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Humanização do parto e nascimento em Caruaru será tema de capítulo de livro sobre boas práticas obstétricas

O livro tem como propósito inspirar profissionais e serviços do Brasil e de outros países da América Latina no sentido de avançar na qualificação de seus serviços, incorporando essas boas práticas, e terá um capítulo dedicado a Política de Humanização do Parto e Nascimento de Caruaru

Apoio aos casais grávidos é parte das ações do Movimento Nascer Bem em Caruaru

Na semana passada o Curso de Medicina do Centro Acadêmico do Agreste e a Prefeitura de Caruaru receberam a visita da jornalista Luciana Benatti que irá escrever um livro sobre boas práticas obstétricas. 
 
Uma realização da Rede pela Humanização do Parto e Nascimento (ReHuNa) em parceria com o Ministério da Saúde e Organização PanAmericana de Saúde (OPAS), o livro tem como propósito inspirar profissionais e serviços do Brasil e de outros países da América Latina no sentido de avançar na qualificação de seus serviços, incorporando essas boas práticas, e terá um capítulo dedicado a Política de Humanização do Parto e Nascimento de Caruaru. 
 
A escolha do município de Caruaru decorreu de três trabalhos sobre as ações do Movimento Nascer Bem Caruaru (MNBC), apresentados por Maria Verônica Santa Cruz, psicóloga da UFPE, Katherine Lages, ex-Secretária da Mulher e dos Direitos Humanos de Caruaru, e  Sueli Freitas, ex-gestora da Casa de Apoio à Gestante, na IV Conferência Internacional sobre Humanização do Parto e Nascimento, realizada em Brasília, no período de 26 a 30 de novembro de 2016. 
 
Em dois dias de atividades, a jornalista entrevistou vários atores sociais e fez uma visita a Unidade de Saúde da Família Maria Auxiliadora, onde o professor Izaias Francisco Souza (NCV/CAA), primeiro coordenador do MNBC, com a equipe de saúde e estudantes de medicina, facilitavam o grupo de Casais Grávidos. Oportunidade em que pode observar de perto a importância desta integração do ensino da medicina com as transformações da humanização do parto e nascimento, onde os estudantes têm sido formados dentro de um novo paradigma do parto, respaldado pelos direitos humanos e pelas boas práticas obstétricas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
 
Sobre o MNBC - O Movimento Nascer Bem Caruaru é fruto de uma parceria entre a Prefeitura de Caruaru e o Curso de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco/ Centro Acadêmico do Agreste visando qualificar e humanizar o nascimento em Caruaru. Ainda no planejamento e estruturação da equipe que implantaria o Curso de Medicina, a Prefeitura de Caruaru, através de sua Secretária de Saúde, solicitou apoio a Universidade para o desenvolvimento de ações que contribuíssem na reversão dos altos índices de partos de caruaruenses fora do Município (em torno de 45%) e de cesarianas na maternidade municipal, Casa de Saúde Bom Jesus (que chegou a quase 70%).
Desta demanda, surgiu o Movimento Nascer Bem Caruaru, que colocou lado a lado gestores e técnicos da Secretaria de Saúde e professores e técnicos do Curso de Medicina que realizaram um diagnóstico da assistência obstétrica no Município. Este foi o primeiro passo para a elaboração de uma política de saúde para o parto e nascimento que foi além da assistência na maternidade, qualificando toda a linha de cuidado da gestação ao puerpério. 
Esta parceria tem a importância tanto de preparar um campo de prática para os estudantes do Curso compatível com as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Medicina que se pauta pela humanização da medicina como cumpre um importante papel social de retornar para a sociedade os conhecimentos produzidos na universidade. No campo da atenção à saúde foi ampliada a cobertura da atenção básica; foi construído o protocolo para o pré-natal na atenção básica; ampliado e agilizado o acesso aos exames de pré-natal; transformações da estrutura e modelo organizativo da Maternidade (implantação do acolhimento de risco obstétrico, instalação de apartamentos individuais para o trabalho de pré-parto, parto e pós-parto, contratação de enfermeiras obstetras, mudança da forma de remuneração dos obstetras conforme sua adesão às boas práticas obstétricas); implantação da Casa de Apoio à Gestante com doulas vinte e quatro horas; educação permanente de profissionais. Na mobilização social foram desenvolvidas ações de educativas e com famílias gestantes e sociedade civil.
Como resultado ocorreu uma inversão do número de cesarianas em relação ao parto vaginal, onde atualmente, conta-se com 30% de cesarianas e 70% de parto vaginal; hoje 88% das mulheres de Caruaru têm seus filhos na cidade, evitando a peregrinação nas maternidades;  foi garantido o direito ao acompanhante de livre escolha da mulher na hora do parto; mais de 200 pessoas participaram do cursos de formação de ativistas no parto humanizado; foram realizados dois cursos de doulas, onde o primeiro formou 30 doulas vindas das comunidades de Caruaru e o segundo,  formou 30 enfermeiras da estratégia de saúde da família; foi instaurada a primeira Câmara Técnica de Enfrentamento da Violência Obstétrica da América Latina, e promulgadas Leis importantes como a Lei das Doulas que confere o direito ao acompanhamento das doulas em todas as maternidades públicas e privadas do Munícipio e a Lei de Iniciativa Popular Movimento Nascer Bem Caruaru que versa sobre o direito ao parto humanizado e ao enfrentamento da violência obstétrica no Município.
Data da última modificação: 11/10/2017, 10:56