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Combinação de fatores causa vulnerabilidade socioambiental do Rio Capibaribe em cidades pequenas de Pernambuco
Pesquisa indica que é fundamental a revisão das políticas públicas, do papel do Estado e do planejamento das formas de uso e ocupação do solo nas margens do rio.
Por Ellen Tavares
Casos de desabamentos de terra em períodos de enchentes e doenças provocadas por inundações e contato com água contaminada ocorrem quando não é dada a devida importância às margens de rios. Para fomentar soluções diante desse quadro, a tese “Uso e ocupação das margens do rio Capibaribe: vulnerabilidades socioambientais em áreas urbanas” foi apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal de Pernambuco (Prodema-UFPE), pelo professor e pesquisador João Paulo Gomes de Vasconcelos Aragão.
A pesquisa, orientada pela professora Edvânia Torres Aguiar Gomes, buscou questionar como estão articulados os fatores responsáveis pela vulnerabilidade socioambiental nas áreas de margem do Rio Capibaribe em pequenas cidades de Pernambuco. E constatou que a margem fluvial, em cada área urbana, apresenta carências naturais e sociais particulares, exigindo medidas específicas, porém, pautadas na integração dos sistemas sociais, naturais e de gestão, tanto da bacia hidrográfica, como das políticas de desenvolvimento urbano e regional.
Foto: Divulgação
Rio Capibaribe foi objeto de estudo do pesquisador João Paulo Gomes de Vasconcelos Aragão
Segundo o autor do estudo, para o cumprimento dessas medidas é fundamental a revisão das políticas públicas, do papel do Estado e do planejamento das formas de uso e ocupação do solo nas margens do rio. “Apesar de necessárias ao desenvolvimento destas cidades, as formas de uso e ocupação do Rio Capibaribe poderiam ser mais bem planejadas respeitando as margens fluviais, os recursos que estas guardam e o equilíbrio social das cidades hoje pequenas”, afirma João Paulo. E acrescenta que essas cidades seguem reproduzindo o exemplo de cidades médias e grandes que tornaram seus rios escoadores do refugo urbano industrial e, suas margens fluviais, espaços interiores das cidades utilizadas como exílio social populações segregadas espacialmente e vulneráveis socioambientalmente.
O estudo buscou fomentar ações de planejamento na recuperação e gestão dos ambientes das margens fluviais e nas dinâmicas socioespaciais que ocorrem nestas áreas, além da redução das vulnerabilidades existentes. Para a realização da tese, foi realizado estudo de campo, levantamento fotográfico e de dados secundários nas bases de instituições públicas, municipais, estaduais e federais, além de questionários semiestruturados, produção iconográfica e cartográfica; nas cidades de Limoeiro, Santa Cruz do Capibaribe e São Lourenço da Mata, localizadas no Estado de Pernambuco.
As localidades foram selecionadas por serem cidades banhadas pelo Rio Capibaribe e por concentrarem importantes dinâmicas socioespaciais e econômicas na atualidade. “Não considerar estas áreas - margens fluviais - é uma incoerência administrativa, um descaso para com o equilíbrio socioambiental de muitas cidades brasileiras, além de representar risco às populações ribeirinhas. Só obras infraestruturais não constituem uma alternativa viável à resolução dos problemas decorrentes das inundações”, pontua o pesquisador, atualmente professor do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE).
HISTÓRIA | De acordo com a tese, as indissociáveis e históricas relações entre tempos naturais e tempos antrópicos apontam que as formas de uso e ocupação dos solos em margens de rios - das lavouras irrigadas às precárias moradias e prédios de luxo; das indústrias aos parques fluviais - são complexas e peculiares. “A dissociação entre as ações humanas e os sistemas naturais, para o caso das margens de rios, progride historicamente no esquecimento sendo custosamente relembrada apenas quando das inundações que, insistentemente, são empurradas para baixo do tapete da realidade”, afirma.
Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da UFPE (Prodema)
(81) 2126.8287/8288
prodemaufpe1@gmail.com
João Paulo Gomes de Vasconcelos Aragão