Ex-aluna de graduação do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Juliana Cadidé Nery é uma das pessoas premiadas na etapa estadual da Premiação IAB 2023, que é organizada pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB). Ela concorreu na categoria dedicada a trabalhos finais de graduação com o TCC “WikiMaker: anteprojeto de Anexo Maker para Escolas de Referência do Ensino Médio em Recife/PE”, orientado pela professora Letícia Teixeira Mendes e coorientado pelo professor Pascal Machado. Agora, já concorre à etapa nacional do prêmio (o resultado será divulgado em janeiro de 2024).

A presença da chamada Cultura Maker nas escolas está relacionada a um modelo de aprendizado em que estudantes são estimulados a “pôr a mão na massa”, colocando a teoria em prática e exercitando a autonomia na busca por soluções. E, no que compete à Arquitetura, os espaços maker são pensados não apenas para comportar os móveis e os equipamentos necessários para a realização de atividades, mas também para incentivar a criatividade e a interatividade, por exemplo.

“Tendo em vista as novas demandas colocadas pela introdução da tecnologia no ensino e no cotidiano, espaços que promovam a cooperação, criatividade e o acesso a equipamentos de fabricação digital se fazem necessários nas escolas públicas de modo a possibilitar a inclusão digital. Apropriando-se da temática atrelada à tecnologia e a importância do espaço físico no desenvolvimento e aprendizado dos alunos, o trabalho visa potencializar, através da arquitetura o ensino e a inclusão digital deles. Para tanto, de modo a responder a diferentes demandas impostas ao projeto, fez-se necessário que este contivesse conceitos de modularidade e flexibilidade que permitissem a adaptação e transformação constantes destes à diferentes escolas”, explica a arquiteta Juliana Cadidé Nery no resumo do trabalho, que está disponível no Repositório Digital da UFPE.

  

Anexo Maker considera uma área de 1,4 mil m² numa escola em Casa Amarela

O projeto elaborado por Juliana parte de uma adaptação do sistema construtivo proposto pelo WikiHouse no estilo open source (em que os arquivos são disponibilizados em plataformas digitais para que outras pessoas consigam adaptá-los a diferentes necessidades).

Como o sistema inicial foi desenvolvido em países de clima temperado, a arquiteta fez algumas mudanças para que ele se mantivesse funcional em uma cidade de clima tropical úmido como o Recife. Ela tomou como base as soluções para ventilação e proteção solar sugeridas por Armando de Holanda no “Roteiro para Construir no Nordeste: Arquitetura como lugar ameno nos trópicos ensolarados” (tais como criar sombras, recuar paredes, abrir portas, dar continuidade aos espaços e promover convívio com a natureza).

A arquiteta idealizou o Anexo Maker considerando uma área de 1,4 mil m² na Escola de Referência em Ensino Médio Ageu Magalhães, localizada no bairro de Casa Amarela. Graças a um conjunto de soluções, as salas do Anexo Maker poderiam ser modificadas de acordo com as atividades exercidas. O mobiliário desenvolvido também permitiria a montagem e desmontagem.

“Utilizando-se da temática maker presente no Anexo, o mobiliário tem importante papel no contato direto dos alunos com as possíveis manipulações do espaço construído através da tecnologia. A confecção do ‘micro’ da construção mobiliza o estudante a protagonizar nos espaços em que está inserido”, explica a arquiteta.

Mais informações
Professora Leticia Teixeira Mendes
leticia.mendes@ufpe.br