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Pesquisadora do Nupit explana sobre as pesquisas de diagnóstico da Covid-19

Entrevistamos a professora Michelly Pereira, do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da UFPE, sobre como está sendo desenvolvida a pesquisa do Núcleo de Pesquisa em Inovação Terapêutica (Nupit) acerca do diagnóstico da Covid-19, desafio que visa ajudar as entidades de saúde no combate ao coronavírus. A expectativa é ampliar significativamente o número de diagnósticos em pacientes sintomáticos e assintomáticos, atendendo às demandas do Governo do Estado e das prefeituras, usando o teste de reação em cadeia da polimerase (PCR) em tempo real – considerado o exame padrão ouro para o diagnóstico da Covid-19.

Pesquisadores do Nupit durante capacitação ocorrida em 2019.

Entrevistamos a professora Michelly Pereira, do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da UFPE, sobre como está sendo desenvolvida a pesquisa do Núcleo de Pesquisa em Inovação Terapêutica (Nupit) acerca do diagnóstico da Covid-19, desafio que visa ajudar as entidades de saúde no combate ao coronavírus. A expectativa é ampliar significativamente o número de diagnósticos em pacientes sintomáticos e assintomáticos, atendendo às demandas do Governo do Estado e das prefeituras, usando o teste de reação em cadeia da polimerase (PCR) em tempo real – considerado o exame padrão ouro para o diagnóstico da Covid-19.

Michelly Pereira é professora adjunta do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da UFPE, e atua também como pesquisadora membro do Núcleo de Pesquisa em Inovação Terapêutica (Nupit) da universidade. Possui graduação em Ciências Biológicas, bacharel em Genética pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e doutorado em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

 

1) OBSERVATÓRIO: Como o Núcleo de Pesquisa em Inovação Terapêutica (Nupit) vai atuar no diagnóstico da Covid-19?

MICHELLY PEREIRA: Pesquisadores do Nupit estão montando uma ação de força-tarefa para ampliar o diagnóstico da Covid-19 em Pernambuco. Essa rede de ações da UFPE conta com o apoio de órgãos públicos como a Prefeitura do Recife, Ministério Público do Trabalho, Ministério Público Federal e Ministério Público Estadual.

Um dos objetivos específicos é ampliar o número de diagnósticos em pacientes sintomáticos e assintomáticos, atendendo às demandas do Governo do Estado e prefeituras, usando o teste de reação em cadeia da polimerase (do inglês Polymerase Chain Reaction, daí a sigla PCR). Este teste é considerado o exame padrão ouro para o diagnóstico da Covid-19.

A reação em cadeia da polimerase (PCR) é a reação de amplificação do RNA (ácido ribonucleico) do vírus, em tempo real, usando a enzima polimerase. É essa reação que torna possível ampliar a quantidade de RNA viral para que ele possa ser mensurável. Esse teste é sensível o bastante para detectar o vírus, mesmo que tenha muito pouco.

Para estes testes diagnósticos são usados insumos como equipamentos de proteção individual (EPIs) para os profissionais de saúde, bem como reagentes para a extração e amplificação do RNA viral do coronavírus. Os equipamentos importantes também incluem cabines de segurança biológica NB-2, centrífugas, robôs de extração de RNA e o equipamento de PCR em tempo real.

A cabine de segurança biológica NB-2 é utilizada para manipular micro-organismos com segurança. Existem quatro níveis de biossegurança: NB-1, NB-2, NB-3 e NB-4. A numeração é crescente de acordo com o grau de contenção e complexidade do nível de proteção, que consiste em combinações de práticas e técnicas de laboratório, assim como de barreiras primárias e secundárias. Dessa forma, quanto maior o número, maior também o grau de periculosidade do trabalho. Usaremos a cabine NB-2, de risco moderado, pois não precisaremos isolar o vírus, ele estará inativado, iremos apenas amplificar o material genético dele.

O diferencial nas propostas da UFPE para este diagnóstico está na nossa infraestrutura de pesquisa e profissionais altamente qualificados com expertise em biologia molecular, apresentando à população e às autoridades públicas uma ampliação da atual capacidade para realização de exames.

 

2) OBSV: Quem são os pesquisadores envolvidos?

MP: Pesquisadores do Nupit de vários departamentos da UFPE, além de sete estudantes de pós-doutorado e diversos mestrandos e doutorandos.

 

3) OBSV: Como será o treinamento que o Nupit vai promover?

MP: Pesquisadores do Nupit replicarão o treinamento recebido na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-PE) para todos os pesquisadores e discentes envolvidos que queiram participar da ação de ampliação do diagnóstico. A primeira capacitação foi ministrada pelo Laboratório Central de Pernambuco (Lacen-PE). O objetivo foi orientar os profissionais que estarão na linha de frente desses testes sobre procedimentos que vão desde o cuidado no recebimento das amostras dos pacientes até a extração do RNA do vírus e a realização da reação em cadeia da polimerase (PCR) para o diagnóstico molecular.

Estamos esperando a chegada dos insumos (EPIs, kit de extração e kits de RT-PCR) para iniciarmos os treinamentos, que serão importantes para uma padronização dos protocolos de testagem e segurança biológica. Finalizado os treinamentos, iniciaremos os testes de diagnóstico. Além disso, a equipe também está concentrando esforços para pesquisas importantes, incluindo o projeto “Investigação da história natural e avaliação de novos biomarcadores de diagnóstico e manejo clínico da Covid-19: como prever complicações associadas?”.

 

4) OBSV: Como você vê as ações de pesquisa integrada da UFPE neste momento emergencial de saúde pública?

MP: Docentes, técnicos e discentes da UFPE têm trabalhado muito para contribuir em todos os setores relacionados ao enfrentamento desta pandemia da Covid-19, com apoio direto da administração central da UFPE. Esta união é essencial para enfrentarmos este cenário tão adverso, tanto nas ações de produção de álcool em gel, diagnóstico, na fabricação de EPIs, peças para respiradores, além dos serviços de assistência aos servidores e alunos. Assim, como o próprio Hospital das Clínicas, que tem atuado de forma intensa no atendimento.

 

5) OBSV: Na sua opinião, como essa pesquisa vai melhorar a nossa vida em sociedade?

MP: A disponibilização da infraestrutura de pesquisa da UFPE vai garantir uma ampliação do diagnóstico, assim como as pesquisas associadas a este, que também são de extrema importância no enfrentamento da pandemia. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), precisamos testar um maior número de pessoas possível para ter um controle do número de casos positivos para a Covid-19.

Estamos unindo forças para realizar esta ação de diagnóstico frente à Covid-19 e esperamos contribuir para a sociedade neste momento tão importante de pandemia. Também gostaria de destacar o esforço de todas as áreas da UFPE em ações de extensão e inovação, que utilizam a infraestrutura de impressoras 3D da universidade a serviço da produção de EPIs e peças de respiradores. Além de outras áreas tão importantes, como as pesquisas dos impactos sociais e econômicos sobre as populações mais vulneráveis.

Data da última modificação: 13/04/2020, 20:23