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- Nº 207 Agosto de 2016
O INCampus é o informativo mensal interno da UFPE produzido pela Ascom.
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Nº 207 Agosto de 2016
Matérias
Avaliações atestam, de forma independente, a qualidade da instituição, sempre colocada entre as dez melhores do país nos diversos rankings
Uma instituição que completa 70 anos completamente renovada e com o olhar no futuro. Esta é a Universidade Federal de Pernambuco, que, no dia 11 de agosto, convida sua comunidade de mais de 50 mil pessoas e a sociedade pernambucana a comemorar seu aniversário e suas conquistas ao longo deste período. Atualmente uma das melhores universidades do País, em ensino (graduação e pós-graduação) e pesquisa científica, sendo a melhor do Norte-Nordeste, segundo avaliações internacionais e dos Ministérios da Educação (MEC) e de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a UFPE se abre, cada dia mais, para os novos tempos, ampliando sua atuação nos três campi (Recife, Vitória de Santo Antão e Caruaru) e fortalecendo suas políticas sociais, para facilitar o ingresso e a permanência de estudantes vindos da escola pública, negros, de comunidades indígenas e indivíduos LGBT.
Além dos 70 anos, a Universidade também se orgulha do resultado alcançado nestes dez anos de interiorização. Os campi de Vitória de Santo Antão e de Caruaru cumprem o seu papel de oferecer cursos com qualidade semelhante ao Campus Recife para os alunos que vivem no interior. Já implantou seus primeiros programas de pós-graduação e se prepara para iniciar novos cursos de graduação, atendendo à demanda local.
A UFPE é hoje uma mistura de rostos, vindos de vários lugares do Estado de Pernambuco, do Nordeste e do país. Se, anteriormente, somavam-se aos estudantes do Recife muitos outros oriundos do interior do Estado e de cidades nordestinas, atualmente, não é difícil encontrar nos três campi sotaques de outros Brasis. Não são apenas alunos que vieram estudar aqui, mas muitos professores e técnicos administrativos escolheram a UFPE para ser o seu local de trabalho pela excelência de seus cursos e pelo fato de estar entre as dez melhores universidades do país, nas diversas avaliações.
E esta mistura tem sido promissora. Nos últimos anos, a Universidade ampliou sua interação com a sociedade, criando novos cursos em atendimento a demandas sociais e econômicas, aumentando vagas em cursos tradicionais e oferecendo oportunidades focadas no novo cenário econômico do Estado. Em 2005, eram oferecidos 65 cursos de graduação. Hoje, são cem cursos de graduação presenciais distribuídos em 12 centros e mais cinco cursos de graduação na modalidade a distância. A UFPE também oferta o curso de Licenciatura em Educação Intercultural (para professores indígenas) e os cursos de Licenciatura e de Bacharelado em Libras, na modalidade a distância.
Atualmente, são oferecidos 128 cursos de pós-graduação stricto sensu (sendo 69 mestrados acadêmicos, dez mestrados profissionais e 49 doutorados), além de 54 cursos de pós-graduação lato sensu (especializações). O crescimento é decorrência, principalmente, de dois programas do Ministério da Educação: o de Interiorização do Ensino Superior e o de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), que financiaram a expansão dos campi e dos cursos, incluindo a contratação de mais docentes e de técnicos administrativos.
HISTÓRIA – A história da UFPE, na verdade, não começou em 1946, mas em 1827, com a fundação dos cursos jurídicos, hoje Faculdade de Direito do Recife/Centro de Ciências Jurídicas. Como a província de Pernambuco era reconhecidamente uma das mais prósperas da época colonial, nada mais natural do sediar uma das primeiras escolas superiores do país. Depois vieram a Escola de Engenharia de Pernambuco, a Faculdade de Medicina do Recife, com as escolas anexas de Farmácia e Odontologia, a Escola de Belas Artes de Pernambuco e a Faculdade de Filosofia do Recife. Essas escolas deram origem à Universidade do Recife, que, no dia 11 de agosto de 1946, foi criada por meio do Decreto-Lei da Presidência da República nº 9.388, de 20 de junho de 1946.
O diretor da Editora UFPE e recém-empossado membro da Academia Pernambucana de Letras, professor Lourival Holanda, tem mais de duas décadas de Universidade. Autor do tema da campanha de comemoração dos 70 anos da casa – “Tempos Transversos” – e também integrante da comissão criada para as comemorações, ele fala sobre essa “unidade de tempos diversos”, sobre a importância da memória e da inovação, além de analisar sua relação de trabalho e paixão com a UFPE. Confira na entrevista concedida à jornalista Eliza Brito:
Como o senhor analisa a importância de celebrar os 70 anos de UFPE?
"Celebrar os 70 anos da Universidade significa, primeiro e, antes de mais nada, ter consciência de um legado. Nós estamos aqui porque somos depositários de um conhecimento. Estamos aqui, nesse momento, e isso é uma responsabilidade. Temos um dever de memória com a geração que está ai. Por isso, acho importante celebrar os 70 anos da casa."
Falando sobre esse dever de memória. A Universidade é um centro de tradição e, ao mesmo tempo, de inovação. Como o senhor vê essa dualidade?
"Vejo a dualidade como uma complementaridade. Porque só há inovação, invenção das novas gerações, porque há um inventário, em cima do qual eles recolhem o material para repaginá-lo. É fundamental pensar: inventário, invenção. Ninguém cria a partir do nada. Cria porque tem uma memória."
O tema das comemorações dos 70 anos da UFPE são “Tempos Transversos”. O que são os tempos transversos?
