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Língua e cultura: o ensino de idiomas para a transformação social
Projeto do Mês
Coordenado pela professora Camila da Silva Lucena e vinculado ao Departamento de Letras do Centro de Artes e Comunicação (CAC/UFPE) do campus Recife, o projeto de extensão Español fuera de casa: sujeitos em deslocamentos, práticas decoloniais e acolhedoras tem como objetivo oferecer a continuidade da aprendizagem da língua espanhola para jovens imigrantes venezuelanos residentes no Recife ou região metropolitana (RMR), garantindo a manutenção e desenvolvimento de suas competências linguísticas e sua inclusão social por meio destas.
(Equipe do projeto, 2025)
Aula ministrada pela equipe extensionista
Considerando os princípios da interculturalidade e da decolonialidade, bem como a emergência das questões associadas aos refugiados, o projeto visa promover uma abordagem pedagógica sensível às realidades dos povos latino-americanos e seus processos de migração, impactando as trajetórias acadêmicas e sociais dos indivíduos em idade escolar e lhes garantindo autonomia e autoestima em seu processo de ensino-aprendizagem, no que sua língua nativa é o principal elemento de valorização cultural. Para isso, o Español fuera de casa atua no bairro recifense de Nova Morada, na escola homônima localizada na Avenida Caxangá, com oficinas de espanhol para um grupo de brasileiros e de imigrantes, estes pertencentes à etnia indígena Warao.
“Nós temos o objetivo, hoje em dia, de levar o espanhol para os venezuelanos, dando essa continuidade do falar a língua, e para os brasileiros, apresentando a língua estrangeira nesse momento juntos em sala de aula. Também a escola, que nos recebeu muito bem desde o início, disse que aconteceram, no ano passado, casos de discriminação em relação aos venezuelanos, aos indígenas Warao, de bullying, e que seria interessante se nós, nas nossas oficinas, atuássemos com algumas temáticas que desenvolvessem essas questões. Então os nossos encontros vêm com esse objetivo. A gente trabalha com temas diversos sobre a questão da acolhida, do diferente, do respeito [...] sempre de modo muito lúdico”, declara a professora Camila.
(Equipe do projeto, 2025)
Aula conduzida pela equipe de extensão
As oficinas ocorrem presencialmente e dentro do horário escolar, uma vez por mês, com o público-alvo de crianças ligadas a duas turmas de 3º ano fundamental. Sendo planejados previamente pelos docentes extensionistas, esses momentos levam em consideração as necessidades da comunidade observadas em meio às ações, de modo que os conteúdos linguísticos estejam diretamente vinculados às características locais e coletivas desses sujeitos. A coordenadora da ação ainda destaca que, de acordo com suas conversas com a liderança indígena da comunidade, essa manutenção do contato com a língua materna é vital para que ela, assim como a cultura que a envolve, não caia no esquecimento dos mais jovens, principalmente em um país estrangeiro.
“O que nós fazemos, na verdade, é pouco. De fato, o que seria necessário era haver um contato maior com a escolarização da língua espanhola, com ela sendo ofertada nas escolas. É uma questão que nós, professores de espanhol, estamos sempre [participando] no debate político, de políticas públicas [...] Eu acho que o nosso maior objetivo, nosso maior desejo, com esse projeto é de provocar uma pequena mudança e que essa mudança possa ir crescendo nos próximos anos, e também chamar atenção para esse acontecimento, não só da comunidade local, mas também do poder público, para que essas pessoas [os imigrantes] sejam vistas, consideradas nos documentos que versam sobre a educação na cidade do Recife”, ela completa.
De forma semelhante, Niélia Maria dos Santos Silva, estudante extensionista, reafirma o compromisso da ação em promover o bem-estar social no ambiente escolar: “Tudo o que a gente vem trabalhando tem o objetivo de fazer com que eles [os alunos] compreendam que o outro, que parece ser diferente, também é ‘aceitável’. Por exemplo, numa das atividades que fizemos, teve uma parte em espanhol, em que ensinamos, aos alunos brasileiros, algumas palavras, o que fez com que eles entendessem que existem aqueles colegas que falam outra língua e que existimos nós, que podemos aprender a língua deles, e que assim o ambiente vai se modificando, primeiro para que se tenha a possibilidade de lidar com os conflitos dentro da sala de aula e depois para que isso [a resolução de conflitos] se estenda para a escola toda [...] Para nós, brasileiros, reconhecer essa língua nova é estranho, é diferente, mas tentamos passar para os estudantes que, para eles [os imigrantes], a nossa língua, o que falamos e o que fazemos culturalmente também é estranho. Buscamos fazê-los entender que estamos todos em interação, em um momento de troca mútua, intercâmbio”.
(Equipe do projeto, 2025)
Atividade formativa realizada por integrantes do projeto
Desse modo, o projeto Español fuera de casa se compromete a levar a educação inclusiva para os estudantes venezuelanos da rede pública de ensino, contribuindo para um ambiente demócratico e acolhedor a todos e também incentivando outras propostas, principalmente às vinculadas ao poder público, que pensem nesses educandos de forma integral. Os interessados em acompanhar as oficinas devem entrar em contato com a professora Camila Lucena, embora o período de inscrição de extensionistas já tenha se encerrado.
Para saber mais:
E-mail da coordenadora da ação: camila.slucena@ufpe.br.