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Especialista do HC alerta para o uso indiscriminado de medicamentos antimicrobianos

Na Semana Mundial de Conscientização de Resistência aos Antimicrobianos, o foco é o impacto desta ameaça global nos seres vivos e meio ambiente

A Semana Mundial de Conscientização de Resistência aos Antimicrobianos – campanha celebrada anualmente entre os dias 18 e 24 de novembro – tem como objetivo chamar a atenção da sociedade, profissionais de saúde e políticos para conscientizar e estimular práticas de enfrentamento à disseminação de resistência a antibióticos. Ao longo desta semana, a equipe multiprofissional do Hospital de Clínicas da UFPE se unirá à causa, vestindo a cor temática da campanha, o azul, e empenhando-se em conscientizar a comunidade hospitalar por meio do slogan “Prevenindo juntos a resistência antimicrobiana”.

Sobre o assunto, a médica infectologista da Comissão de Controle de Infecções Relacionadas à Saúde (CCIRAS) do HC Cláudia Albuquerque alerta para o uso de medicamentos sem prescrição, o que pode aumentar a resistência a tratamentos que causam infecções comuns entre a população. “O uso indiscriminado de antimicrobianos não afeta somente a assistência à saúde humana, mas também animal e produção de alimentos. Além do risco de morte, a resistência antimicrobiana pode aumentar a morbidade e trazer impacto econômico significativo. Por isso, é importante evitar automedicação e interrupções de tratamento sem orientação do especialista, e seguir recomendações de vacinação dos órgãos norteadores”, explica.

A resistência antimicrobiana (RAM) manifesta-se quando bactérias, vírus, fungos e parasitas adquirem a habilidade de resistir aos efeitos dos medicamentos, tornando as infecções mais desafiadoras de tratar e elevando o risco de propagação de doenças. Segundo o relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), níveis preocupantes de resistência em bactérias associadas à sepse, além do aumento da resistência a tratamentos por diversas bactérias responsáveis por infecções comuns na população, conforme dados coletados de 87 países em 2020.

Durante a semana, também é destacada a importância de práticas agrícolas responsáveis, já que o uso indiscriminado de antimicrobianos na produção animal e na agricultura pode contribuir significativamente para a propagação da resistência. Além disso, a campanha tem o apoio das organizações quadripartites - a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).

Conforme destacado pela OMS, a RAM representa uma ameaça global que impacta os seres vivos e o meio ambiente, sendo necessário promover esforços para a tomada de ações coletivas que envolvam toda a sociedade. Esse empenho é essencial, especialmente diante do aumento alarmante das taxas de mortalidade associadas a essa problemática. “A resistência microbiana foi diretamente relacionada a 1,27 milhão de mortes no mundo em 2019, de acordo com estudo publicado na revista The Lancet. Ainda se estima que este número pode chegar a 10 milhões de mortes por ano até 2050”, afirma Cláudia Albuquerque.

As medidas preventivas abrangem todos os setores da sociedade, visto que cada um desempenha um papel essencial nessa batalha pela preservação da vida. Os cidadãos podem colaborar adotando práticas de higiene, seguindo orientações médicas e evitando a automedicação.

De acordo com a especialista, a conscientização é fundamental para mudar comportamentos e garantir o uso responsável de antimicrobianos, pois a falta dessa abordagem pode resultar no aumento desproporcional da resistência, superando o desenvolvimento de novas ferramentas de controle e tratamento. Os profissionais, por sua vez, contribuem com diagnósticos precisos, prescrições adequadas de antimicrobianos e educação, tanto na formação acadêmica quanto para os pacientes.

Date of last modification: 21/11/2023, 15:04