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Livro editado pela Cepe revela destino de bens dos jesuítas após expulsão dos padres
Obra foi organizada por professora da UFPE e também contou com participação de outros docentes da Universidade
Com informações da assessoria da Cepe
Na próxima segunda-feira (27), às 19h30, será lançado no auditório do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP) – Rua do Hospício, 130, Boa Vista –, o livro “Bens dos jesuítas: bens livres e de encargo pertencentes aos Colégios de Olinda, Recife, Paraíba e Ceará”, que reúne informações econômicas e sociais sobre o espólio terrenal dos jesuítas nas capitanias de Pernambuco, Paraíba e Ceará. A obras, editada, pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), contou com organização e participação de docentes da UFPE. O evento será transmitido pelo YouTube e pelo Facebook do IAHGP.
Por ocasião da ordem de expulsão da ordem religiosa do Brasil, em 1759, realizou-se um inventário de todos os seus bens. Estas informações foram recolhidas em um códice conservado no Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano. São dados que ajudam a entender a extensão, as dinâmicas e os sujeitos históricos que se envolveram com a partilha de bens, na segunda metade do século XVIII, bem como da ação da Companhia de Jesus em Pernambuco e capitanias anexas durante o período colonial. Importantes para a História, os originais do século XVIII foram nominados Memória do Mundo do Brasil, em 2012, pela Unesco.
A organização do volume ficou a cargo da professora Gilda Maria Whitaker Verri (do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UFPE) e da mestra em História pela Universidade de Coimbra Ana Margarida Santos Pereira. Participaram da edição do livro os professores da UFPE José Luiz Mota Menezes (in memoriam) e George Cabral (Departamento de História), e os pesquisadores Jorge Couto (Universidade de Lisboa), Reinaldo Carneiro Leão (Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano) e Vitor Fonseca (Unirio). O livro custa R$ 85 (impresso) e R$ 26 (e-book) e pode ser adquirido em lojas físicas e na loja virtual da Cepe.
BENS CONFISCADOS – Nos séculos 16, 17 e 18, padres da Companhia de Jesus viveram em terras pernambucanas para catequizar indígenas, educar jovens e propagar a fé. Ao longo desse período, iniciado em 1551, os religiosos acumularam imóveis, escravos e animais, entre outras posses. E perderam tudo quando foram expulsos do Brasil pelo Marquês de Pombal em 1759. A lista dos bens confiscados aos jesuítas virou este livro.
Com 396 páginas, “Bens dos Jesuítas - Bens Livres e de Encargo Pertencentes aos Colégios de Olinda, Recife, Paraíba e Ceará” é fonte primária (escrita por quem viveu a história naquele momento) para historiadores, economistas e linguistas. “A publicação pode suscitar muitas pesquisas”, afirma Gilda Verri, que organizou o livro com Ana Margarida Santos Pereira. O documento original, manuscrito, é de propriedade do Instituto Arqueológico, entidade cultural sem fins lucrativos fundada em 1862, no século 19.
O título lançado pela Cepe, com o espólio dos jesuítas na Capitania de Pernambuco, contém a transcrição paleográfica do manuscrito e uma versão atualizada do documento de acordo com as regras ortográficas em uso no País. “É importante oferecer as duas opções de leitura porque o livro fica acessível ao público em geral e, ao mesmo tempo, preserva a ortografia antiga, o modo como se escrevia no século 18, para pesquisadores da área de linguística”, observa Gilda Verri.
No manuscrito, há anotações de diferentes escrivães que registraram, de 1765 a 1768, o destino dado aos bens dos padres: quem comprou e quanto pagou. Depois do confisco, o governo português se desfez de casas no Recife, em Olinda e em outras localidades, de engenhos de açúcar e fazendas de gado na zona rural e de escravos. Um economista que estuda o tema da escravidão vai encontrar no livro o preço de venda de escravos e escravas, assim como o valor de imóveis, diz ela.
O livro também traz um texto do arquiteto e urbanista José Luiz Mota Menezes (falecido no dia 6 último aos 85 anos) indicando, quando possível, a localização atual de cada um dos bens declarados. Além de mapas antigos que mostram como era o Recife no tempo em que os padres jesuítas viveram no Brasil colonial.
A lista dos bens dos jesuítas ficou desaparecida por mais de 70 anos, até ser recuperada pelo Instituto Arqueológico em 2007, quando o primeiro secretário da entidade, Reinaldo Carneiro Leão, a encontrou numa livraria antiquária em São Paulo. Ele conta essa história na apresentação do livro. O documento foi restaurado e, desde 2012, é reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como Memória do Mundo do Brasil (MoW Brasil).
De acordo com Gilda Verri, não consta na lista a origem das doações feitas aos padres. “Elas vinham, principalmente, de comerciantes e donos de engenho como pagamento de promessas. Essa riqueza ajudou a sustentar as atividades dos religiosos”, informa. O manuscrito está acondicionado da forma correta e não pode ser manuseado.