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Obra de Osman Lins ganha nova edição produzida em parceria pela Editora UFPE e pela Cepe

Coedição de “Guerra sem testemunhas” resgata ensaio do escritor vitoriense sobre a literatura como ofício, entre outros temas

Será realizado, nesta sexta-feira (24), o lançamento da terceira edição de “Guerra sem testemunhas: o escritor, sua condição e a realidade social”, obra de Osman Lins (1924-1978) que havia recebido sua última tiragem em 1974. A nova edição conta com organização e apresentação do professor Fábio Andrade, do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e foi coeditada pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) e pela Editora UFPE. O lançamento ocorre às 19h30, no Museu do Estado de Pernambuco (Mepe), nas Graças.

Durante o lançamento, o público poderá participar gratuitamente de um bate-papo com o organizador sobre o legado da produção de Osman Lins para a cultura brasileira, contando com a mediação do professor de Comunicação Social e Teoria da Literatura do Centro Acadêmico do Agreste (CAA) da UFPE Eduardo Cesar Maia. Ao final, haverá sessão de autógrafos.

Entre as peculiaridades de “Guerra sem testemunhas” está a de o autor tratar não apenas do ato de escrever, objeto, para ele, de um compromisso incondicionalmente vital. Na obra agora relançada, Osman estende seu olhar para a totalidade do processo que inscreve cada escritor na cultura, e que envolve um objeto-chave: o livro. A história desse objeto na cultura, as técnicas empenhadas em seu fabrico ontem e hoje (da revisão textual à impressão), as engrenagens do mercado editorial, a crítica literária e mesmo a censura, vigente na época de produção original da obra, são também assuntos de “Guerra sem testemunhas”. Sempre na conhecida linguagem do autor: raciocínio claro, metáfora viva, posicionamento contundente e ritmo cativante – este último, tanto na frase quanto na narrativa, que não deixa de igualmente comparecer no livro, um híbrido, com frequência, entre o ensaio e a ficção.

A nova edição, além de cumprir com o seu papel principal, de pôr de novo em circulação a obra após mais de 50 anos, contribui para a história do texto do livro, no sentido de preencher pequenas lacunas bibliográficas, por exemplo, ou de adequá-lo à ortografia vigente: processo natural de depuração dos textos verdadeiramente clássicos, ao longo de sua sempre longa idade. As notas de Fábio Andrade, especialista na produção de Osman Lins, concentram-se nas ligações entre o “Guerra sem testemunhas” e outras obras do autor. O índice onomástico, novidade desta terceira edição, convém ao grande número de nomes citados por Osman: escritores, artistas em geral, figuras históricas, personagens, editores e inventores da arte do livro. Além de útil a leitores e pesquisadores, é um testemunho da abrangência dos interesses do autor.

Em lugar da habitual divisão de tarefas, em que as editoras envolvidas assumem diferentes etapas da editoração, no caso da parceria entre a Editora UFPE e a Cepe, o trabalho de coedição se deu sob um regime de efetivo compartilhamento de ações em cada etapa editorial. Além da repercussão no resultado, é esse um dado de relevância do ponto de vista de um diálogo interinstitucional que se refina – entre dois entes públicos dedicados à memória, à cultura e ao conhecimento no estado. 

Osman Lins e a Editora UFPE – Em 1966, “Um mundo estagnado” foi editado pela Editora UFPE, quando ainda se chamava Imprensa Universitária. Nesse livro de pequenas dimensões, Osman realiza uma avaliação rigorosa do tratamento dado à literatura nos livros didáticos do momento – tema que reaparece em “Guerra sem testemunhas”, publicado pela primeira vez em 1969. Esses artigos fariam parte depois de “Do ideal e da glória”, de 1977, livro que, reunido ao póstumo “Evangelho na taba”, de 1978, foi republicado em 2018 pela Editora UFPE, com organização também de Fábio Andrade, com o título de “Problemas inculturais brasileiros”. O projeto gráfico deste último serviu de diretriz para o do novo “Guerra sem testemunhas”. No ano em que a Editora UFPE completa 70 anos, essa é uma trajetória, entre outras, que exemplifica o papel do órgão no fomento à memória cultural do estado, para além da produção acadêmico-científica.

Centenário – Nascido em 5 de julho de 1924, na cidade pernambucana de Vitória de Santo Antão, Osman da Costa Lins notabilizou-se como autor de contos, romances, narrativas, livro de viagens e peças de teatro, fixando-se como um dos principais nomes da cultura brasileira do século XX por obras como “A rainha dos cárceres da Grécia”, “Avalovara” e “Lisbela e o Prisioneiro”, peça teatral que foi adaptada para o cinema em 2003, transformando-se em um dos maiores sucessos da cinematografia nacional. O autor, que completaria cem anos de idade em 2024, faleceu em 8 de julho de 1978, na cidade de São Paulo.

Como adquirir – A terceira edição de “Guerra sem testemunhas: o escritor, sua condição e a realidade social” pode ser adquirida remotamente, em versão física, tanto no site da Editora UFPE quanto no da Cepe, ao preço de R$ 70. Durante o lançamento, haverá exemplares à venda no local.

Date of last modification: 23/01/2025, 14:53