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Lika atua no combate à Covid-19

O Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (Lika), da UFPE, vem trabalhando em diversos projetos para auxiliar no combate à pandemia da Covid-19. Um deles ocorre através da parceria com o Instituto para Redução de Riscos e Desastres de Pernambuco (IRRD-PE), através da qual são publicados diariamente na internet um informe epidemiológico com os dados mundiais e locais da pandemia.                            

O IRRD é uma iniciativa federal criado por pesquisadores do Lika da UFPE e do Laboratório de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto (Geosere) da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). O objetivo do instituto é auxiliar na redução de riscos e desastres, tanto de ambientes locais, quanto de outros estados e países. E, nesse momento, o IRRD tem atuado fortemente trabalhando na projeção dos dados da Covid-19 recebidos através da Secretaria de Saúde de Pernambuco. Os pesquisadores conseguem, com o auxílio de uma ferramenta chamada Calculadora Epidêmica – criada por um grupo de universidades estrangeiras – estimar quando será o pico da doença e quantas pessoas ainda poderão ser acometidas pelo vírus, ajudando o Estado a se preparar para o que está por vir e aconselhando a população a intensificar o isolamento social para evitar que a curva da contaminação realmente piore muito dentro daquele período. O resultado pode ser conferido nos informes diários epidemiológicos da plataforma que são acessados pelo endereço https://www.irrd.org/covid-19/.

São diversas as empresas parceiras que atuam na plataforma dos informes epidemiológicos. Na parte de vigilância participativa são a Epitrack, uma startup do segmento de Digital Health e referência internacional para detecção de epidemias, e a Colab, umas das maiores plataformas colaborativas do Brasil e que usa a metodologia da Gestão Pública Colaborativa, atuando em parceria com milhares de servidores para auxiliar as entidades públicas a se tornarem mais eficientes e responsivas às demandas da população. No setor de diagnóstico molecular estão o Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (Lika), da UFPE, e o Genomika, que atua realizando testes genéticos e imunológicos. Pacientes diagnosticados provêm informações de localização, criando caminhos seguros, permitindo que o Governo lide com os pontos críticos da epidemia no estado. Essas localizações são coletadas pelo programa Private Kit – Safe Paths do Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos. A plataforma ainda conta com uma parte de Telemedicina e Bots com médicos e profissionais de saúde voluntários que podem tirar dúvidas via WhatsApp com relação à doença provocada pelo coronavírus e seus sintomas. Nesse último setor os participantes são o Núcleo de Telessaúde (Nutes) da UFPE, o e-Life e o Círculo do Coração. O Nutes oferece serviço de Teleorientação e Teleconsulta clínica através do site http://nutes.ufpe.br/coronavirus/populacao/

De acordo com o professor José Luiz de Lima Filho, diretor do Lika, os trabalhos contra a Covid-19 são intensos, os pesquisadores estão trabalhando muito, mas a quarentena começou um pouco tarde no Brasil. “Pelos nossos cálculos, a quarentena deveria ter sido iniciada três semanas antes. Temos novos casos de alunos, no interior, que apareceram com sintomas agora, mas que foram pessoas infectadas em Recife anteriormente”, afirma o Lima Filho. Esses casos poderiam ter sido evitados com o isolamento social iniciado antes. Outra preocupação do docente é que o pico da epidemia em Pernambuco, com o aparecimento de mais casos graves, segundo as projeções, ainda está por vir. E, para que isso seja evitado, o ideal é que pelo menos 80% da população possa entrar em quarentena. No entanto, as estatísticas mostram que somente em torno de 50% da população aderiu ao isolamento.

Outro projeto do qual o Lika participa é o que usa um drone que ajuda na dispersão de aglomerações de pessoas e, ainda, mede a temperatura dos indivíduos a distância. O projeto, que é feito em parceria com a Secretaria de Defesa Social da Prefeitura do Recife, usa um drone com câmera para identificar pontos na cidade com muitas pessoas reunidas e, através dos alto-falantes acoplados, solicita que elas dispersem e se dirijam às suas casas. Esse mesmo drone possui sensores infravermelhos capazes de medir a temperatura dos indivíduos a distância para analisar quem está com algum tipo de alteração significativa, o que pode indicar febre (um dos sintomas de processos inflamatórios e que pode acompanhar a Covid-19), então solicita a ele que vá para casa e procure um atendimento médico como o serviço gratuito de informações do Disque Saúde, pelo número 136, sob a responsabilidade da Ouvidoria-Geral do Sistema Único de Saúde (SUS).

 

                                

                           Visão normal do drone do Lika.                                        Visão infravermelha do drone do Lika. 

 

Além disso, o Lika, assim como o Núcleo de Pesquisa em Inovação Terapêutica (Nupit) da UFPE, também já iniciou a fabricação de testes da Covid-19, auxiliando o Governo do Estado na difícil tarefa de testar o máximo de pessoas possível. “No mundo ideal, deveríamos testar todas as pessoas, até quem está assintomática [sem sintomas], para controlar melhor a expansão da doença”, explica o Lima Filho. “Estamos ajudando a população e o Governo com os testes, os drones e a telemedicina”, complementa. E o trabalho só vai parar quando a epidemia passar. Essas duas ou três semanas agora são importantes para o sistema de saúde conseguir atender os pacientes que precisam de hospitalização, por isso os testes precisam ser feitos logo. “Já passamos de mil testes feitos, agora estamos no aguardo da chegada de novos kits de extração do RNA do vírus para poder produzir mais. Isso precisa ser feito logo, não dá para esperar maio ou junho. Se não soubermos do número de casos, os leitos dos hospitais podem ser ocupados muito rápido. E, infelizmente, como a pneumonia provocada pelo corona é grave, a pessoa precisa ficar na UTI por, no mínimo, 10 dias. Muita gente possivelmente já teve a Covid-19 e não sabe, porque não foi testada. E, sem um isolamento social forte, elas podem ter passado para muitas pessoas. Aqui em Recife está quase 10% de letalidade, mas esse número não é a realidade, porque estamos testando pouco ainda”, completa o docente.

Ainda segundo o diretor do Lika, depois que zerar os casos da Covid-19, teremos pela frente pelo menos 14 dias para verificar se não aparece mais nenhum novo. Somente quando isso acontecer é que poderemos abrir gradativamente a quarentena, não pode ser a população toda ao mesmo tempo para não corrermos o risco de uma nova onda de contaminação. Então, pelo visto, como nem sequer atingimos o pico da doença em Pernambuco, ainda não é o momento para clamarmos por liberdade, mas sim pelo cuidado uns com os outros.