Por Petra Pastl

A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) obteve a aprovação de cinco novos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs) no resultado preliminar da recente chamada pública do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Com essa conquista, a UFPE reafirma sua posição de destaque no cenário científico e tecnológico brasileiro. Os novos institutos, coordenados por docentes da Universidade, atuarão em áreas estratégicas do conhecimento e receberão um investimento de R$ 65.141.353,57 para impulsionar pesquisas de alto impacto.

O Programa Institutos Nacionais de Ciência, Tecnologia e Inovação (INCTs), do CNPq, é caracterizado por grandes projetos de pesquisa de longo prazo em redes nacionais e/ou internacionais de cooperação científica envolvendo pesquisadores e bolsistas das mais diversas áreas para o desenvolvimento de projetos de alto impacto científico e de formação de recursos humanos.

Cada INCT possui, como coordenação, uma instituição sede com excelência em produção científica e/ou tecnológica, alta qualificação na formação de recursos humanos e com capacidade de alavancar recursos de outras fontes, e um conjunto de laboratórios ou grupos associados de outras instituições, articulados na forma de redes científico-tecnológicas, com uma área ou tema de atuação bem definidos que estejam na fronteira da ciência e/ou da tecnologia.

A aprovação fortalece a posição da UFPE como um dos principais polos de pesquisa e inovação do país. Os projetos fomentarão redes de colaboração nacional e internacional, promovendo avanços científicos e tecnológicos que beneficiarão tanto a academia quanto o setor produtivo. Além disso, a interação com empresas e instituições públicas possibilitará a transferência do conhecimento gerado para aplicações práticas.

De acordo com o pró-reitor de Pesquisa e Inovação (Propesqi) da UFPE, Pedro Carelli, esse é o principal programa de incentivo científico do CNPq e coloca a Universidade em destaque em projetos estratégicos.

“O programa INCTs é hoje o principal programa de fomento à ciência do CNPq, que promove redes de pesquisa com as principais lideranças científicas do país e aborda os problemas da ciência na fronteira do conhecimento. Em 2024, a convite da Propesqi, tivemos uma palestra com a diretora do CNPq, Dalila Andrade Oliveira, sobre a importância deste programa. A UFPE também concede vagas de professor visitante a esses projetos, os INCTs, com a intenção de atrair talentos para nossa Universidade. O resultado atual coloca a UFPE em uma posição de destaque na liderança de projetos estratégicos da ciência nacional”, pontua o pró-reitor da Propesqi.

Os novos INCTs aprovados na UFPE e seus respectivos coordenadores são:

1) INCT de Fotônica (Info) – Coordenado pelo professor Anderson Stevens Leônidas Gomes (Departamento de Física), esse instituto, em sua terceira edição, propõe utilizar a fotônica para a solução de problemas na geração de luz clássica e quântica, desenvolvimento de novos nanomateriais; desenvolvimento e aplicações de técnicas de imagens para diagnóstico usando luz, bem como seu uso terapêutico; desenvolvimento de sensores para aplicações ambientais e na área da saúde; e estudos básicos da interação da luz com a matéria.

“O INCT Info, tendo sua sede na UFPE, ajuda a consolidar a instituição como uma das mais importantes do país na área de óptica e fotônica, demonstrando seu papel de inserção regional e nacional. É importante destacar que, entre os 121 INCTs aprovados no resultado preliminar do CNPq, oito obtiveram a nota máxima (10), sendo o Info um deles”, afirma o professor Anderson Gomes.

2) INCT em Computação Neural (INCT NeuroComp) – Sob a coordenação do professor Mauro Copelli Lopes da Silva (Departamento de Física), o instituto investiga os princípios computacionais subjacentes ao funcionamento do cérebro e sua aplicação em dispositivos neuroinspirados. O foco está na compreensão dos mecanismos neurais que governam a atividade cerebral em diferentes escalas, combinando modelos teóricos, experimentação e o desenvolvimento de tecnologias inovadoras, com ênfase na computação neuromórfica para inteligência artificial.

“A aprovação do INCT NeuroComp fortalece a UFPE como um polo de excelência na interface entre neurociência, física de sistemas complexos e inteligência artificial. Isso abre novas possibilidades para colaborações estratégicas, inovação tecnológica e formação de especialistas em áreas emergentes como IA bioinspirada e hardware neuromórfico”, explica o professor Mauro Copelli.

