O cenário desafiador de um tratamento contra o câncer, a humanização no atendimento hospitalar pode ajudar a fazer a diferença nesta jornada de luta. E foi nesse contexto que uma paciente protagonizou um emocionante ensaio fotográfico realizado pela equipe multidisciplinar da Oncologia do Hospital das Clínicas da UFPE, captando não apenas a beleza exterior, mas também a força, a resiliência e a esperança que permeiam a caminhada de Tânia Oliveira, de 42 anos. As fotos foram realizadas no campus da Universidade, no dia 1º deste mês. O HC é uma unidade vinculada à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

Tânia é moradora de Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife. Ela está tratando o câncer de colo de útero. Além de ser casada e mãe de dois filhos, ela desempenha o papel de proprietária e diretora de uma escola voltada para educação infantil, mas também já teve experiência na confeitaria e trabalhou como modelo para algumas lojas. Atualmente, seus sintomas relacionados ao câncer estão sob controle, mas o seu maior desejo é se recuperar completamente para poder retornar ao trabalho e retomar a sua paixão pela fotografia.

Paciente do HC há quase dois anos, ela ficou muito alegre ao receber o convite para ser fotografada porque sempre teve uma afinidade especial com as fotografias. Ela acredita que as imagens capturam ocasiões significativas em sua vida. “No momento que a gente passa por uma doença é muito bom ser valorizado”, contou. De acordo com Tânia, o próximo passo é compartilhar as fotos em suas redes sociais, com o objetivo de transmitir uma mensagem de esperança para seus seguidores e para todas as pessoas que estão passando por situações similares. Seu desejo é ser uma fonte de inspiração para muitos outros.

Segundo a psicóloga do HC Marília Lopes, a iniciativa de proporcionar esse momento a Tânia surgiu com o propósito de oferecer uma ocasião de conforto, já que a doença, muitas vezes, faz com que a pessoa perca sua identidade, chegando ao ponto de não se reconhecer na nova realidade em que se encontra. "A ideia foi tentar trabalhar a autoestima a partir da imagem, já que a quimioterapia é um tratamento oncológico que altera a imagem, provocando a queda de cabelo e, às vezes, o aumento ou a perda de peso", disse a profissional. 

“O paciente é um ser biográfico que tem uma história e uma vida, então, vai muito além desse momento de internação da enfermaria. E Tânia é uma mulher vaidosa, por isso trazer um pouco do que a pessoa é, além de ser paciente, é transformador", acrescentou Marília.

A supervisora da Enfermaria de Oncologia, Eliza Moura Melo, relata que as dores experimentadas pela paciente representaram um desafio na escolha do momento adequado para a realização das fotos, uma vez que era fundamental garantir o conforto de Tânia. No entanto, devido à prontidão da equipe em oferecer um ambiente humanizado, as fotos foram capturadas assim que a dor foi controlada e as condições climáticas permitiram. 

A ação contou com a participação do técnico de enfermagem Josias Gomes, que aproveitou o seu hobby como fotógrafo amador, bem como da terapeuta ocupacional Jamile Brito e das estagiárias Amanda Suarez e Pollyana Santiago, que auxiliaram na produção do ensaio.