Segundo levantamento do Portal Pesquisa, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), a UFPE está em terceiro lugar no Brasil em número de publicações científicas em Inteligência Artificial (IA). Por um artigo a menos (394), a instituição pernambucana perde a segunda colocação para a Unicamp (395), que fica atrás apenas da Universidade de São Paulo (860).

De acordo com a pesquisadora líder do grupo de Inteligência Artificial do Centro de Informática da UFPE (CIn), professora Teresa Ludermir, essa boa colocação “é fruto do trabalho de um grupo que é o mais antigo do país na área, tendo iniciado suas atividades em meados da década de 70”. Teresa, que é a primeira pesquisadora de IA do Brasil a ser pesquisadora 1A do CNPq – hoje tem um professor da USP também nessa categoria – afirma que, atualmente, o CIn tem mais de 20 professores, sendo dez bolsistas PQ e DT, desenvolvendo pesquisas na área de Inteligência Artificial.

PESQUISAS – Dentre os estudos realizados e em andamento na Universidade, a professora Teresa aponta os “Narizes Artificiais (ou eletrônicos)” que, utilizando redes neurais, já foram utilizados em várias aplicações, entre elas, detecção e reconhecimento de gases tóxicos, classificação de safras de vinhos, qualidade dos vinhos, detecção de fungos em UTIs e reconhecimentos de padrões em geral. “A subárea de pesquisa de maior sucesso de IA é Aprendizagem de Máquina (AM)”, esclarece a professora.

A aplicação de Inteligência Artificial desenvolvida no CIn também está presente no artigo “A new preference disaggregation TOPSIS approach applied to sort corporate bonds based on financial statements and expert's assessment”, que apresenta um novo método de aprendizagem de preferências com o objetivo de reduzir o esforço cognitivo para a parametrização de modelos de decisão. O método proposto foi aplicado para rating de debêntures, a partir dos dados provenientes dos balanços financeiros das empresas que emitem estes papéis.

Outro artigo, dirigido à área financeira, “A fuzzy hybrid integrated framework for portfolio optimization in private banking”, aponta que “o setor financeiro é altamente regulado, portanto os bancos precisam oferecer serviços a seus clientes e investidores em conformidade com as normas de gerenciamento de risco e transparência para as decisões de investimento sejam realizadas com o entendimento e aceitação dos riscos envolvidos”. A relevância deste tema é tal que, na mesma época em que este artigo foi publicado, a CVM condenou uma famosa instituição financeira a indenizar um de seus investidores pelos prejuízos causados em virtude de não ter esclarecido os riscos envolvidos numa operação de investimento. Posteriormente, a implementação deste framework em um Sistema de Apoio a Decisão foi premiada pela CFA Society Brazil. 

GRUPO – O grupo do Centro de Informática que atua em IA desenvolve pesquisa teórica e aplicada e formou, aproximadamente, 450 mestres e 120 doutores, com uma produção científica considerável e já obteve financiamento para projetos por agências de fomento nacionais e internacionais. O grupo de pesquisa iniciou-se a partir da volta do professor Clylton Fernandes (aposentado) do doutorado na Inglaterra na área de Redes Neurais Artificias. No começo da década de 90, o grupo tornou-se muito ativo com o retorno do doutorado de vários dos orientandos de mestrado do professor Clylton.