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Revista internacional publica artigo de pesquisadores da UFPE sobre uso de pesticidas na agricultura

Pesquisa revelou o elevado volume de água doce necessário para diluir poluentes usados na cultura de cana-de-açúcar

O Journal of Cleaner Production (JCLP), periódico científico internacional de alto impacto (CiteScore: 10.9 – Impact Factor: 7.246), publicou a pesquisa do grupo coordenado pelo professor André Maciel Netto, do Departamento de Engenharia Nuclear (DEN) e que utiliza o conceito de Pegada Hídrica Cinza (Gray Water Footprint – GWF) na avaliação dos impactos ambientais de pesticidas na agricultura. O artigo “Gray water footprint assessment for pesticide mixtures applied to a sugarcane crop in Brazil: A comparison between two models” está disponível aqui. 

A pesquisa revelou o elevado volume de água doce que é necessário para diluir a carga dos poluentes usados na cultura de cana-de-açúcar. Ao mesmo tempo, o artigo discute a possibilidade de se fazer combinações mais apropriadas entre pesticidas, obtendo-se os mesmos resultados de produtividade e reduzindo, consideravelmente, os impactos ambientais.

No trabalho, liderado pela equipe do Laboratório de Avaliação da Contaminação do Solo (Lacs), dois modelos matemáticos são utilizados para estimar a GWF necessária para evitar os impactos negativos das misturas de pesticidas aplicadas ao solo, em condições reais de produção de uma safra de cana-de-açúcar, em Pernambuco. A GWF é um indicador do volume de água doce necessário para diluir a carga total de poluentes, gerada a partir de um determinado processo de produção, para manter os padrões de qualidade da água.

A água doce dilui as cargas poluentes que entram em um corpo d'água, o que pode ser interpretado como uma apropriação da água doce. A quantidade de água doce apropriada para assimilar a carga de poluentes a fim de atender aos padrões de qualidade da água ambiental é chamada de Pegada Hídrica Cinza (GWF). A redução GWF é essencial, dada a crescente poluição da água associada à produção de alimentos e a capacidade limitada de assimilação da água doce.

De acordo com Netto, o Brasil ocupa o primeiro lugar no mundo em uso de defensivos agrícolas, sendo, inclusive, o principal destino de agrotóxicos proibidos no exterior. “Embora o rendimento das safras dependa da adição de compostos químicos ao solo, o uso de pesticidas resulta na poluição das águas doces subterrâneas e superficiais”, explica.

A água doce é um dos recursos naturais mais escassos do século XXI. A escassez de água e energia em quantidade e qualidade em determinadas regiões do Brasil para uso em agricultura sem gerar conflitos entre os demais usuários é um grande desafio, exigindo melhor gestão e planejamento do uso adequado e sustentável destes recursos. Neste contexto, a disponibilidade de água, tanto em termos de quantidade como de qualidade, é essencial para melhorar a qualidade de vida das pessoas e para uma produção agrícola mais eficiente.

São coautores da publicação os pesquisadores Mikaela de Lavor Paes Barreto, João Paulo Siqueira da Silva e Ricardo Lins Vale, do Grupo Lacs, os professores Ademir Amaral e Edvane Borges do Grupo de Estudos em Radioproteção e Radioecologia (Gerar); o pesquisador Elvis Joacir de França do Centro Regional de Ciências Nucleares do Nordeste (CRCN-NE) e da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).

Mais informações
Professor André Maciel Netto
Departamento de Energia Nuclear

andre.netto@ufpe.br

Data da última modificação: 09/12/2020, 17:02