"A ideia, no início, era de pensar que, no mundo contemporâneo, a gente já não tem mais do tempo uma certa linearidade. Isso já não existe mais. O que a gente pensa em tempos transversos é o oposto da linearidade. É que as coisas são simultâneas. As novas tecnologias deixam isso muito claro. A gente repensa a noção de espaço, a noção de tempo. Por exemplo, eu posso dizer que você mora na Rua São Bento, 22. Isso, na topografia, é uma coisa muito precisa. Mas quando eu falo de e-mail, qual a distância entre o seu e-mail e o meu? Então, as novas tecnologias fazem a gente repensar as noções de espaço e tempo. A gente está vivendo tudo ao mesmo tempo e agora. O que eu penso em tempos transversos é: como conjugar a memória dos mais velhos com a dos estudantes que estão entrando na Universidade agora? Tempos transversos significa essa unidade de tempos diversos."
O senhor já está na Universidade há mais de duas décadas. Como o senhor analisa a relação da vida pessoal com a vida acadêmica?
"Minha vida e minha vida acadêmica são como uma coisa só. Minha vida foi devotada à Academia. É uma conjunção feliz, para mim, de trabalho e paixão. Eu tenho paixão por aquilo que faço. Acho que Dom Quixote e eu temos uma coisa em comum: nós não conhecemos a idade do tédio. Estou empolgado. Por isso, celebrar os 70 anos da Universidade, para mim, é um sentimento de alegria, não de nostalgia."
George Browne
"Meu reitorado ocorreu num período extremamente complexo: o epílogo da ditadura militar e o início da abertura democrática. Uma experiência traumática, mas também rica e inovadora. Dirigir uma universidade tem sua peculiaridade, algo que lhe empresta grandeza e beleza: é uma comunidade sui generis, na qual estudantes, docentes e técnicos administrativos manifestam-se, livre e inteligentemente, sobre os problemas da instituição. Já o dirigente deve saber conduzi-la, usando de autonomia e de aptidão para ouvir os pares e com eles dialogar. O que considero de mais positivo no meu reitorado foi o início da recuperação do campus; o avanço da pós-graduação e da pesquisa, com significativo incremento no número de mestres e doutores; e a aprovação de vários projetos de pesquisa com instituições nacionais e internacionais. Além disso, foi possível elevar o orçamento da UFPE da 12ª para a 3ª colocação no ranking das universidades federais."
Éfrem Maranhão
"Agimos de forma coletiva, aglutinando pessoas, competências e valores. Exibimos o potencial da UFPE no programa Minuto no Campus, na TV Globo, e no encarte Comunicampus, no Jornal do Commercio. Pessoas orgulhosas de ser e pertencer à UFPE fizeram diferença. Realizamos Seminário Internacional de Avaliação, semente do Paiub. Fizemos reuniões descentralizadas nas diversas unidades. Destaco parcerias e ações: com a Prefeitura do Recife e a Polícia Militar, implantamos o projeto de segurança e de iluminação do campus; em parceria com a Universidade do Porto, inauguramos a Pedra Fundamental da Casa de Pernambuco no Porto (Portugal). Destacamos as obras da Concha Acústica, Centro de Convenções, bibliotecas dos Centros de Tecnologia, de Saúde e de Biologia, quadra coberta do Colégio de Aplicação, Casa da Estudante e novos transmissores para o Núcleo de TV e Rádios.
Mozart Neves Ramos
Foi um período muito difícil no cenário nacional, especialmente no que se refere ao financiamento das universidades. Mas com apoio da sociedade, foi possível implantar ações inovadoras na Universidade, como as avaliações internacionais e os programas de dupla titulação com universidades estrangeiras, em particular com as universidades espanholas. A nossa gestão foi também marcada pelos avanços democráticos da instituição e pelo fortalecimento da autonomia dos centros e departamentos. Vários programas foram criados na área da Extensão, como o Domingo no Campus e o Verão no Campus, envolvendo muita gente de fora da Universidade, sem esquecer o UFPE para Todos. Como resultado da integração ensino-pesquisa e extensão, ao término da nossa gestão, a UFPE encontrava-se entre as dez melhores universidades brasileiras, nas principais avaliações."
Amaro Lins
"A principal ação foi a expansão da Universidade, tanto com a criação de novos campi do interior, quanto com mudanças no Campus Recife. Por meio do Reuni, o Campus Recife passou por uma transformação não apenas do ponto de vista físico, mas também da contratação de docentes e servidores técnico-administrativos. A UFPE tinha um terço do seu quadro formado por professores substitutos em 2003 e hoje praticamente não tem mais como tinha antes, em caráter precário, mas apenas dentro do que a lei prevê (para substituir professores durante afastamento para doutorado, por exemplo). Nós completamos o nosso quadro, reestruturamos a Universidade em termos de infraestrutura, iniciamos novas metodologias. Temos resultados acadêmicos extremamente importantes, o que coloca a UFPE entre as dez melhores universidades do país, por qualquer critério de avaliação utilizado."
Reitores da UFPE e seus mandatos
- Joaquim Ignácio de Almeida Amazonas – agosto de 1946 a agosto de 1959
- João Alfredo Gonçalves da Costa Lima – agosto de 1959 a junho de 1964. Newton Maia concluiu o mandato em agosto de 1964
- Murilo Humberto de Barros Guimarães – agosto de 1964 a agosto de 1971
- Marcionilo de Barros Lins – agosto de 1971 a agosto de 1975
- Paulo Frederico do Rego Maciel – setembro de 1975 a setembro de 1979
- Geraldo Lafayette Bezerra – dezembro de 1979 a abril de 1983
- Geraldo Calábria Lapenda – abril de 1983 a novembro de 1983
- George Browne do Rêgo – novembro de 1983 a novembro de 1987
- Edinaldo Gomes Bastos – novembro de 1987 a novembro de 1991
- Éfrem de Aguiar Maranhão – novembro de 1991 a novembro de 1995
- Mozart Neves Ramos – dezembro de 1995 a fevereiro de 2003 (dois mandatos). Geraldo José Marques Pereira concluiu o mandato em outubro de 2003.
