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Nepe-UFPE e Museu do Estado comemoram 20 anos da Coleção Carlos Estevão em exposição

Ao longo dos anos, a coleção foi tema de duas teses de doutorado, quatro dissertações de mestrado, 12 TCCs e dez pesquisas de Iniciação Científica

Por Petra Pastl

A Coleção Etnográfica Carlos Estevão de Oliveira, que faz parte do acervo museológico de obras do Museu do Estado de Pernambuco (Mepe) e está sob curadoria do professor Renato Athias, do Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGA) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), completa 20 anos que está em cartaz ininterruptamente. São mais de três mil peças de 59 etnias indígenas adquiridas entre os anos de 1908 a 1946 quando o advogado, poeta e folclorista pernambucano Carlos Estevão de Oliveira trabalhou na região amazônica ocupando importantes cargos no Estado do Pará, primeiro como promotor no município de Alenquer, depois, foi funcionário público em Belém, e, por fim, diretor do Museu Paraense Emílio Goeldi, cargo que exerceu até sua morte em 5 junho de 1946.

Fotos: David Sales

Renato Athias, do PPGA/UFPE, é curador da Coleção Carlos Estevão

Para comemorar a data dos 20 anos da Coleção, o Mepe, com o Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Etnicidade (Nepe) da UFPE, organizará várias oficinas em parceria com povos originários, começando nos dias 25 e 26 deste mês com os Tremembé, do Ceará. O restante da programação ao longo do ano ainda está para ser definida. Durante as oficinas, na realidade uma atividade colaborativa, os representantes indígenas atualizarão a documentação museológica dos objetos etnográficos que estão na Coleção Carlos Estevão.

As atividades levam a uma proposta de gestão compartilhada, que é explicar ao museu como os objetos deveriam ser expostos de acordo com a lógica ritualística, religiosa e de utilização indígena. Os povos indígenas que participarão desta oficina terão clareza sobre os objetos e poderão propor exposições e a melhor utilização das peças em atividades distintas. Serão realizados registros em áudios, vídeos e imagens do que eles explicarem sobre os objetos etnográficos expostos pelo museu, e esses materiais digitais ficarão disponíveis para o público em geral posteriormente, tanto no Mepe, quanto no site da coleção.

Ao longo dos anos, a Coleção Carlos Estevão já foi tema de duas teses de doutorado, quatro dissertações de mestrado, 12 trabalhos de conclusão de curso (TCCs) e dez pesquisas de Iniciação Científica (Pibic), vinculadas ao Núcleo de Pesquisa sobre Etnicidade (Nepe). A riqueza da coleção é tamanha, que, até hoje continua despertando interesse e curiosidade acadêmica de diversos pesquisadores e discentes de Museologia e Antropologia, tanto do Brasil como do exterior. A coleção fotoetnográfica já recebeu vários pesquisadores brasileiros e estrangeiros e continua um tema pertinente para dissertações de mestrado e teses de doutorado.

Docente atua no projeto de restituição das fotos da coleção aos povos indígenas

De acordo com o professor Renato Athias, a Coleção Etnográfica Carlos Estevão vem desenvolvendo um projeto de restituição virtual de imagens do acervo aos povos originários do Brasil. Isso significa que as fotos que foram tiradas por Carlos Estevão e pelo etnólogo Curt Nimuendajú - alemão, naturalizado brasileiro, que percorreu o Brasil entre os indígenas por mais de quarenta anos - durante meados dos anos 1900 - estão sendo finalmente restituídas aos povos originários.

“Estamos mostrando as imagens primeiramente aos indígenas, e cada povo vem escolhendo as fotos que querem que sejam ampliadas (a ampliação é feita em lâminas de PVC por serem mais permanentes do que em papel) para serem colocadas em uma exposição em suas aldeias e em lugares que acharem melhor. Para muitos indígenas, é a primeira vez que se veem em fotografias que foram realizadas no século passado. “Nas oficinas colaborativas realizadas em 2019, os povos indígenas presentes levaram as imagens deste acervo em pendrives”, explica o professor Renato Athias. Alguns povos, como os Ramkokamekrá, resolvem deixar a exposição com as fotos ampliadas de forma permanente, em casas de memórias determinadas exclusivamente para este fim.

ALTO RIO NEGRO - Atualmente, Renato Athias está realizando um projeto de pesquisa para identificar objetos etnográficos xamanísticos dos povos indígenas da região do Alto Rio Negro, Amazonas, que estão em acervos de museus europeus e americanos. Ainda neste mês de julho, realizará uma exposição fotográfica sobre estes objetos durante a XIV Conferência Bienal da Sociedade para a Antropologia das Terras Baixas da América do Sul (Salsa), na Universidade Nacional da Colômbia, na cidade de Letícia, na Colômbia, de 27 a 30 deste mês. O projeto é financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) através de sua Bolsa de Produtividade.

Importante ressaltar que o Mepe e o Nepe, através de projetos colaborativos como o da Coleção Etnográfica Carlos Estevão, firmou parcerias com importantes outros museus, são eles: Museu Paraense Emílio Goeldi (Belém, PA), Rede de Coleções Etnográficas do Institute of Research for Development (IRD) / Patrimoines Locaux (PaLoc) (França); Museu de História Natural de Toulouse (França), Museu Quai Branly (França); vários museus indígenas, como o Museu Kanindé (Ceará), Museu Casa de Memória do Tronco Velho Pankararu (Tacaratu, PE) e Museu dos Kapinawá da Aldeia Malhador (Buíque, PE).

SOBRE A COLEÇÃO CARLOS ESTEVÃO - Antes de seu falecimento, em 5 de junho de 1946, Carlos Estevão oficializou à sua família o desejo de doar parte de sua coleção etnográfica e arqueológica ao Estado de Pernambuco. Assim, em 10 de julho de 1947, a coleção, com mais de 3 mil peças etnográficas, passou a fazer parte do acervo do Museu do Estado de Pernambuco, recebendo o nome de seu colecionador.

A Coleção Fotoetnográfica Carlos Estevão possui cerca de 1,2 mil fotografias colecionadas entre 1909 até 1947. São fotografias que ele tirou e recebeu de outras pessoas durante esse período, algumas delas de Curt Nimuendajú quando os dois trabalhavam no Museu Paraense Emílio Goeldi.

Para conferir a Coleção Carlos Estevão, o público pode ir ao Museu do Estado de Pernambuco (Mepe), localizado à Avenida Rui Barbosa, 960, Graças, ou acessar o site para um tour virtual. 

 

Mais informações
Professor Renato Athias

renato.athias@ufpe.br

 

Imagens da Coleção Carlos Estevão

Duas meninas indígenas - Put-yapere e Kuredn. Moças da festa da Sociedade – Povo Ramkokamekrá

 

Enfeite de cabeça, com penas de papagaio e arara vermelha, dos Kayapó Gorotire, que habitam nos estados do Pará e Mato Grosso, da Coleção Etnográfica Carlos Estevão

 

Vaso de argila em formato assimétrico produzido pelos Ashaninka, povo que vive nas florestas tropicais do Peru e no Acre, Brasil, usado para conservação de bebidas fermentadas

 

Indígenas Kapixana na margem esquerda do Rio Pimenta

 

Grupo de indígenas Kagwahiva – Parintintín, Rio Madeira, Amazonas, fotografados por Curt Nimuendajú, à frente de uma expedição, em 1923, quando ele estabeleceu os primeiros contatos pacíficos com os indígenas

 

Indígenas passando pelas águas do Rio Ayauri, com canoa pela Cachoeira Uapui

Data da última modificação: 13/07/2023, 19:28

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