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Tese de doutoranda da UFPE sobre requalificação do Parque do Caiara é apresentada à comunidade local

Aberto ao público, evento será realizado no próximo dia 17, às 14h, na Escola Municipal da Iputinga (EMTI)

A doutoranda Simone de Paula apresenta resultados da tese “Biotecnologia Wetland Paisagística Como Elemento de Requalificação Urbana” em palestra no próximo dia 17, às 14h, na Escola Municipal da Iputinga (EMTI). Aberto ao público, o evento também marca um reencontro da pesquisadora com a comunidade em torno do Parque do Caiara, localizado no bairro da Iputinga, já que moradores e frequentadores contribuíram para os estudos da pesquisadora no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (Prodema) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). 

O trabalho de Simone foi desenvolvido com orientação da professora do Departamento de Ciências Geográficas da UFPE Maria do Socorro Bezerra de Araújo e coorientação do professor do Mestrado Profissional em Gestão Ambiental (MPGA) do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) Ronaldo Faustino. Ele ainda será depositado na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFPE, mas a doutoranda adianta algumas informações.

No texto, Simone explica que as chamadas wetlands construídas são reproduções de sistemas de lagoas naturais. Inspiradas em áreas de terras úmidas como manguezais e pântanos, importantes para manutenção da biodiversidade e proteção das áreas costeiras, as wetlands são elaboradas a partir de um conjunto de procedimentos biotecnológicos e podem contribuir para a despoluição de rios, lagos e outros corpos hídricos. Ela pontua que “ao contrário das estações de tratamento de esgoto (ETE) convencionais, nesse sistema não há lodo para ser tratado e a biomassa proveniente das plantas pode ser reutilizada como adubo. Se o sistema for aplicado adequadamente, os efluentes das wetlands podem atender às exigências da resolução Conama nº 357, de 17 de março de 2005, quanto ao lançamento de efluentes e controle de nutrientes”.

“O Brasil é um país que oferece excelentes condições climáticas e ambientais para a implantação desse tipo de biotecnologia, especialmente na região Nordeste, onde a irradiação solar é constante durante quase todo o ano, favorecendo o processo fotossintético das macrófitas [plantas aquáticas]. A utilização de sistemas de alagados artificiais pode ser uma medida viável e complementar à tecnologia tradicional para despoluição de corpos hídricos, auxiliando no processo de saneamento universal”, cita a pesquisadora.

Na tese, Simone apresenta informações sobre planos de recuperação feitos em diversas partes do mundo – o do Rio Cheonggyecheon, na Coreia do Sul; o do Rio Sena, na França; o do Rio Los Angeles, nos Estados Unidos; e o do Rio Medellín, na Colômbia – antes de chegar à parte específica do Rio Capibaribe, que passa por vários municípios pernambucanos. Às margens dele, encontra-se o Parque do Caiara, que passou por melhorias nos últimos anos, com espaços para lazer e prática esportiva e jardins filtrantes em operação.

Além de observar a situação em que se encontrava esse parque urbano, Simone também tinha como objetivo da tese apontar sugestões para o projeto de requalificação do espaço público em questão. “Para que a proposta de requalificação fosse exitosa, defendemos que a população local fosse escutada e participasse ativamente no processo de sugestão de serviços, mobiliários urbanos e mudanças”, recorda a pesquisadora, que ressalta: “Quando se escuta os usuários de um equipamento urbano, população local e liderança comunitária, os gestores públicos tendem a acertar mais, construindo espaços que atendam às reais necessidades da população, construindo-se espaços públicos funcionais e atraentes, evitando sucessivas requalificações sem êxito”.

A construção de um teatro com concha acústica foi uma das ideias sugeridas pelas pessoas que responderam ao questionário elaborado para a pesquisa. Ele ficaria posicionado próximo às margens do Rio Capibaribe, que também poderia ser contemplado pelo público. Os entrevistados também solicitaram, por exemplo, barreiras de proteção no entorno dos parques infantis e ainda no píer entre a rampa existente e o rio, com o intuito de prevenir acidentes. Esses e outros itens sugeridos pela população são dispostos pela pesquisadora em uma planta baixa, com a proposta de concentrar as atividades esportivas na parte norte e as educativas e culturais na parte sul.

“Passamos um bom tempo conversando, recebendo atenção e tempo dos moradores, criamos vínculos e voltar para mostrar que eles fazem parte desse trabalho é gratificante para nós e respeitoso para com a comunidade. Espero que possamos mostrar os resultados da pesquisa e a nossa contribuição social para além dos muros da universidade. Espero que eles se sintam valorizados e empoderados para participarem da construção de políticas públicas e participantes dos processos de reforma e qualificação que envolvem o local onde moram”, revela Simone sobre a expectativa dela em relação ao encontro (a pesquisadora também pretende encaminhar seus estudos para gestões públicas).

Egressa do Colégio de Aplicação e do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFPE, Simone classifica a experiência de ter feito o doutorado no Prodema como uma experiência muito enriquecedora, que lhe trouxe conhecimentos técnicos e científicos que ela pretende aplicar no trabalho como técnica administrativa do IFPE, tanto nos grupos de pesquisa como nos de extensão.

“Além do conhecimento acadêmico, ampliei meu conhecimento empírico conversando com a comunidade e passando a entender melhor o que realmente precisa ser implantado. Só podemos sugerir melhoras escutando a comunidade que mora ou frequenta determinado lugar e equipamento. Profissionais técnicos e gestores públicos precisam estar atentos às demandas da comunidade antes de propor mudanças ou requalificações espaciais. Quando se escuta a população se acerta mais”, avalia.

Data da última modificação: 08/01/2025, 13:09

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