- Amaro Henrique Pessoa Lins – outubro de 2003 a outubro de 2007 (primeiro mandato)/outubro de 2007 até outubro de 2011
- Anísio Brasileiro de Freitas Dourado - outubro de 2011 a outubro de 2015 (primeiro mandato / outubro de 2015 até hoje)
Estudam hoje na UFPE alunos bolsistas oriundos de famílias cuja renda é menor do que um salário mínimo per capita
Renata Reynaldo
A UFPE espelha, hoje, a diversidade de raças, orientação sexual, procedências e faixas etárias no seu alunado. Segundo o pró-reitor para Assuntos Acadêmicos, Paulo Goes, a interiorização dos campi, a adesão ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu), a implantação da Diretoria LGBT e a política de cotas são fatores que favoreceram essa maior interface da UFPE com a real composição da sociedade brasileira. “Essas mudanças, que visaram ampliar o acesso, vêm promovendo a necessária transformação que a Universidade precisava para ser, de fato, uma instituição pública de Ensino Superior”, analisa.
Segundo a pró-reitora de Assistência Estudantil, Ana Cabral, os dados observados na sua pasta apontam que os estudantes da graduação que concorriam a bolsas de assistência estudantil no início do regime das cotas, em 2013, eram provenientes de famílias com rendimentos de 2,5 salários mínimos per capita e hoje há alunos vindos de famílias cuja renda é menor do que um salário mínimo per capita. “Estamos constatando que a vulnerabilidade decorrente do abismo social, que sempre existiu, agora vem adentrando à academia e nosso papel é lidar com essa realidade”, afirma ela.
O recorte que leva em conta a faixa etária dos estudantes ingressantes em 2016 na UFPE registra que 20 anos é a média de idade dos alunos, variando de 17 a 20 os que estudam nos turnos diurnos e de 25 a 27 os que cursam no período da noite. “Os mais velhos, que estudam à noite, ainda não tiveram oportunidade de ter formação ou estão na segunda graduação. Cabe à universidade atender a essa demanda”, afirma Paulo Goes.
GÊNERO – Outra mudança social que se reflete visivelmente na UFPE é o número de mulheres nos cursos de graduação. No Campus Recife, por exemplo, a grande maioria deles conta com mais mulheres do que homens nas salas de aula, com exceção dos cursos do Centro de Informática e do Centro de Tecnologia e Geociências. Também nos cursos da área de Saúde as mulheres predominam em todos os cursos, salvo Medicina. Já no Centro Acadêmico do Agreste (CAA) é diferente: dos 11 cursos presenciais regulares, apenas em Design (57%) e Pedagogia (77%) as mulheres são maioria.
“No início das atividades da UFPE, muito provavelmente, as mulheres eram minoria em todos os cursos e hoje, acompanhando o desenvolvimento social, elas já ocupam lugares antes restritos aos homens”, explica Goes. E, diferentemente dos que temiam os críticos da adesão da UFPE ao Sisu, o número de estudantes oriundos de outros estados é minoria em todos os cursos de graduação, que chegam a contar com até 98% de “nativos”. Somente nos cursos de Cinema, que conta com 38% de alunos de fora de Pernambuco, e de Medicina no Recife (41%) e no Agreste (37%), essa diferença é menor. “Nosso desafio para os próximos 70 anos é aplicar com maior eficiência a ampliação do acesso, assim como garantir permanência e possibilitar o sucesso dos alunos”, resume Paulo Goes.
Respeito à diversidade
Pioneira em todo o país na implantação de uma Diretoria LGBT, instância que operacionaliza a política de proteção a essa parcela de alunos e alunas, servidores e servidoras na comunidade acadêmica, a UFPE também esteve na vanguarda das instituições federais de Ensino Superior ao promover a campanha publicitária “Meu Nome Importa”, para difundir a importância de se utilizar e respeitar o nome social escolhido pelos e pelas transexuais. Hoje, nos universos de estudantes e servidores trans, 20 requisitaram e já têm seus nomes sociais adotados pela gestão acadêmico-administrativa da Universidade.
Umas das beneficiadas pelas medidas da diretoria, Dandara Luisa, aluna de Ciências Sociais/Bacharelado, se diz mais segura aqui na UFPE e alega só o fato de saber que tem a quem recorrer em caso de ameaça a deixa mais tranquila. “Lá fora, quando saio na rua, sinto como se ninguém fosse me proteger, mas, aqui, sei que há uma equipe que não só me entende, como vai atuar para garantir todos os meus direitos como cidadã”, afirma.
Entre as próximas medidas da Diretoria LGBT está a realização de pesquisas para mapear os locais da comunidade acadêmica onde há maior discriminação e para identificar o perfil do público-alvo. À frente da Diretoria LGBT da UFPE, a professora Luciana Vieira afirma não ter dúvidas de que a adoção de uma política dirigida a esse segmento social é um estímulo ao ingresso desse público na academia. “Esses alunos e alunas se sentem contemplados e seguros aqui”, afirma. Reconhecida como uma das parcelas mais vulneráveis da sociedade, os e as transexuais têm uma média de vida de apenas 35 anos, segundo Luciana, por serem vítimas de violência.
