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Modelagem metapopulacional do avanço da COVID-19 no interior do país: uma análise das estratégias de mitigação no Brasil
Consciente da diversidade de população e infraestrutura dos estados e municípios brasileiros, um estudo coordenado pela Universidade Federal de Viçosa - UFV, em Minas Gerais, e pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Sistemas Complexos, no Rio de Janeiro, utilizou um modelo epidêmico estocástico para simular o nível de dispersão das curvas epidêmicas em diferentes lugares.
Imagem de pasja1000 por Pixabay
Titulo original: Metapopulation modeling of COVID-19 advancing into the countryside: an analysis of mitigation strategies for Brazil
Título traduzido: Modelagem metapopulacional do avanço da COVID-19 no interior do país: uma análise das estratégias de mitigação no Brasil.
Autores: Guilherme S. Costa 1, Wesley Cota 1 e Silvio C. Ferreira 1,2
1 Departamento de Física, Universidade Federal de Viçosa, 265700-900 Viçosa, Minas gerais, Brasil
2 Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Sistemas Complexos, 22290-180, Rio de Janeiro, Brasil
Projeto Covid-19 e a Matemática das Epidemias - Fazendo a Ponte entre Ciência e Sociedade
Tradução: Danillo Barros de Souza e Jonatas Teodomiro
Síntese: Camila Sousa e Júlia Lyra
Coordenação: Felipe Wergete Cruz
Introdução
Diante da intensa disseminação da Covid-19 pelo interior do Brasil, pesquisadores de diversas áreas têm se lançado a investigar o que pode acontecer a longo prazo no espalhamento do vírus em face a diferentes cenários de confinamento e de restrição de mobilidade.
Consciente da diversidade de população e infraestrutura dos estados e municípios brasileiros, um estudo coordenado pela Universidade Federal de Viçosa - UFV, em Minas Gerais, e pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Sistemas Complexos, no Rio de Janeiro, utilizou um modelo epidêmico estocástico (variáveis representando a evolução de um sistema de valores com o tempo) para simular o nível de dispersão das curvas epidêmicas em diferentes lugares.
Com a variação das propriedades dessas curvas, entre elas o tamanho do pico epidêmico e a duração do surto, a pesquisa sinaliza para a necessidade de adotar diferentes políticas de mitigação do vírus. Mas não só isso. Pois o combate à propagação da Covid-19 somente será efetivo se as medidas levarem em conta tanto a especificidade da região em que serão implementadas, quanto a situação geral da pandemia no país.
Destrinchando
O trabalho, cuja modelagem incorpora dados demográficos, epidemiológicos e de mobilidade urbana obtidos em bases públicas, toma a situação de 31 de março de 2020 como condição inicial, com foco em 410 municípios, para rastrear a pandemia de forma integrada.
A abordagem trazida pelo estudo consiste em calibrar o modelo com dados de casos reportados de Covid-19 no Brasil em algumas semanas e realizar uma análise a longo prazo dos resultados da epidemia usando diferentes cenários de mitigação.
A partir daí, descobriu-se que as curvas epidêmicas podem variar bastante em escalas à nível estadual e municipal, sendo alguns estados caracterizados por surtos começando nas suas capitais e seguidos por ondas de propagação em direção ao interior do país, enquanto outros estados possuem múltiplos focos epidêmicos.
O modelo utiliza a abordagem da metapopulação, onde a população é agrupada em áreas que representam regiões geográficas e o contágio da epidemia obedece a um comportamento padrão, enquanto o trânsito de pessoas entre as áreas faz com que o vírus se espalhe por todo o contingente. Nele, a população foi dividida em áreas que representam os locais de residência (Fig. 1a).
Cada área possui um número fixo de habitantes. A taxa de mobilidade entre áreas (longa distância) é dada pelo número de indivíduos que viajam entre elas e retornam ao seu local de residência. Interações entre áreas rurais e urbanas também foram consideradas no projeto.