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Revista Spia: um olhar cultural sobre o Agreste pernambucano

O projeto de extensão Revista Spia, coordenado pela Profa. Dra. Amanda Mansur Custódio Nogueira, é um portal de notícias on-line voluntário que traz consigo uma nova perspectiva ao operar com diferentes linguagens para uma comunicação ampla, e que contempla,  em um vislumbre transmidiático, as dimensões sociais, históricas e culturais da arte interiorana de Pernambuco e além. Vinculado ao Núcleo de Design e Comunicação do Centro Acadêmico do Agreste da Universidade Federal de Pernambuco (CAA/UFPE), o projeto contribui para a formação ativa dos estudantes dos cursos de Comunicação Social e Design do campus, que têm a oportunidade de espreitar e trazer à vista a riqueza de sua região. 

 

(Revista Spia, 2023)

Página inicial do site da revista

 

     A Spia, que tem como princípio retratar a diversidade que habita o Agreste pernambucano, surgiu no final de 2020, como resultado da disciplina Cinema Pernambucano, ministrada pela docente Amanda Mansur. Divide-se nas seguintes seções principais: Críticas, Entrevistas, Relatos, Vídeos-ensaios, Podcast, Indicações e Divulgação Científica, trabalhando também com outros dois quadros, Especiais e Retratos, que celebram artistas e histórias locais. Como observa a professora: “É muito importante que a sociedade entenda a importância e o papel da universidade, como tudo está interconectado. A Spia, dentro da universidade, dentro do campus do Agreste, é essa revista que vai fazer a divulgação dessa cultura local, de várias cidades, que têm uma produção incrível de poesia, de música, de cinema, coisas que as pessoas nem imaginam que acontecem por lá”.

 

Dessa maneira, é na revista que os estudantes extensionistas devolvem um olhar aguçado para os seus arredores, encontrando espaço, também, para exercitarem a própria criatividade, sugerindo matérias e encontrando liberdade para executá-las à própria maneira, enfrentando, inclusive, as adversidades dessa independência. Além de entrevistas com grandes figuras dos cenários regional e/ou nacional, como Hilton Lacerda, Kátia Mesel, Adelina Pontual, Ivan Cordeiro, Paulo Cunha, Géssica Amorim e Fernanda Montenegro, e das homenagens que moldam a seção Retratos, que conta já com Agda Nunes, Raimundo Carrero, Betto Skin, Le Freak e Mozart Oliveira, a Spia também constrói seu acervo com escritos voltados para conteúdos e artistas locais inéditos, por vezes, não reconhecidos, como ressalta Nayara Camila da Silva Nascimento, atual membro da editoria de música e coordenadora de marketing/agenda: “Às vezes a gente vê muito essa questão teórica e se pergunta ‘tá, como é que eu vou aplicar isso? Como é a realidade?’. O legal da Spia é justamente isso: você já está aplicando algo que você está vendo, já está produzindo ali. E é interessante que não é uma coisa só para a universidade, não fica só na universidade, vai para fora. Então o legal do projeto de extensão é justamente isso, porque ele vai para fora mesmo, impacta outras pessoas [...] E eu acho que a questão de você fazer um trabalho desses e conseguir, de certa forma, valorizar o trabalho de outras pessoas, por exemplo, de um pessoal que faz um conteúdo massa, um trabalho massa, e não é valorizado, e a gente ter a oportunidade de fazer com que outras pessoas conheçam esse trabalho é super importante [...] é uma coisa que eu fico feliz, de poder contribuir para que essa pessoa seja reconhecida por outras pessoas, para que o trabalho dela não seja apagado”.  

 

(Revista Spia, 2021) 

Página da entrevista realizada pela Spia com Fernanda Montenegro

 

O projeto conta tanto com parcerias internas à universidade, como o grupo de pesquisa Laboratório de Análise de Imagem e Som do Agreste (Laisa) e o Laboratório de Fotografia da UFPE (Fotolab), que contribuem com espaços, minicursos e demais eventos, quanto com integrações externas, como o Museu de Cinema de Animação (Muca), de Gravatá, e a Cinemateca Pernambucana, de Recife, que auxiliam no desenvolvimento das ações da revista em sua busca para, além de ecoar o presente, saudar o passado, as raízes. Dessa forma, em um exemplo de sua vastidão, a Spia contribuiu para a recuperação do primeiro filme rodado na cidade de Caruaru, A Peleja do Bumba-meu-boi contra o vampiro do meio-dia, que, pelo trabalho dos extensionistas, está agora disponível no catálogo da Cinemateca. Também foi realizada a cobertura da celebração dos 30 anos do movimento Manguebeat, havendo a participação no evento realizado durante o 30º Festival de Inverno de Garanhuns, tendo entrevistado personalidades fundamentais como Roger de Renor e Paulo André Moraes Pires. Já no seu Especial intitulado Azulão, os estudantes realizaram uma série de postagens em comemoração aos 80 anos de Francisco Bezerra de Lima, o Azulão, grande mestre forrozeiro de Caruaru, que, na ocasião, também deixava os palcos. 