As celebrações dos eventos comemorativos dos 70 anos da UFPE e dos dez anos da interiorização, com a instalação dos campi de Vitória e de Caruaru, estão a cargo de uma comissão que foi especialmente criada em fevereiro deste ano com esta finalidade. “A exemplo das festividades anteriores, dos 50 e dos 60 anos, o objetivo é um registro dentro da comunidade universitária da evolução de um projeto institucional de ensino superior que vem se consagrando entre as dez melhores instituições de ensino superior do país”, destaca o presidente da Comissão, o vice-reitor Silvio Romero Marques, que tem ao seu lado na comissão os professores Lourival Holanda (Editora UFPE), Paulo Cunha (Procit) e Maria de Jesus Brito Leite (CAC) e a pró-reitora de Extensão e Cultura, Cristina Nunes (Proexc).
Por sugestão de Lourival Holanda, os 70 anos terão como tema “Tempos Transversos” (confira entrevista na página 3). “Estamos resgatando, através desta contemporaneidade, o processo evolutivo de uma instituição de ensino superior que, além de consistente e robusto, é exitoso, se expande e aumenta de forma significativa nos últimos 20 anos. A proposta é recuperar a nossa memória e, valorizando todas estas conquistas, fazer um registro que permita, na atualidade, entender a importância e o crescimento da UFPE”, destaca Silvio.
A Comissão decidiu que o grande evento de abertura será este mês, com um show cultural e uma atividade acadêmica, no Campus Recife, sob a forma de seminário. Em seguida, virão exposições, mostras de pintura, fotografia e documentos históricos e a publicação de uma edição especial da revista Estudos Universitários. “Teremos a continuidade com diversos eventos menores, que terão o selo dos 70 anos, ao longo de um ano, com o encerramento das festividades em agosto de 2017. A coordenação de Cultura, com os professores Marcos Galindo e Solange Coutinho, planeja mostra de imagens, esculturas, coleções. E a subcomissão sobre o futuro está com os professores Luiz Amorim e Maria de Jesus Brito Leite, do Instituto do Futuro, que promoverá discussões de ordem política, conceitual”, enfatiza.
Como em 2016 o Hospital das Clínicas completa 37 anos, foi pensada também uma subcomissão de saúde para promover ações comemorativas na área. “Dentro do nosso Sistema Único de Saúde, o HC se consagra como uma unidade de referência em várias especialidades e faz parte hoje dos equipamentos que estão efetivamente contribuindo para a assistência à saúde em Pernambuco”, diz. Uma subcomissão de interiorização, com representantes de Vitória e Caruaru, vem promovendo eventos nos dois campi.
Na UFPE desde 1973, como aluno, professor e reitor, Anísio Brasileiro destaca importância da formação não apenas técnica, mas também cidadã, que os estudantes da Universidade têm hoje
Luciana de Souza Leão
A história do reitor Anísio Brasileiro se confunde com a da UFPE nos últimos 43 anos. Aluno do curso de Engenharia Civil, de 1973 a 1977, ele foi professor colaborador durante o seu mestrado na PUC-RJ e depois foi aprovado em concurso como docente em 1980. Foi incentivado a fazer seu doutorado na França, como outros colegas, para fortalecer a carreira de pesquisador na instituição. Militante político na graduação, ele também foi atuante na mobilização pela implantação da carreira nacional de docente. Exerceu diversos cargos na administração da UFPE até se tornar professor titular e reitor em segundo mandato. Anísio comemora ter vivenciado as mudanças ocorridas na Universidade ao longo deste período, em que a instituição passou de uma boa escola superior de formação profissional para um ambiente que prepara tecnicamente os estudantes para o mercado de trabalho e também lhes proporciona uma formação ética, cidadã e focada na diversidade.
Para o reitor, o grande esforço interno hoje é voltado para fortalecer o trabalho em equipe e a noção de pertencimento de toda a comunidade. “A minha história é uma história de amor por uma instituição que me deu tudo”, falou ele, lembrando que sua esposa e seus filhos também estudaram na UFPE. “Todo o meu conhecimento se deu por conta da universidade pública e a forma que tenho de retribuir a ela e à população é devolvendo através do conhecimento e da formação qualificada e cidadã dos nossos estudantes”, diz ele.
ANOS 70 – “Na graduação, fui vice-presidente da Casa dos Estudantes e secretário do Diretório Acadêmico da Escola de Engenharia, num momento de transição do regime militar para a democracia. Foram momentos difíceis. Era tudo fechado, não havia espaço para participação estudantil nem movimentos culturais, tanto é que o que me marcou muito foi um movimento chamado Parangolé, que promoveu shows de Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Zé Ramalho na Universidade. Quem estava à frente dos órgãos de segurança não podia contestar e nem proibir porque era um movimento espontâneo, cultural”, lembra.
Nesta época, a UFPE era uma universidade onde quase não havia pesquisa. “A pesquisa era muito incipiente, na Física, na Matemática, na Economia, na Sociologia, os primeiros mestrados estavam sendo criados nos anos 1973 a 1975. A UFPE era uma instituição de formação de profissionais, tinha excelentes professores que eram excelentes engenheiros, mas não havia uma vida de dedicação exclusiva, de pesquisa. Era o caso das Engenharias, de Medicina, Direito e das Humanas. A exceção ficava na Física, Matemática, Bioquímica”, destaca.
Mas as mudanças estavam começando. “Fui fazer o mestrado na PUC-Rio, em Engenharia de Transportes e o período em que vivi no Rio foi muito rico porque me possibilitou conhecer a diversidade do Brasil, tinha colegas do país inteiro. Fiz o mestrado com uma bolsa da Capes, o chamado PICD – Plano Institucional de Capacitação Docente, como professor colaborador da UFPE. Éramos um grupo de estudantes, eu, Amaro Lins, Ivaldo Pontes, Fernando Jucá”, diz ele, lembrando que a decisão de enviar estes estudantes para fazer o mestrado fora de Pernambuco foi do então reitor Paulo Maciel. “Ele teve a compreensão na época de que tinha que começar a formar docentes pesquisadores. Foi uma pessoa que viu além do tempo dele”, elogia.
