“Quando se fala em reconstrução crítica e decolonização, devemos partir da premissa segundo a qual as mudanças na sociedade, na política e na economia não se realizam desacompanhadas de processos culturais e de performances narrativas”, disse a ministra da Saúde, Nísia Trindade, durante conferência ocorrida dentro da programação do 9º Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde (CSHS), da Abrasco. “Aqui está parte importante de nosso papel: como interpretar, analisar e, sobretudo, como narrar esses processos sociais que são objeto das discussões presentes nesse congresso”, completou a ministra. A conferência foi realizada na manhã da última quarta-feira (1º), na Concha Acústica Paulo Freire, localizada no Campus Recife da UFPE.

Fotos: Luíza Cabral Saraiva

Nísia Trindade foi recebida pelo reitor e gestores da UFPE

“Mais do que temas a serem discutidos, é uma perspectiva que as ciências sociais aportam para a saúde coletiva. Olhar do ponto de vista das relações sociais, dos grandes desafios da sociedade, historicamente, dos desafios contemporâneos. Então, para o Ministério da Saúde, é muito importante estar aqui e, para mim, como socióloga, é uma grande alegria poder estar neste evento”, afirmou Nísia. Durante a conferência, ela analisou a relevância das ciências sociais e humanas na reconstrução crítica da saúde brasileira. Em sua fala, a ministra apresentou ainda uma série de desafios relevantes que se refletem nas áreas da pesquisa e saúde, a exemplo do enfrentamento às desigualdades de classe, gênero e étnico-raciais; do impacto das novas tecnologias de informação e comunicação; e do desafio democrático, entre outros. A íntegra da conferência está disponível no YouTube.                                                                                                                                                               

Conferência foi realizada na Concha Acústica da Universidade

Com o tema “Emancipação e Saúde: decolonialidade, reparação e reconstrução crítica”, o CSHS foi realizado nos dias 31 de outubro e 1º de novembro. Nesses dois dias, pesquisadores, discentes, docentes, representantes de movimentos sociais, gestores e trabalhadores do SUS discutiram temáticas relevantes para a saúde coletiva a partir da interlocução com as ciências sociais e humanas. 

A programação científica incluiu a realização de debates, mesas-redondas e painéis, além de mais de 100 comunicações coordenadas e apresentações de trabalhos, entre outras atividades. Esta foi a primeira vez que o congresso foi sediado no Recife. O CSHS foi uma realização da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) em parceria com a UFPE e o Instituto Aggeu Magalhães (Fiocruz Pernambuco).