Toda a atenção é pouca na hora de escolher um periódico científico para divulgar os resultados de uma pesquisa. É o que alerta o professor do Departamento de Neuropsiquiatria da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e pesquisador do Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (Lika) João Ricardo Mendes de Oliveira, que recomenda o artigo “Illegitimate journals scam even senior scientists” (em tradução livre, “Periódicos ilegítimos enganam até cientistas experientes”). 

“Há centenas de revistas mandando e-mails automáticos convidando professores e alunos para publicar, geralmente antecedido por um longo texto elogiando seu trabalho recém publicado. Os ‘periódicos’ geralmente são apenas sites onde os artigos são postados (realmente são) mas sem nenhum tipo de indexação”, afirma o professor João Ricardo. “Geralmente há taxas a serem pagas e em alguns casos até para se você desistir da proposta, caso já tenha encaminhado o texto”, destaca. 

Publicado na revista Nature em setembro, o texto indicado foi escrito por Kelly Cobey, responsável pelas publicações do Instituto de Pesquisa do Hospital Ottawa, no Canadá. Segundo a autora, os periódicos predatórios enviam convites falsos tão convincentes que são capazes de enganar até cientistas experientes, pois chegam a convidar para membros do corpo editorial pessoas que não sabem da situação. Além disso, cobram taxas de publicação de até US$ 1 mil. 

“A ética e a integridade da publicação estão no cerne da pesquisa científica, mas as habilidades necessárias são aprendidas informalmente no trabalho. Pesquisadores sênior ocupados podem deixar ao primeiro autor escolher um jornal, enviar o trabalho e submetê-lo à revisão pelos pares. Eles terminam em uma publicação predatória, sem perceber, ou percebendo isso tarde demais”, ressalta a autora, em tradução livre de trecho do artigo.