3) INCT para Engenharia de Software baseada em e para Inteligência Artificial (Ines.IA) – Coordenado pelo professor Augusto Cezar Alves Sampaio (Centro de Informática), integra Inteligência Artificial (IA) e Engenharia de Software (ES) para promover avanços mútuos, explorando como técnicas de IA podem aprimorar a qualidade e produtividade no desenvolvimento de software, incluindo sistemas baseados em IA. Para isso, busca maior sinergia entre ES e IA, considerando requisitos de confiabilidade, flexibilidade, manutenção, segurança e eficiência computacional e energética. 

“O Centro de Informática (CIn) da UFPE já exerce uma liderança nacional e forte inserção internacional nas áreas de Engenharia de Software e Inteligência Artificial. O Ines.IA contribuirá para uma consolidação ainda maior da UFPE nestas áreas da Computação. Um INCT desse porte dá grande visibilidade à instituição e atrai alunos, pesquisadores e recursos para a formação especializada e pesquisa de ponta”, relata o professor Augusto Sampaio.

4) INCT em Computação Quântica Aplicada (INCT - CQA) – Coordenado pelo professor Francisco de Assis Tenorio de Carvalho (Centro de Informática), esse instituto apresenta um carácter inovador no desenvolvimento de software para dispositivos quânticos no Brasil com a integração entre inteligência artificial e computação quântica, desenvolvendo uma stack completa (conjunto de tecnologias) que abrange desde algoritmos de aprendizado de máquina quântica até a otimização de software para dispositivos quânticos. Ele atua de forma interdisciplinar incluindo pesquisadores de Computação, Física, Matemática e Engenharias e fortalecerá a independência nacional no desenvolvimento de software quântico. Serão realizadas avaliações em dispositivos quânticos reais para problemas em diversas áreas do conhecimento, como finanças, simulação de sistemas físicos, otimização e logística, entre outros.

“A aprovação do INCT - CQA com sede e coordenação na UFPE expressa o reconhecimento da nossa excelência em inteligência artificial e computação quântica. Ela proporciona à nossa Universidade a visibilidade nacional e internacional que lhe é devida para as pesquisas que são desenvolvidas pela UFPE nessas áreas. Estamos muito felizes com as oportunidades de pesquisa, formação e inovação abertas para os nossos alunos e professores nas áreas de computação quântica e IA”, declara o professor Francisco de Carvalho. 

5) INCT Instituto Nacional de Sistemas de Informação e Decisão (Insid) – Sob a coordenação da professora Danielle Costa Morais (Departamento de Engenharia de Produção), a principal abordagem desse instituto envolve a construção de modelos analíticos de apoio à decisão, baseados em métodos multicritério (MCDM) e de decisão em grupo e negociação (GDN), incorporando Inteligência Artificial (IA) e estudos comportamentais, incluindo ferramentas de neurociências, para desenvolver áreas de fronteira da ciência e tecnologia voltadas para setores estratégicos que visam a solução dos grandes desafios nacionais, como o desenvolvimento sustentável e a qualidade de vida, prioritários para o país.

“A aprovação e financiamento do CNPq, neste edital, para o INCT Insid representa mais um passo significativo para a UFPE na área de apoio à decisão e negociação. Entre os principais benefícios, destacam-se o fortalecimento da pesquisa e inovação; capacitação e formação de recursos humanos; atração de financiamentos e parcerias; impacto socioeconômico e aplicações reais”, explana a professora Danielle Morais.

Expansão Nacional dos INCTs
No Brasil, o CNPq aprovou um total de 121 novos INCTs, elevando o total para 221 institutos. O investimento de R$ 1,5 bilhão, proveniente de diversas fontes de financiamento, demonstra um compromisso sólido com a pesquisa e desenvolvimento. Com essa conquista, a UFPE reafirma seu compromisso com a excelência acadêmica científica e sua liderança na promoção da inovação no Brasil. A comunidade acadêmica e a sociedade podem acompanhar os avanços desses institutos por meio de eventos, publicações científicas, cursos e divulgações oficiais da UFPE.