Anísio lembra que, ao voltar em 1980, foi aprovado no concurso para professor e já se envolveu na gestão da universidade, como vice-coordenador da graduação. Foi subchefe e chefe do Departamento de Engenharia Civil e se engajou no movimento pela criação da Adufepe (Associação dos Docentes da UFPE) e do Andes (Sindicato Nacional). “Foi uma grande luta que tivemos, para a instalação da carreira docente, dedicação exclusiva, salários equivalentes no país inteiro”, destaca. Segundo ele, a UFPE já vinha se transformando de uma universidade de formação de profissionais para uma universidade de pesquisa, com financiamentos da Finep.
“Para evoluir de assistente para adjunto o professor precisava ter doutorado. Isso aconteceu no país inteiro. Na UFPE, tivemos a compreensão de nossos reitores, Edinaldo Bastos e George Browne, que nos empurraram para fazer nossos doutorados. Fui fazer doutorado na França (de 1986 a 1991), com bolsa do CNPq”, destaca. Em 2000, fez um pós-doc na França e se envolveu com estudos sobre as cidades, ao lado de professores da Pós-Graduação em Desenvolvimento Urbano e arquitetos, sociólogos, economistas.
PRÓ-REITORIAS – Uma grande mudança profissional se deu a partir da eleição de Amaro Lins para reitor da UFPE. Após coordenar a campanha, Anísio assumiu a Pró-Reitoria de Extensão (Proext). “A extensão me abriu um horizonte de imensa riqueza, o compromisso da universidade com a sua população. Os saberes acadêmicos se intercambiam com os movimentos sociais, com os movimentos populares. Nesta época, criamos vários programas: UFPE e Políticas Públicas, UFPE e Movimentos Sociais, UFPE e interação com as empresas”, disse ele. “O interessante é a universidade se despojar e humildemente se apresentar à sociedade. O Brasil é um país desigual, daí a importância das políticas afirmativas, como os pré-acadêmicos que foram criados nesta época, com estudantes e professores da UFPE contribuindo para formar estudantes das escolas públicas e facilitar seus acessos numa universidade pública de excelência”, lembrou o reitor.
Ainda no primeiro mandato de Amaro, ele assumiu a Pró-Reitoria para Assuntos de Pesquisa e Pós-Graduação (Propesq). Depois dos cinco anos na Propesq (2006-2010), novos desafios apareceram. Ele foi eleito reitor, com o apoio de Amaro, em outubro de 2011, e quatro anos depois foi reeleito. Um dos destaques tem sido a preocupação com a formação dos recursos humanos da UFPE – docentes e técnicos administrativos –, muitos destes últimos envolvidos na gestão da Universidade. Atualmente, três pró-reitorias (Proplan, Progest, Progepe) e a Chefia de Gabinete são ocupadas por técnicos administrativos, “profissionais competentes e com visão sistêmica, com espírito de equipe.”
CIDADANIA – Para Anísio, a maior transformação neste período, o maior dos ganhos, foi ver a UFPE passar a ser uma universidade que forma um cidadão no sentido mais amplo. “Um estudante que se forma na UFPE hoje está preparado para trabalhar e viver nesta imensa diversidade cultural que é o mundo. Muito diferente da minha época. Hoje é mais plural, aberta”, afirma, destacando as políticas afirmativas e a pesquisa, como base do conhecimento, em uma universidade pública.
Alunos da Região Metropolitana do Recife nos campi da UFPE no interior, ao contrário do que se temia, hoje não chegam a 5%
Renata do Amaral
Além dos 70 anos da UFPE, 2016 também é ano de celebrar os dez anos da interiorização: o Centro Acadêmico do Agreste (CAA), em Caruaru, foi inaugurado em março de 2006 e o Centro Acadêmico de Vitória (CAV), em Vitória de Santo Antão, em agosto do mesmo ano. “Foi um avanço muito grande para o interior do estado”, diz o professor Mariano Aragão, primeiro diretor do CAA. “Vitória não tinha nem sinal de trânsito. A cidade se organizou muito em torno da UFPE”, lembra a professora Florisbela Campos, primeira diretora do CAV e atual vice-reitora da UFPE.
A decisão pela implantação do Campus Caruaru levou em conta o fato de o município ser um polo industrial e ter ligação com outros estados. Foi realizada uma consulta para decidir quais seriam os primeiros cursos: Engenharia Civil, por causa do boom na construção; Economia e Administração; por conta da necessidade de capacitação para desenvolvimento do local; Design; devido à força do setor têxtil; e Pedagogia, pela grande necessidade no país inteiro – este foi o primeiro curso avaliado e obteve nota máxima (5). Segundo Mariano, 90% dos alunos são do interior, sendo 30% de Caruaru e 60% de outras cidades.
A primeira dificuldade foi decidir onde instalar o campus. Em vez de aguardar a nova estrutura ficar pronta, a UFPE deu início às atividades em um espaço alugado no Polo Comercial de Caruaru, que fez todas as adaptações necessárias para virar universidade. As graduações em Comunicação Social e Medicina ainda funcionam no local, mas o campus conta também com três etapas de blocos de salas de aula em funcionamento.
Outro desafio foi compor o corpo de professores. Mariano explica que, desde o início, praticamente todos eram doutores – exceto na área de Design, que ainda não oferecia doutorado – mas muitos vinham já pensando em se mudar ou voltar para o lugar de origem. “Perdemos muitos docentes por causa disso. Depois, houve certa estabilização”, afirma. Ele rememora que foi considerado um diretor duro, em sua gestão, por cobrar a presença dos professores na instituição. “Construir um espaço acadêmico sem estar no local não é possível”, afirma ele, que defende a consolidação da pesquisa, da extensão e do ensino.
