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UFPE inicia conferências preparatórias para evento latino-americano de Educação Superior

O evento ocorrerá de 11 a 15 de junho de 2018, na cidade de Córdoba, na Argentina

O debate entre o professor Paulo Henrique Martins, do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFPE, e o sociólogo, pesquisador da Fundaj e professor visitante Joanildo Burity, realizado na última sexta-feira (15), sobre a crise do republicanismo e a missão da universidade pública, deu o tom de seriedade e profundidade que será perseguido nos demais eventos preparatórios para a participação da UFPE na Conferência Regional de Educação Superior da América Latina e Caribe 2018. Até o mês de junho do próximo ano, quando ocorrerá a Cres 2018, em Córdoba, na Argentina, a Universidade vai promover, a cada mês, novas conferências, sob a organização do Instituto de Estudos da América Latina (IAL-UFPE), coordenado pelo professor Burity.

Foto: Passarinho

Pesquisadores debatem papel da universidade pública

Com a presença de docentes, pró-reitores e diretores da Universidade, segundo o reitor Anísio Brasileiro, “o debate trouxe importantes contribuições para o aprofundamento das questões atuais e relevantes sobre o Ensino Superior”. Para o reitor, o que a UFPE precisa levar para Córdoba passa por uma crítica profunda ao produtivismo, hoje vigente na academia, e deve gerar uma proposta de inclusão e maior participação da instituição pública de ensino superior junto à sociedade, nas suas mais diversas facetas. Numa síntese sobre o evento, Joanildo afirma que foi dada a largada para se definir um horizonte em que a Universidade pretende se situar no futuro, a partir da necessidade de mudanças imediatas, que levem em conta o cenário atual de tensão entre o comum e o privado, que novamente se torna muito grande.

Defendendo o propósito de “reinvenção do pacto republicano como caminho para o resgate do ideário do bem-comum”, o professor Paulo Henrique abriu a discussão que suscitou, adiante, colocações mais específicas sobre o atual papel das universidades públicas nos países, onde, segundo o conferencista, “é necessário se trabalhar a identidade nacional dentro do contexto da diversidade, para além dos interesses individuais”. O docente ainda alerta que o pensamento neoliberal tende a reduzir a crise a um problema de desregulação econômica do mercado, mas que esse discurso “tem como destino certo as sociedades periféricas dotadas de recursos naturais importantes para a atividade capitalista e possuidora de mercados de consumo atraentes”.

No papel de debatedor, Joanildo Burity lançou questionamento sobre se o republicanismo, de fato, estaria intrinsecamente vinculado à democracia e apontou que “a crise do referencial republicano propicia a oportunidade para nova onda de políticas neoliberais que ressurgem com toda força em escala planetária e se expressa na ‘parasitagem’ das instituições democráticas”. Para Burity, é importante se rememorar que há momentos na história em que o republicanismo foi aberto a modelos ditatoriais e a favor meramente das oligarquias e que é necessário se ter em mente que países como Portugal, Espanha, Inglaterra e Holanda, todos não republicanos na época da expansão colonizadora, fincaram seus ideais na América Latina, daí a necessidade de “ficarmos atentos aos perigos de uma proposta republicana germinada nessa região”, advertiu.

No momento de participação da plateia, professores com Silke Weber, do Programa de Pós-Graduação em Sociologia, e o pró-reitor para Assuntos Acadêmicos, Paulo Goes, contribuíram com dados e observações pertinentes. Silke defendeu a necessidade de os docentes e demais integrantes do ensino público superior fazerem uma autocrítica quanto ao modelo que, segundo ela, privilegia a quantidade de produção acadêmica em detrimento da qualidade. “Fomos nós, nossos pares do CNPq e da Capes que formulamos esse modelo, que tem muita influência do modo de pensar das ciências exatas”. Goes revelou que recente pesquisa feita no âmbito da UFPE aponta que a boa avaliação da produção das pós-graduações, segundo a Capes, não se reflete, necessariamente, em bons resultados nas sondagens sobre qualidade das graduações, aferido pelo Enade.

CRES 2018 – Organizada pela Unesco através do Instituto Internacional de Ensino Superior da América Latina e do Caribe (IESALC), em conjunto com a Universidade Nacional de Córdoba (UNC), o Conselho Nacional Interuniversitário (CIN) e o Políticas Universitárias (SPU) do Ministério da Educação e Esportes da Argentina e também tem o apoio especial do Conselho de Reitores de Universidades Privadas da Argentina (Crup), a III Conferência Regional sobre Educação Superior (Cres 2018) vai reunir reitores, diretores e servidores acadêmicos, estudantes, redes de ensino superior, associações profissionais, centros de pesquisa, sindicatos, representantes de organizações governamentais e não governamentais e amigos e amigos da Educação do continente. O objetivo é discutir e acordar critérios e formular propostas e linhas de ação para consolidar o ensino superior como um direito social, humano e universal, e responsabilidade dos Estados.

O evento ocorrerá de 11 a 15 de junho de 2018 na cidade de Córdoba, na Argentina, e está sendo precedido de conferências e debates participativos, com diferentes modalidades (fóruns e eventos regionais) sobre o estado atual do Ensino Superior, seus pontos fortes e fracos, sua história e evolução, bem como as melhorias e conquistas desejadas na próxima década, tendo em vista os objetivos de desenvolvimento sustentável e as definições da Agenda Educacional 2030 da Unesco. As conclusões alcançadas na Cres 2018 farão parte da agenda preparatória que os países da América Latina e do Caribe levarão à Conferência Mundial sobre Educação Superior que será realizada em 2019.

Date of last modification: 18/09/2017, 15:44