 

Assim, a Spia se mostra como um importante veículo para o aprofundamento do retrato cultural de Pernambuco, principalmente da região Agreste. Sobre essa questão, Maria Clara dos Santos Mendes, extensionista egressa que participou da organização da revista, disse: “O especial da Peleja dialoga muito com isso: uma coisa é falar dos filmes de Kleber Mendonça, mas e esse filme que foi produzido em Caruaru, nos anos 80? Uma parte da Peleja foi filmada em Super 8. Quando falamos, na universidade, em filmagens com Super 8, falamos dos filmes de Recife. Muito mais do que uma coisa pernambucana – porque quando falamos em Pernambuco, falamos de um estado muito extenso –, a Spia é do Agreste, a Spia é de Caruaru. É muito importante que a gente resgate essas histórias, seja no cinema, seja na música [...] A ideia era essa: resgatar histórias, ter realmente uma contribuição. Para mim, eu vejo a Spia com esse propósito. A gente tem que buscar o que é diferente, até pela nossa localização: entramos nessa necessidade de sermos vistos. Pernambuco não é só Recife e, querendo ou não, quando falamos em cinema pernambucano, pensamos sempre nos mesmos nomes”. Ela completa: “A experiência na Spia, para mim, foi muito transformadora, eu fiz descobertas, eu fiz amizades, eu descobri que poderia fazer outras coisas além do que já fazia. Eu sinto que o projeto teve um impacto muito grande não só nas nossas vidas, mas, acompanhando um pouco da minha bolha, dos meus colegas, dos meus amigos, eu sempre senti um respeito muito grande pelo o que a revista produzia. Acho que todo mundo percebeu que, se a revista se fortalecesse, ela seria um lugar para a gente mostrar as coisas que estavam ao nosso redor, dos nossos amigos músicos, de quem estava produzindo no audiovisual… quando eu penso na Spia, eu penso nesse lugar para falar da gente, do Agreste, da cultura pernambucana como um todo, e isso só seria possível na universidade. Eu gostaria de finalizar dizendo que a Revista Spia só existe porque a UFPE de Caruaru existe. Então é isso: viva a interiorização da universidade pública”.

 

(Revista Spia, 2021)

Foto tirada por Germano Coelho Filho, mostrando Mestre Galdino, Edinho Moraes e Wellington Branco nos bastidores de A Peleja do Bumba-meu-boi contra o vampiro do meio-dia

 

Tendo conquistado o prêmio nacional Expocom 2021, da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, na categoria Produção Multimídia, a revista demonstra a importância da pluralidade para a democratização do conhecimento, como destaca o extensionista egresso Márcio Correia Gonçalves Vitor, que também participou da criação do projeto, ainda em 2020: “A gente saiu da linguagem acadêmica e levou [os assuntos] para o público de forma mais aberta. Lá na Spia tem também a seção de Divulgação Científica, em que a gente leva, de fato, os artigos, mas a gente também produz, em outras linguagens, aquele mesmo conteúdo”. Além disso, o trabalho transmidiático e os saberes desenvolvidos nessa jornada permitem aos estudantes um maior acesso às oportunidades do mercado, impulsionando suas vivências: “É muito legal ver algo que você ajudou a criar dar certo, mostrando o que de fato é a universidade. Foi na universidade que eu consegui trabalhar com o que eu queria e abrir minha cabeça para o que eu queria futuramente, que era trabalhar com cultura. A Spia me trouxe o que a universidade quer trazer para as pessoas”, conclui Márcio. 

 

Atualmente, a Spia se prepara para realizar a cobertura do Festival de Inverno de Garanhuns de 2023, tendo ainda, como metas correntes, a internacionalização de seus conteúdos, com a tradução de seu site para o inglês, tornando-o bilíngue; a realização de produções acadêmicas para divulgar a importância de suas ações para a Academia; assim como a realização de um glossário da cultura pernambucana, em mais uma mostra de sua dedicação ímpar à cultura nacional, regional e, sobretudo, agrestina. 

 

Para saber mais:

Site: https://www.spiarevista.com/

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Spotify (Podcast): https://open.spotify.com/show/36syF9FWxgk4KbBSYOSBHm?si=32f3dca3ecbf4ba6

Youtube: https://www.youtube.com/channel/UCLnqGfcGZ-LLCoLhML85Vaw

Especial – A Peleja: https://www.spiarevista.com/post/especial-a-peleja

Especial – 30 anos do Manguebeat: https://www.spiarevista.com/post/especial-30-anos-do-manguebeat

Especial – Azulão: https://www.spiarevista.com/post/especial-azul%C3%A3o

Retratos: https://www.spiarevista.com/retratos

Data da última modificação: 11/07/2023, 11:17