Valentina, Flávio, Nicolas, Milena, Ramom, Felipe, Sandra, Rhavy, Patrick, Moara. São nomes de pessoas de todas as regiões do Brasil que têm algo em comum e se unem neste mês de setembro, dedicado à conscientização sobre doação de órgãos. Eles representam, na condição de doadores ou receptores, as mais de 14 mil pessoas que receberam transplantes de órgãos, tecidos e medula óssea no país neste ano. No Hospital das Clínicas da UFPE, foram realizados 23 transplantes de rim entre os anos de 2020 e 2023, conforme dados do SIA/SIH/SUS divulgados pela Ebserh. Nos transplantes, foram utilizados órgãos de doador vivo ou falecido.

Além de realizar transplantes, o HC também faz captação de córneas. Só no primeiro semestre de 2023, houve captação de 66 córneas no hospital-escola. Para isso, um trabalho essencial é desenvolvido pela equipe de profissionais que compõem a Comissão Intra-Hospitalar para Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes, a Cihdott. A estrutura tem a responsabilidade de organizar, na instituição, os protocolos e ações que favoreçam a execução do processo de doação e transplantes, conforme os preceitos éticos e legais definidos pelo Sistema Nacional de Transplantes.

“A gente estabelece uma relação de empatia, ajuda e acolhimento durante todo o processo. À família enlutada, oferecemos o direito à doação. A família fica sabendo que pode doar as córneas do seu ente querido e, dessa forma, ajudar duas pessoas a saírem da fila de espera pelo tecido”, explica a coordenadora da Cihdott do HC, a médica intensivista Claudia Vilela. Atualmente, em Pernambuco, cerca de 1.100 pessoas encontram-se na lista de espera.

A Cihdott do HC funciona de segunda a sexta-feira das 7h às 19h e mantém o 4º lugar no estado no ranking de doação de córneas, atrás apenas de hospitais com número mais elevado de óbitos mensais (Hospital da Restauração, Hospital do Câncer e Hospital do Imip), ficando na frente de grandes hospitais de Pernambuco cuja comissão funciona 24 horas por dia.

A negativa familiar é um dos principais motivos para que um órgão não seja doado no Brasil. Nacionalmente, o número de famílias que não autorizam a doação de órgãos dos seus familiares atinge o índice de 49%. Mas, no HC, a taxa de negativa é de apenas 11% - muito abaixo da taxa nacional e do índice estadual, que é de 61%.

Diversos fatores contribuem para a pequena taxa de negativa familiar no HC. Dentre eles, destaca-se o trabalho humanizado desenvolvido pela Cihdott. Após o falecimento do paciente, a família é acolhida na sala da Cihdott ou na sala de acolhimento do necrotério em que é oferecida a possibilidade da doação.

SETEMBRO VERDE NO HC - Como já é tradição, o HC realizará ações para marcar o Setembro Verde 2023. A programação está prevista para ocorrer na última semana do mês, de 25 a 30 deste mês, com o II Simpósio de Doação de Órgãos e Tecidos, em conjunto com a Unidade de Transplantes do hospital e a Residência Multiprofissional, com participação da Central de Transplantes de Pernambuco, de pacientes e familiares.

Também está prevista a apresentação do projeto “Música para o Coração e a alma”, com a regente do Coro Anna Claudia Reithler, no dia 28. Além disso, durante toda a semana, haverá atividades de educação continuada sobre a temática no hospital, bem como ações de incentivo à doação de órgão e tecidos nas portarias e enfermarias da instituição.

TRANSPLANTES NA REDE EBSERH - Só na Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) — estatal que administra 41 hospitais universitários (HUs) —, 19 instituições realizaram 791 transplantes no primeiro semestre de 2023, segundo a Base de Dados Nacionais do Sistema Único de Saúde (SIA/SIH/SUS). No ano passado, os HUs da Rede Ebserh realizaram 1.473 transplantes; já em 2021, foram 1.342 cirurgias e, em 2020, 1.094 transplantes na Rede. Os dados são do Serviço de Gestão da Informação, Monitoramento e Avaliação da estatal.

Os investimentos em pesquisa, formação de pessoal e tecnologias feitos nos hospitais da rede Ebserh garantem que esses serviços sejam oferecidos à população dentro do Sistema Único de Saúde (SUS) em todas as frentes, num trabalho que envolve várias etapas: as cirurgias de captação de órgãos feitas em unidades de todas as regiões do Brasil; a abordagem para doação quando é identificado um potencial doador pelos comitês; o próprio transplante (um processo sofisticado e cada vez mais seguro); e o acompanhamento pós-cirurgia.