VITÓRIA – O Campus Vitória se instalou inicialmente em um prédio histórico no centro da cidade, onde havia funcionado um antigo sanatório. Hoje já se encontra em fase de licitação projeto para a construção de sua quarta etapa, pois a demanda por espaço ainda é grande. “Os cursos são alocados em horários distintos para dar conta da demanda. A ocupação é de 100% nos três turnos”, explica Florisbela. As salas são rotativas e coletivas e também há alguns laboratórios compartilhados. “O grande desafio é o espaço físico”, considera.
Antes do início das aulas, a Secretária de Educação de Vitória fez uma pesquisa com alunos do Ensino Médio e descobriu que a maior demanda era para a área de saúde. O CAV começou com três cursos: Nutrição, Enfermagem e Ciências Biológicas (licenciatura). Depois veio Educação Física (licenciatura e bacharelado), por meio do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), e, por último, veio Saúde Coletiva, que forma sua primeira turma no final do ano. Cerca de 70% do corpo docente é formado por doutores e há muitos docentes vindos de outros estados.
Segundo Florisbela, grande parte dos alunos do CAV depende de auxílio financeiro por causa do baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do município. O campus atrai muitos estudantes do entorno, de localidades como Chã de Alegria, Passira e Escada, além de distritos e sítios na área rural. O receio de que apenas estudantes da capital conquistassem as vagas se mostrou infundado: nas primeiras turmas, 40% eram da Região Metropolitana do Recife, mas hoje esse número não chega a 5%.
Amaro Lins: “A interiorização mudou o país”
Eleito para dois mandatos, de 2003 a 2011, o professor Amaro Lins, do Departamento de Engenharia Civil, foi o reitor que inaugurou os campi de Caruaru e Vitória de Santo Antão em 2006. Nesta entrevista a Renata do Amaral, ele relembra os desafios da interiorização da UFPE e fala sobre o impacto da implantação das sedes da Universidade nos dois municípios. “O projeto foi completamente vitorioso”, afirma. Confira a conversa.
Quais foram os principais desafios da interiorização da UFPE?
Este foi um processo completamente novo, porque na história do Brasil não se tem nada parecido com a interiorização das universidades que aconteceu ao longo dos últimos anos. A Universidade teve que aprender tudo: desde a questão da montagem de um campus fora da sede, passando por decisões como tipo de curso, novos currículos, inovações metodológicas, modelo de gestão. Fora a construção dos edifícios, aquisição de equipamentos, contratação de professores. Foi um boom no país todo, uma demanda em todos os estados. Então, a Universidade teve que se dobrar. Nós não tínhamos corpo de pessoal técnico-administrativo nem para dar conta das demandas que já tínhamos e tivemos que fazer paralelamente a criação de dois novos campi, que são praticamente duas universidades novas.
No início, houve resistência dentro da UFPE ao projeto de interiorização?
É preciso entender o cenário que nós tínhamos. Em 2003, quando assumi a Reitoria, a Universidade vinha perdendo recursos e pessoal nos dez anos anteriores. O orçamento havia sido reduzido em 15% e o número de alunos tinha aumentado em mais de 20%. A Universidade estava depauperada, com instalações ruins, o dinheiro não dava nem para pagar a conta de energia. A principal resistência é que não se tinha confiança porque o governo dizia que ia dar recursos como contrapartida e não fazia isso. Houve uma reação muito grande, de fato, a ampliar com a Universidade em uma situação tão difícil. Felizmente, prevaleceram o bom senso e o compromisso. Sabíamos que havia uma demanda muito grande para cursos no interior e fizemos pesquisas para identificar quais as principais áreas.
A interiorização trouxe uma mudança no perfil dos estudantes?
Ela mudou o país. O Brasil não é mesmo. Se você me perguntasse as três coisas mais importantes realizadas no país nos últimos 15 anos, eu diria a interiorização das universidades. Ela mudou o perfil das regiões. Em Caruaru e Vitória, mudou a infraestrutura e novos serviços foram criados para atender à demanda dos alunos, professores e servidores técnico-administrativos. As empresas viram uma grande oportunidade de ter pessoal mais qualificado. A grande maioria dos alunos é do interior e mais de 80% dos municípios de Pernambuco têm alunos nesses campi. É um aluno que muito provavelmente não iria para outro lugar para estudar. Temos o caso de uma nova professora de Administração que era agricultora e só teve oportunidade de entrar na Universidade porque criamos o campus de Caruaru. Há muitos exemplos assim.
Hoje, dez anos depois, que desafios se impõem para os campi do interior?
O projeto foi completamente vitorioso. A qualidade é a mesma do Recife, talvez com uma estrutura até mais moderna por os campi serem mais novos. Você encontra gente do Brasil todo nos dois campi. Conseguimos atrair excelentes profissionais. Quanto aos desafios, a demanda ainda é muito grande.
Qual a diferença de um campus do interior da UFPE e de outra instituição?
É que a UFPE, sendo uma universidade pública federal, além do ensino, tem a pesquisa e a extensão como partes indissociáveis. Caruaru, por exemplo, tem 12 cursos de graduação e cinco de pós-graduação. O desafio é manter a qualidade desses cursos e fortalecer a pesquisa para que os docentes se mantenham entusiasmados. A Universidade pensa e produz conhecimento universal, mas muito do que é feito é aplicado in loco, atendendo às questões mais importantes da sociedade.
