Uma correção publicada ontem (4) na revista científica de grande prestígio “Nature Communications” trouxe à tona uma vitória para a ciência brasileira, mostrando como a busca incessante por avanços na pesquisa pode resultar em reviravoltas surpreendentes no cenário internacional. Um artigo anteriormente publicado por pesquisadores do Laboratório Nacional de Los Alamos, nos Estados Unidos, teve que corrigir uma afirmação errônea que desconhecia a existência de algoritmos para a geração automática de estereoisômeros de complexos de íons lantanídeos.

A história teve início quando um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) reivindicou já ter desenvolvido um algoritmo superior, capaz de gerar automaticamente estereoisômeros de complexos de íons lantanídeos. Segundo este grupo da UFPE, essa conquista já havia sido publicada em um artigo em, 2021, um ano e meio antes da afirmação equivocada feita por Los Alamos em maio deste ano.

Alertados por um colega da UFMG, os pesquisadores da UFPE tomaram a iniciativa de entrar em contato com a revista “Nature Communications” para solicitar uma revisão e correção do artigo de Los Alamos. A revista conduziu uma investigação completa e concluiu que a reivindicação da UFPE era válida. O resultado foi a publicação de uma errata pelo grupo de pesquisadores de Los Alamos.

A correção afirma: “A introdução deste artigo afirma 'Até o momento, não foram relatadas aplicações de abordagens automáticas de geração 3D para química organometálica de lantanídeos e actinídeos (bloco f)'. Os autores gostariam de retificar essa afirmação como 'Um algoritmo para configurar estruturas iniciais de complexos de lantanídeos foi publicado por Munguba e colegas. Este algoritmo considera o controle estereoespecífico, incluindo identificação de estereoisômeros e reconhecimento de quiralidade na coordenação, e foi demonstrado para ligantes monodentados e bidentados.'”

Para o professor Alfredo Simas, do Departamento de Química Fundamental (DQF) da UFPE, um dos autores do artigo, essa correção destaca a importância da busca constante pela verdade na ciência e também demonstra como a pesquisa científica brasileira pode competir de igual para igual em nível internacional. “Os pesquisadores da UFPE agora estão colhendo os frutos de seu trabalho árduo e inovador, ganhando reconhecimento global por suas contribuições à química dos elementos lantanídeos”, destaca ele.

Para os pesquisadores da UFPE, este episódio ressalta a relevância das instituições de Ensino Superior e pesquisa do Brasil no cenário científico global, tendo a pesquisa sido apoiada por financiamentos principalmente da Facepe e CNPq, através do programa Pronex e também da Capes.

Referências

Errata publicada hoje pela Nature Communications 
Artigo original dos pesquisadores da UFPE 
Site mantido pelo grupo de pesquisa com o algoritmo disponível gratuitamente para download.