstata é o segundo tipo mais comum de câncer entre os homens em todo o mundo, representando uma importante questão de saúde pública. Portanto, a importância do diagnóstico precoce do câncer de próstata reside na necessidade de enfrentar essa doença com eficácia, prevenindo complicações, personalizando o tratamento, proporcionando um acompanhamento médico adequado e promovendo a conscientização sobre a prevenção”.

Dengue Sensor Teste auxilia no diagnóstico da infecção

VÍRUS DA DENGUE – O Dengue Sensor Teste (Denvsensor Model 0012-RC) é um dispositivo biossensor que detecta quantitativamente a proteína NS1 do vírus da dengue, auxiliando no diagnóstico da infecção.

“A detecção da NS1 tem alto valor preditivo e está sempre presente quando o vírus circula. Em casos graves de dengue, a quantificação da NS1 pode ajudar na conduta terapêutica, pois sua expressão está relacionada à replicação viral e à gravidade da doença. O teste é rápido e fácil de usar, semelhante a glicosímetros, mas é um imunoensaio que fornece resultados em poucos minutos. Ele detecta o antígeno NS1 em amostras de sangue total, plasma ou soro humano. O Dengue Sensor Teste consiste em uma tira reagente que captura a proteína NS1 e um sistema de leitura. Após a aplicação da amostra na tira reagente, um sinal elétrico é enviado para o leitor, que processa e analisa os dados, exibindo o resultado em um visor ou display. O tempo de processamento é de, aproximadamente, cinco minutos”, especifica o diretor-executivo da DiagÁgil.

Biossensor para Detecção de PSA tem alta sensibilidade mesmo para baixa concentração do antígeno

CÂNCER DE PRÓSTATA – O Biossensor para Detecção de PSA (Antígeno Prostático Específico) é um dispositivo desenvolvido para auxiliar no diagnóstico e monitoramento de doenças relacionadas à próstata.

“O PSA é uma proteína produzida pelas células da próstata, e seus níveis podem estar elevados em condições como a hiperplasia prostática benigna ou o câncer de próstata. As principais características do biossensor para detecção de PSA são alta sensibilidade para detectar baixas concentrações de PSA, especificidade, evitando resultados falsos, rapidez, portabilidade, possibilitando o uso em diversos ambientes, e facilidade de uso, tanto na coleta quanto na interpretação dos resultados”, detalha Gabriel Lins.

PRÓXIMOS PASSOS DO PROJETO – No momento, a DiagÁgil concluiu o depósito de patente dos dois biossensores. Enquanto aguarda a efetivação dessas patentes, a equipe da startup busca desenvolver processos que permitam produzir suas criações em maior escala – o que inclui a otimização de materiais, aprimoramento dos métodos de produção e realização de rigorosos testes para que a qualidade se mantenha consistente na fabricação em grande quantidade.

Além disso, os pesquisadores se organizam para receber visitas de possíveis investidores, empresas privadas com histórico de investir em empreendimentos disruptivos na área de saúde.

“Durante a reunião, teremos a oportunidade de apresentar de forma mais detalhada e robusta a tecnologia por trás dos nossos produtos. Além disso, discutiremos o formato da parceria, levando em consideração os interesses e objetivos de ambas as partes. Esse processo de apresentação permite que os investidores entendam melhor o potencial dos nossos produtos e avaliem a possibilidade de estabelecer uma parceria estratégica conosco”, comenta Gabriel Lins.

“Caso recebamos mais investimentos para o projeto, nossa equipe planeja investir no ramo de produção de testes de tira em larga escala, semelhantes aos utilizados durante a pandemia da covid-19. Esses testes não serão direcionados apenas para atendimento humano, abrangendo também áreas como saúde animal e setor agropecuário. A expansão da produção nos permitirá atender a uma demanda crescente por testes rápidos e precisos, contribuindo para diagnósticos eficientes em diferentes segmentos”, planeja o diretor-executivo da DiagÁgil.

Uma das possibilidades para a continuidade do trabalho está em fase inicial de desenvolvimento. Trata-se de um teste de tira lateral para troponina e BNP. “A ideia surgiu a partir de conversas com alguns prospects que relataram desafios relacionados à eficiência das tecnologias existentes para detecção de troponina e alterações cardiovasculares. Nossa proposta consiste em desenvolver um novo teste que utilize nanomateriais de maior estabilidade, visando melhorar a sensibilidade e a precisão dos resultados. Estamos concentrando nossos esforços em aprimorar a metodologia de leitura do sinal gerado pela detecção do componente de interesse, explorando tecnologias avançadas para melhorar a sensibilidade e a especificidade do teste”, conclui Gabriel Lins.

Mais informações
DiagÁgil Soluções em Diagnóstico
(81) 99793.6788/ (86) 99958.5822

diagagil@gmail.com

Agradecimentos: Bianca Xavier, Nayara Melo e Erika Trindade.

Data da última modificação: 27/06/2023, 14:33