Instalação dos campi do interior mudou o perfi l das cidades e a vida dos alunos, que antes só estudariam se viessem à capital
Renata do Amaral
Quando Crislaine Maria da Silva, 20 anos, dizia que queria entrar na universidade, alguns familiares perguntavam: “E pobre tem vez?” Caçula de nove irmãos, ela é a primeira da família no ensino superior. Filha de agricultores, Crislaine estudou em escola pública e vivia na zona rural de Cumaru antes de se mudar para Vitória de Santo Antão, onde cursa o 4º período do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas na UFPE. A estudante é bolsista do Pibid (iniciação à docência) e participa do Cavinho (projeto de extensão com crianças e adolescentes) e de um grupo de estudos de morcegos do Nordeste. “Não foi estímulo, foi oportunidade”, afirma. Ela divide um apartamento com outras sete jovens. Uma delas é Tália Cristina de Lima, 18 anos, aluna do 2º período do curso de Saúde Coletiva, também de Cumaru. “Foi o dia mais feliz da vida quando passei”, lembra. Ele recebe bolsa de iniciação profissional para trabalhar no Setor de Infraestrutura e pretende fazer pós-graduação e se especializar. No futuro, espera poder ajudar os pais, ambos agricultores.
Para o diretor do Centro Acadêmico de Vitória (CAV), professor José Eduardo Garcia, um dos desafios atuais é ampliar o espaço físico. Já foi feita a doação, pela prefeitura, de um terreno de dez hectares para o Campus 2, que vai abrigar a estrutura do curso de Educação Física, Centro de Convenções e biblioteca. Estão sendo planejadas quatro novas graduações para os próximos anos – Biblioteconomia, Biomedicina, Ciências Biológicas (bacharelado) e Psicologia –, além de um mestrado profissional e um doutorado.
Outra meta é criar um mecanismo para avaliar se os estudantes estão permanecendo na cidade, o que, para o diretor, é a segunda etapa do processo de interiorização. Ele defende que mais importante papel do CAV é influenciar o desenvolvimento da cidade. Bibliotecária desde o início do CAV, Giane da Paz afirma que o centro mudou Vitória de Santo Antão, onde ela sempre morou. “Nosso trabalho é para a comunidade, para despertar o interesse das pessoas da cidade”, diz. Muitos moradores da região usam a biblioteca para ler e estudar.
CARUARU – A metodologia do curso de Medicina do Centro Acadêmico do Agreste (CAA), focada na aprendizagem baseada em problemas, não causou estranheza em Jeferson César Silva de Oliveira, 21 anos, aluno do 1º período. No método, o estudante é responsável pelo aprendizado e ele já estava acostumado a isso, pois conciliou o curso de Licenciatura em Física no IFPE de Pesqueira com o estudo, sozinho, para o Enem. Morador da zona rural de Alagoinha, a cerca de 100 quilômetros de Caruaru, sua família vive da agricultura de subsistência. Enquanto estudava em escola pública, ajudava os pais na roça, mas eles incentivavam o estudo. “Minha avó perguntava por que eu não fazia Medicina”, lembra o aluno, que ganha bolsa-permanência, mora em uma quitinete e vai para casa nos fins de semana. “Jamais poderia fazer o curso no Recife”, conta. É o que também afirmam Orlando Felipe Silva, 23 anos, e Luiz Carlos Arruda, 20 anos, do 4º período do curso de Licenciatura em Química. “O CAA é uma conquista, pois muitos não têm condição de ir estudar no Recife”, diz Luiz.
Os técnicos administrativos Veríssimo Ferreira, secretário executivo, e Wagner Rocha Gomes, administrador, destacam a mudança que o CAA trouxe para Caruaru. “Vários projetos desenvolvidos pelos núcleos favorecem a cidade. A Universidade vem se referenciando socialmente”, afirma Veríssimo. “A presença de pessoas de outros estados trouxe outra visão de diversidade”, diz Wagner. O diretor do CAA, Manoel Guedes, considera que este é um momento de reflexão para colocar em perspectiva os próximos dez anos. Um pedido de reserva do entorno do campus foi aprovado na Câmara Municipal, por ser área de interesse público e educacional. Estão sendo projetadas quatro novas graduações – Serviço Social, Ciências Contábeis, Ciência da Computação e Música – e uma pós-graduação em Design. Segundo Manoel, 60% dos estudantes estão em situação de vulnerabilidade social e recebem bolsas. “Antes era preciso guardar dinheiro a vida toda para colocar o filho no ensino superior. O campus tem cumprido seu papel”, comemora.
Com a criação dos campi de Caruaru e Vitória de Santo Antão e o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), o corpo docente da UFPE passou por uma renovação nos últimos anos. Muitos desses professores vieram de outros estados do Brasil para se integrar aos novos cursos – e também aos já existentes. Conheça algumas histórias de quem mudou de cidade e de vida para fazer parte da UFPE:
Érika Maria Silva Freitas, de Campinas (SP)
Professora do Núcleo de Biologia do CAV
"Vim em 2006, antes de o CAV ser CAV, pois ainda não tinham arrumado o local. Eu era recém-doutora e apareceu uma oportunidade na área que eu queria, de Biologia Celular, um campo já saturado em São Paulo. Fiz parte da primeira leva, de cerca de 30 professores, todos com muito gás. É muito gratificante ver todas as mudanças e ter feito parte disso. Participamos da montagem dos laboratórios e dos cursos. É diferente de quando tudo já está preestabelecido na universidade em que você vai trabalhar."
Sueli Moreno Senna, de Porto Alegre (RS)
Coordenadora do Núcleo de Enfermagem do CAV
"Entrei como substituta em 2012 e como efetiva em 2014. Comecei a conhecer o CAV e me apaixonei. Não conhecia o Nordeste e me impressionei com o desenvolvimento. Mas há comunidades com necessidades básicas e aqui no CAV a gente pode fazer a diferença. No projeto de extensão Cavinho, com crianças e adolescentes, os meninos vêm sedentos de conhecimento. O que eu vejo aqui eu não via em outro lugar: respeito, integração, troca de ideias entre gente de todas as áreas. É um campus muito vivo."
