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Defesa da universidade pública é mote de aula pública do sociólogo Boaventura de Sousa Santos

Para o professor, as instituições de ensino superior são espaços de formação em que são expandidas as subjetividades por meio do ato de educar

A defesa da universidade pública foi o mote da aula pública proferida pelo sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, na última sexta-feira (13), evento que lotou o Auditório Denis Bernardes, localizado no Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA), no Campus Recife da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Nomeada “As Epistemologias do Sul e a Defesa da Universidade Pública”, a aula abordou aspectos como conceito de educação, posturas políticas e relevância das instituições de ensino superior para a edificação de sociedades democráticas.

Fotos: Passarinho

Auditório ficou lotado de docentes e alunos da Universidade

De acordo com o sociólogo, as universidades públicas costumam ser alvos de governos de direita ao redor do mundo. “A universidade pública produz conhecimento livre, crítico, independente e plural. Os governos de direita não gostam desse tipo de conhecimento, querem um conhecimento que seja estritamente dominado por seus preconceitos, por seus interesses econômicos, por seus interesses políticos, infelizmente hoje até por seus interesses religiosos e que, portanto, vão contra tudo aquilo que a universidade tem feito. E é isso que faz com que a universidade se transforme num alvo. Portanto, nós temos que defender a universidade pública exatamente para defender a produção do conhecimento crítico, livre, plural e independente sem o qual não há democracia”, explicou.

Para o professor, as instituições de ensino superior são espaços de formação em que são expandidas as subjetividades por meio do ato de educar. “Educar tem essa grande dimensão de expandir subjetividades e fazer com que essas subjetividades possam compartilhar um futuro ou, ao mesmo tempo, se permitam representar o futuro como seu”, disse. Por isso, é preciso observar se a universidade tem assumido este papel essencial para a transformação, pois “a universidade é exatamente o culminar dessa experiência de fazer acontecer o mundo. E para isso é preciso formação, é preciso técnica, é preciso conhecimento técnico, é preciso aprofundamento”, afirmou.

Segundo ele, para acompanhar o contexto social, as universidades devem se abrir à sociedade e enfrentar os desafios contemporâneos, entre eles o conservadorismo público e a mercantilização da educação, que a trata como um bem de mercado destinado ao lucro. Como parte deste enfrentamento, segundo Boaventura de Sousa Santos, é preciso colocar o conhecimento, que explica a sociedade ao longo do tempo de forma conexa, acima da informação, ligada à descrição do presente. Outro ponto destacado por ele é a importância do papel ativo do professor como educador, e não apenas como um transmissor de conhecimento, além do estímulo às ações afirmativas e cooperativas nas e entre instituições de ensino superior.

Presente à aula pública, o vice-reitor Moacyr Araújo ressaltou a função da universidade pública como um polo de resistência em situações de crise social. Ele ainda apontou a importância de “faróis” em meio à “escuridão”. “O professor Boaventura de Sousa Santos é um desses faróis que nos orientam nessas noites escuras”, comparou.

GABINETE – Antes de ministrar a aula pública, o professor Boaventura de Sousa Santos foi recebido pelo reitor Alfredo Gomes, em seu gabinete, na Reitoria. “Boaventura [de Sousa Santos] é uma referência mundial, referência global, é estudado nas mais diferentes universidades do mundo”, ratificou o reitor. “Esperamos poder recebê-lo da melhor forma possível e obviamente receber a sua mensagem também de análise da situação global do ponto de vista sociológico, econômico, cultural”, completou o reitor.

O encontro teve a presença do vice-reitor Moacyr Araújo, do presidente da Adufepe, Edeson Siqueira, além de docentes da UFPE e da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).

Date of last modification: 16/12/2019, 17:02