O encontro aconteceu na tarde da última quarta-feira (20), no Anfiteatro 1 do hospital
O Hospital das Clínicas da UFPE sediou um debate sobre “Patient Blood Management (PBM)”, ou Gerenciamento de Sangue do Paciente, com a presença do professor Axel Hofmann, da University of Western Australia e líder do Grupo de Trabalho para avanço do PBM da Organização Mundial da Saúde (OMS). O encontro aconteceu na tarde da última quarta-feira (20), no Anfiteatro 1 do hospital, e reuniu representantes da gestão, médicos, residentes, enfermeiros, estudantes e corpo administrativo. O HC é uma unidade vinculada à rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
A abertura foi conduzida pelo gerente de Atenção à Saúde, Glauber Leitão, representando a Superintendência do HC. A médica Lorena Côrrea, hematologista e hemoterapeuta do hospital, colaborou na tradução da palestra e lidera o processo de implementação do PBM na unidade.
Na primeira parte do evento, o professor Hofmann apresentou o conceito do PBM, sua importância e experiências de aplicação na Austrália Ocidental e em outros países. Foram exibidos resultados de mais de dez anos de pesquisas com centenas de milhares de pacientes, que mostraram a necessidade de maior atenção ao manejo do sangue em situações de pré e pós-operatório. A anemia associada à deficiência de ferro, a perda de sangue e as coagulopatias com sangramento foram identificadas como fatores mais relevantes para os altos índices de morbimortalidade em diferentes tipos de cirurgia.
Em seguida, o pesquisador realizou uma visita técnica aos setores envolvidos na implantação do PBM no HC: UTI de adultos, anestesiologia, bloco cirúrgico, ambulatório de cirurgia (que já conta com a especialidade em PBM) e agência transfusional.
“O PBM é um modelo de cuidados centrado no paciente, baseado em evidências, que quebra o ciclo de anemia, perda de sangue e coagulopatias que resultam em transfusões. Essas situações aumentam a morbidade e a mortalidade, prolongando o tempo de internação. Sua implementação melhora os desfechos, reduzindo óbitos e tempo de hospitalização”, explicou Lorena Côrrea.
Os benefícios do PBM são diversos. Para o paciente, significa um cuidado e tratamento mais adequados às suas necessidades. Para o hospital, há redução do consumo de insumos, tanto relacionados às transfusões quanto aos danos decorrentes dos procedimentos. Além disso, o aumento da taxa de giro de leitos amplia a capacidade de atendimento, e o processo estruturado gera economia em saúde. Consequentemente, diminui o número de hemotransfusões, permitindo que os componentes do sangue sejam destinados a pacientes para os quais a transfusão é a única alternativa de tratamento.
Hofmann também destacou a necessidade de encarar o sangue não apenas como um tecido conjuntivo, mas como um órgão, propondo que se fale em “saúde do sangue”, assim como se fala da saúde de outros órgãos do corpo. Essa visão, segundo ele, possibilita mais atenção e cuidado aos pacientes.
DOCUMENTO - A OMS elaborou o documento “Guidante on implementing patient blood management to improve global blood health status”, com orientações sobre o tema.