A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) contemplou dois projetos vinculados à Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) por meio do Edital nº 9/2023 do Programa de Cooperação Brasil - Alemanha (Probral), promovido em parceria com o Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD). As duas propostas da UFPE, uma da área de ecologia e outra de antropologia, ficaram entre as 30 selecionadas por meio do edital, que contemplou 19 instituições brasileiras das regiões Nordeste, Sudeste e Sul.

O Probal tem como objetivo fomentar a cooperação entre programas de pós-graduação de instituições de ensino superior do Brasil e da Alemanha em diferentes área do conhecimento. O apoio consiste no financiamento de missões de trabalho, bolsas e manutenção dos projetos, que podem ter vigência de até quatro anos. O programa vai conceder até 12 bolsas no exterior por proposta, no limite de duas de doutorado-sanduíche e uma de pós-doutorado, por ano.

Na área de ecologia, o projeto “Arbustização da Caatinga: padrões, processos e implicações para sustentabilidade das florestas secas” tem coordenação de Inara Roberta Leal, professora do Departamento de Botânica e do Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal. Em antropologia, “As relações entre as antropologias de língua alemã e brasileira no século XX: Fluxos teóricos e coleções etnográficas” é o título do projeto coordenado por Peter Schröder, professor do Departamento de Antropologia e Museologia (DAM) e do Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGA).

O professor Peter Schröder considera que a aprovação da proposta “para o PPGA da UFPE, especificamente, representa uma peça-chave nos esforços de manter o patamar alcançado nas últimas avaliações quadrienais da Capes”. A instituição alemã parceira é a Universidade de Marburg (Philipps-Universität Marburg). De acordo com o docente, existe um acordo de cooperação com a instituição desde 2014. O objetivo geral, segundo descrito no projeto, “é estudar as transformações nas relações entre as antropologias de língua alemã e brasileira no decorrer do século XX, com enfoque em biografias selecionadas de antropólogos e antropólogas, fluxos teóricos transatlânticos e histórias de coleções etnográficas”. A proposta é vinculada ao grupo de pesquisa Historiografia das Antropologias (Histas) da UFPE.

CAATINGA - Coordenado pela professora Inara Leal, o projeto da área de ecologia tem como objetivo investigar como perturbações antrópicas (aquelas relacionadas a atividades humanas) influenciam o processo de arbustização da caatinga e suas consequências para a provisão de serviços ecossistêmicos e sustentabilidade do semiárido brasileiro. O coordenador do projeto da instituição alemã proponente é o pesquisador Rainer Wirth, do Departamento de Botânica Molecular da Universidade de Kaiserslautern-Landau.

“Todos os usos antrópicos, todas as ações e perturbações que os humanos causam na vegetação da caatinga envolvem remover pedaços da vegetação”, contextualiza a pesquisadora. Inara Leal dá como exemplos a influência da criação de animais, como o bode, que se alimenta da vegetação; o corte de folhas e ramos, utilizados na construção de cercas e casas; o uso da lenha, madeira usada para cozimento. “Tudo isso estimula a vegetação a rebrotar”, conta. “Em vez de uma árvore [crescer] com um tronco único e uma copa bem alta, ela vai virando um arbusto, baixinho, com vários troncos perfilhados, por causa da rebrota”, explica. De acordo com a professora, a equipe do projeto vai procurar descrever o processo de arbustização simulando o corte (ação dos humanos) da vegetação e suas consequências para vários organismos.

Mais informações
Professora Inara Leal
inara.leal@ufpe.br
Professor Peter Schröder
peter.schroder@ufpe.br