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Artigo aborda historicização, discursos e promessas de prosperidade do transpentecostalismo no Brasil

O trabalho analisa os principais discursos e práticas do fenômeno religioso evangélico no Brasil

O professor Paulo Julião da Silva, do Departamento de Fundamentos Sociofilosóficos da Educação (DFSFE), do Centro de Educação (CE) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em parceria com seu ex-orientando de mestrado Samuel Pablo Costa de Almeida (PPGH/UFPE), publicou artigo que historiciza a emergência e consolidação do transpentecostalismo no Brasil e analisa seus principais discursos e práticas. Intitulado “Historicização e panorama sociocultural do transpentecostalismo no Brasil”, o estudo pode ser lido no volume 38, número 3, da Revista Estudos de Religião (Qualis A1).

No artigo, os autores definem o transpentecostalismo como expressão derivada das renovadas correntes pentecostais surgidas nos anos 1950, marcada não por novidade, mas por contínua transformação que se apropria de valores neoliberais. A partir de revisão bibliográfica e de imersões etnográficas realizadas durante o mestrado de Samuel Pablo na UFPE, o artigo traça o percurso desse movimento no contexto político e econômico brasileiro das décadas de 1980 e 1990, período de crises financeiras, inflação elevada e adoção de políticas de estabilização – como o Plano Real – que abriram caminho ao discurso de prosperidade e ao empreendedorismo religioso.

Os autores mostram como as igrejas transpentecostais incorporaram a Teologia da Prosperidade, que associa fé a recompensas materiais mediante práticas como dízimo, ofertas e “pactos” com a instituição religiosa, legitimadas por narrativas de superação individual. Descrevem ainda o uso estratégico da figura do Diabo, personificado em práticas consideradas “malignas” – desde drogas e religiões de matriz africana até posições políticas tidas como adversas –, para ensejar rituais de “guerra espiritual” e “exorcismo” que reforçam o poder institucional. Por fim, evidenciam o papel central dos testemunhos de fiéis bem-sucedidos, cujas histórias de cura e ascensão consolidam a “cultura da inspiração” e funcionam como forte instrumento persuasivo.

Paulo Julião e Samuel Pablo ressaltam que o transpentecostalismo constitui hoje um significativo fator sociocultural e econômico no Brasil, ao aliar retórica bélica contra o mal, promessas de prosperidade material e estratégias inspiracionais para fidelizar adeptos. O artigo reforça a necessidade de acompanhar criticamente os impactos desse fenômeno nas relações entre religião, mercado e Estado.

Data da última modificação: 09/07/2025, 16:14

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