Monaliza Ferreira, de Fortaleza (CE)
Professora do Núcleo de Gestão e coordenadora de Ensino e do Mestrado em Economia do CAA
"Estou no CAA desde 2006, mas morava no Recife até 2014, quando me mudei para Caruaru. Levava quatro horas para ir e voltar. A gente acha que mora no Recife, mas na verdade mora na BR-232. Não me imaginava morando aqui, mas isso modificou completamente minha vida. Você vive o campus de outra forma, pode até ir pra casa ensinar a lição ao filho e voltar. Eu já me enraizei. Por hipótese alguma, saio daqui. Tem muita coisa boa acontecendo aqui e muitos alunos vão querer ficar na cidade."
Anna Sartore, de São Paulo (SP)
Professora do Núcleo de Formação Docente e do Laboratório de Metodologia de Ensino de Ciências do CAA
"Prestei concurso em 2009 sem conhecer Caruaru. É uma cidade simpática e acolhedora. Vim de uma capital com problemas de trânsito, onde morar a dez quilômetros do trabalho é inviável – aqui, moro a 20 quilômetros e levo apenas dez minutos para chegar. O campus começou com poucos professores e eles se tornaram bastante próximos. Para os alunos, o campus abriu uma porta para outra vida. Já tive numa mesma sala gente de 17 cidades diferentes. Os estudantes de Pedagogia são muito comprometidos e dão muito valor ao curso."
Mais de quatro mil servidores técnico-administrativos de diversas gerações atuam nos três campi da Universidade. Muitos deles, ao longo dos anos, se tornaram sinônimo de UFPE, tamanha a dedicação que devotam à instituição. Para eles, a Universidade não é apenas um ambiente de trabalho, mas um espaço em que espalham amor e carinho a alunos, docentes e outros funcionários.
Sebastião Soares de Oliveira - 63 anos
Gerente de Operações da Superintendência de Infraestrutura
"Estou há 25 anos na Universidade e há 20 na área de manutenção, limpeza e paisagismo do Campus Recife. Na Universidade, eu gosto de tudo, porque aqui é a minha segunda casa. É um prazer muito grande quando vejo tudo limpo. Eu tenho muita história nesse campus. Uma vez, eu ajudei uma senhora que caiu e ficou imobilizada e, depois de fazer a cirurgia e ficar bem, ela veio me procurar para me agradecer e eu fiquei muito feliz com isso. Eu só vou me aposentar da Universidade na `expulsória´, porque eu gosto muito daqui. Pra mim, a UFPE é tudo.”
Francisco Ferreira Lima Filho (Passarinho) - 70 anos
Fotógrafo da Assessoria de Comunicação da UFPE - Gabinete do Reitor
"A UFPE representa uma extensão da minha casa. Desde 1982, eu estou no quadro de funcionários da Universidade, mas, muito antes, trabalhei como ajudante de pedreiro na construção do CFCH. Entre os tantos trabalhos que fiz pela UFPE, eu destaco: fotografar o ex-presidente da Venezuela Hugo Chávez, o primeiro-ministro em exercício de Portugal, Mario Soares, o doutor Miguel Arraes, o poeta João Cabral de Melo Neto e, principalmente, a entrega do título de Doutor Honoris Causa para Nelson Mandela, em Brasília.”
Jairo Honório de Souza - 56 anos
Assistente em Administração - Biblioteca Central
"É com muito orgulho que participo das comemorações dos 70 anos da UFPE. Nestes 30 anos como servidor técnico-administrativo, acompanhei a Universidade se expandir com novos campi, Caruaru e Vitória, e se consolidar como a melhor do Norte e Nordeste. Também conseguimos um plano de carreira, o PCCTAE, a Creche, o Plano de Saúde e a volta do Restaurante Universitário. Quando aqui cheguei, a UFPE estava completando 40 anos. Agora, aos 70, está cada vez mais dinâmica e inserida nos contextos sociais. Parabéns, UFPE!”
Aldemir Sebastião dos Santos - 68 anos
Assistente em Administração - FDR
"Eu entrei na Universidade com 17 anos e sempre me senti bem trabalhando aqui. Administrei o prédio do CFCH por mais de dez anos e estou na Faculdade de Direito do Recife (FDR) há cerca de 30 anos. Tive grandes emoções na UFPE, mas destaco três: o dia que eu entrei; quando a chapa Zoada do Diretório Acadêmico da FDR me chamou para participar da posse deles; e quando recebi a homenagem pelos meus 50 anos de serviço. Mais da metade da minha vida foi na UFPE e eu não sei como vai ser quando tiver que me aposentar.”
Crispim Cipriano do Nascimento Neto - 63 anos
Assistente Administrativo - Gabinete do Reitor
"Eu gosto muito do meu serviço, de lidar com as pessoas. Nesses anos todos que passei aqui, achei emocionante acompanhar a construção do campus de Caruaru. Eu vi os bois carregando os sacos de cimento, onde não havia nada e, hoje, o campus é aquele mundo. Quando me aposentar, vou sentir muita falta da Universidade. Já são 36 anos de casa. É uma vida aqui dentro, né?”
Neci Maria Santos do Nascimento - 61 anos
Assistente em Administração do Programa de Pós-Graduação em Nutrição da UFPE (PPGN)
"A Universidade me acolheu primeiro como estagiária, no início dos anos 80. Logo em seguida, fui efetivada e, ao longo desses mais de 30 anos, construí com a instituição um vínculo de amor, baseado na dedicação, na segurança e no compromisso com o serviço público.”