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Plataforma digital inova na gestão de riscos em projetos acadêmicos

Framework Raphe une bases de dados robustas, praticidade e facilidade de uso

Por Fernanda Souza

A gestão de projetos acadêmicos pode ganhar um novo aliado. O Risk in Academics Projects in Higher Education (Raphe) é um framework específico para essa área, que tem como proposta gerenciar riscos e atender às demandas das Instituições de Ensino Superior (IES) para minimizar falhas no andamento de projetos acadêmicos. O instrumento inovador foi desenvolvido pela pesquisadora Gilka Rocha Barbosa em sua tese de doutorado, defendida, em 2023, no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação do Centro de Informática (CIn) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Intitulada “Um Framework para Gestão de Riscos em Projetos Acadêmicos”, a tese foi orientada pelo professor Hermano Perrelli de Moura e coorientada pela professora Cristine Martins Gomes de Gusmão, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Biomédica da UFPE. O trabalho põe em foco a gestão de riscos em projetos acadêmicos e o fato de que os atuais frameworks e manuais de riscos não atendem às demandas das IES por serem direcionados a projetos corporativos.

“Percebi que, embora exista um vasto arcabouço de ferramentas, processos e tecnologias para o gerenciamento de riscos e que alguns deles vêm sendo considerados e adaptados para a implementação em IES, eles contemplam a gestão de riscos em processos e projetos administrativos. Todavia precisamos de instrumentos que possam ser utilizados nos projetos que implementem soluções para o desenvolvimento das atividades acadêmicas de ensino, pesquisa e extensão”, afirmou a pesquisadora.

Entre os elementos do Raphe, destacam-se as suas bases de referências e de recomendações, ambas construídas pela pesquisadora a partir de pesquisas na literatura e recomendações de especialistas. A primeira é uma base de dados que auxilia o gestor a identificar possíveis riscos ao seu projeto. Já a segunda é uma base que mostra possíveis soluções para os riscos, porém que possui o diferencial de também sugerir como tomar essas medidas. Outro aspecto relevante dessas duas bases é a capacidade de evolução, já que gestores podem gerir e atualizar ambos os ambientes a partir de suas experiências próprias. Assim, o Raphe torna-se um framework único para cada gestor, de forma que, a partir de seu gerenciamento, ele se adéqua às necessidades individuais de cada usuário, equipe, projeto e instituição.

Outro destaque é a praticidade e facilidade de uso em relação a outros frameworks, o que garante que até mesmo gestores inexperientes consigam usá-lo para gerir os riscos de seus projetos. Como produto da pesquisa, Gilka Rocha desenvolveu um protótipo do framework, utilizando a versão final do Raphe. Denominado Raphe Platform, trata-se de uma plataforma on-line na qual gestores podem efetivamente usar o framework. Ela possui um design intuitivo e um sistema simples, porém robusto, no qual o gestor pode selecionar possíveis riscos e informar a causa, a consequência, o impacto e a probabilidade de ocorrência do risco no projeto. A partir desses dados e detalhes oferecidos pelo gestor, o aplicativo sugere o nível de risco no projeto, recomenda opções para lidar com a sua criticidade e sugere ações diante do risco. A plataforma está disponível para testes na internet

PERCURSO – O Raphe teve sua concepção iniciada com um levantamento bibliográfico para definir as especificidades dos projetos acadêmicos, categorizar e quantificar os possíveis riscos aos quais essa modalidade está suscetível e identificar os chamados Fatores Críticos de Sucesso, que são condições que favorecem a realização de projetos. 

Outro método utilizado para coleta de dados foi o survey, que consistiu na aplicação de questionário voltado a docentes e pesquisadores que, na época, geriam projetos acadêmicos em IES. A partir disso, foi possível consolidar os possíveis riscos enfrentados por tais projetos e entender a familiaridade de gestores com mecanismos para gestão de riscos de projetos. “Identifiquei que, em grande parte, faltam conhecimento e prática de gerenciamento de riscos pelos docentes e pesquisadores”, disse Gilka Rocha. Com os dados em mãos, a pesquisadora formou a primeira versão do seu framework. 

O passo seguinte da pesquisa focou na avaliação e evolução do Raphe, a partir da investigação realizada com profissionais experientes tanto na área de gestão de riscos, quanto na formulação de projetos acadêmicos. A partir do feedback recebido, o framework evoluiu para a sua segunda versão.

Finalmente, foi realizada uma sessão com um grupo focal para analisar e aperfeiçoar o framework Raphe. O grupo consistiu em profissionais qualificados e experientes, e, a partir dos seus comentários e sugestões, o Raphe chegou à sua terceira e atual versão. Sobre os seus contribuidores, a pesquisadora adicionou que “os componentes do grupo focal colaboraram com relevante e indispensável avaliação da interface e processos do Raphe”. 

É importante frisar que o Raphe não é um framework construído do zero. Ele é formado por modelos de framework e de manuais já estabelecidos no mundo corporativo, como o Coso, o PMBOK e a ABNT NBR 16337. Porém, mesmo com essas inspirações, Gilka Rocha atestou que o framework é único em seu funcionamento e em seus objetivos, tornando-se ideal para o ambiente acadêmico. 

Mais informações
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação da UFPE
(81) 2126.7754

ppgci@ufpe.br 

Gilka Rocha Barbosa
grb@cin.ufpe.br 

Date of last modification: 07/02/2024, 08:25