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Palestras sobre o HIV/aids antecipam o Dezembro Vermelho no HC

Assuntos como prevenção, diagnóstico, tratamento e a melhoria das condições das pessoas que vivem com HIV foram apresentados em evento

Apresentar um panorama geral sobre a aids com palestras que abordam desde a prevenção até o tratamento atual, mais eficiente e consequentemente gerador de melhor qualidade de vida das pessoas que vivem com o HIV, passando por assuntos como a importância do diagnóstico rápido (incluindo as opções de autoteste) e uma linha do tempo contextualizando histórica e socialmente a doença. Esse foi o objetivo do evento “Pessoas vivendo com HIV/aids: Linha do tempo e cuidado centrado na pessoa”, realizado no Anfiteatro 1, na manhã da última quarta-feira (29), promovido pela Área Assistencial de Doenças Infecciosas e Parasitárias (DIP) do Hospital das Clínicas da UFPE/Ebserh).

O evento abriu no HC as ações do Dezembro Vermelho, campanha de conscientização e prevenção à aids e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). A médica Karen Costa, residente em Infectologia do HC, falou sobre a linha do tempo, desde as primeiras notificações classificadas ainda como “doença rara”, entre 1977 e 1979, até os mais recentes casos de cura, ainda restritos a poucos indivíduos, mas com perspectivas promissoras. “É importante que as pessoas tenham acesso a um diagnóstico rápido para um tratamento com início rápido para que todos os países atinjam as “Metas 95-95-95” da Unaids (Programa da Organização das Nações Unidas para o enfrentamento da doença)”, destacou Karen Costa.

Pelas metas, 95% das pessoas que vivem com HIV devem conhecer o seu status sorológico; 95% das pessoas que sabem que vivem com HIV devem estar em tratamento antirretroviral; e 95% das pessoas em tratamento devem estar com a carga viral suprimida. No Brasil, em 2022, essas metas estão, respectivamente, em 91-81-95. Em números, das 990 mil pessoas que vivem com HIV no país, 900 mil conhecem o seu diagnóstico; 729 mil fazem o tratamento; e 693 mil estão com a carga viral suprimida.

TRATAMENTO - O farmacêutico da DIP Rafael Fonseca abordou os avanços da terapia antirretroviral. “Uma grande notícia que a gente precisa dizer às pessoas é que o tratamento não traz efeitos colaterais e é eficaz, pois suprime a carga viral. E sem essa carga viral, as pessoas passam a não transmitir a doença por contato sexual”, comemorou o especialista, que ressaltou ainda a melhora da vida das pessoas e redução da incidência da tuberculose, a principal causa de morte por infecções oportunistas associadas à aids.

A evolução do tratamento e a consequente melhoria das condições de vida das pessoas que vivem com HIV foram ressaltadas pelo coordenador da DIP do HC, Paulo Sérgio Ramos. O médico infectologista, em sua palestra, optou pelo termo “vida qualificada”, conceito elaborado pelo psicanalista Jorge Forbes para diferenciar de “qualidade de vida”, este caracterizado por um padrão com conceitos e atitudes pré-estabelecidos na vida em sociedade.

“A vida qualificada é a identificação do que faz sentido para a pessoa se sentir bem e feliz. Isso também tem a ver, muitas vezes, com as expectativas que nós, profissionais de saúde, temos de um paciente que a gente idealiza e acha que vai seguir o tratamento à risca. Nem sempre é assim. O importante é fazer o paciente entender a importância da adesão ao tratamento”, salientou Paulo Sérgio.

O especialista destacou que, no passado, o coquetel era formado por 28 comprimidos que causavam efeitos colaterais. Hoje, são apenas dois comprimidos sem efeitos e que têm a efetividade da supressão da carga viral. “E há previsão de ser apenas um comprimido a partir do primeiro semestre de 2024. A evolução do tratamento é uma vitória”, completou.

PREVENÇÃO - Na sequência, a também médica infectologista Claudia Vidal abordou a prevenção combinada e a sua mandala, com ações a serem tomadas como a testagem regular para o HIV; a prevenção da transmissão vertical (quando a gestante é soropositiva e pode haver a transmissão do vírus para o bebê); o tratamento das ISTs e das hepatites virais; a imunização para as hepatites A e B; a redução de danos para usuários de álcool e outras drogas; a profilaxia pré-exposição (PrEP); a profilaxia pós-exposição (PEP); e o tratamento para todas as pessoas que já vivem com HIV. “O tratamento com boa adesão do paciente salva vidas”, ressaltou ela.

AUTOTESTE - Fechando as palestras, a enfermeira Ketly Rodrigues mostrou os dois tipos de autoteste existentes no mercado, o de fluido oral e o de sangue, que são distribuídos no SUS a pessoas de grupos de situação de risco, nos Serviços Ambulatoriais Especializados (SAEs) e ambulatórios de PrEP. A profissional salientou as vantagens. “Os autotestes têm o diagnóstico rápido, que sai em 20 minutos; tem a privacidade do diagnóstico e são práticos e fáceis de fazer”, disse, completando que é fundamental, em caso de resultado positivo, procurar uma unidade de saúde para refazer o exame e começar o tratamento o mais rápido possível.

O evento integrou uma série de atividades educativas em lembrança ao Dia Mundial de Combate à Aids, celebrado nesta sexta-feira (1º), quando haverá panfletagem de cartilha informativa na portaria dos ambulatórios. Nos próximos dias 5 e 6, haverá a disponibilização de testes rápidos para o público em geral na clínica da DIP, situada no 5º andar, com acesso pela portaria dos ambulatórios.

Date of last modification: 01/12/2023, 15:33