Notícias Notícias

Voltar

MinC reativa edital Cultura Viva e lança Prêmio Sérgio Mamberti em evento na Concha Acústica da UFPE com celebração à cultura brasileira

Evento contou com várias apresentações culturais, inclusive da ministra Margareth Menezes, que cantou a música “Leão do Norte”

Por Eugênia Bezerra

“O futuro é, na verdade, ancestral. Um país que não reconhece e não valoriza sua ancestralidade é um país sem futuro. E esse país não é o Brasil”, afirmou a ministra da Cultura Margareth Menezes, durante a cerimônia realizada nesta sexta-feira (1º), na Concha Acústica Paulo Freire, para o lançamento de dois editais do Ministério da Cultura (MinC), o Edital de Premiação Cultura Viva – Sérgio Mamberti e o Edital Cultura Viva: Fomento a Pontões de Cultura. Com investimento total de mais de R$ 61 milhões, as iniciativas buscam destacar a diversidade cultural brasileira e a importância da política de base comunitária.

Fotos: Luiza Cabral
  

Evento lotou a Concha Acústica da UFPE, com representantes de diversas atividades culturais

O evento foi realizado na capital pernambucana por uma parceria do MinC e da Prefeitura do Recife, com apoio da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Por isso, no palco estavam vários representantes do poder público nas esferas municipal, estadual e federal, como o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida (que no mesmo dia proferiu uma palestra na Semana Pedagógica do Centro de Educação da UFPE); e o reitor da UFPE, Alfredo Gomes; o prefeito do Recife, João Campos; a secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do MinC, Márcia Rollemberg (que apresentou detalhes sobre editais); parlamentares federais e vereadores, além de representantes de diversos grupos artísticos e culturais. 

Reitor recebeu a ministra e sua equipe em seu gabinete

Antes da cerimônia na Concha Acústica, o reitor recebeu a ministra Margareth Menezes, a secretária Márcia Rollemberg e o prefeito João Campos na Reitoria da UFPE para apresentar os projetos culturais desenvolvidos na Universidade, assim como planos para esta área.

“Nosso objetivo é promover acesso amplo e democrático à cultura, garantindo que todos os cidadãos tenham a oportunidade de participar e de se beneficiar das manifestações culturais. Não é à toa que o retorno da Política Nacional Cultura Viva foi um dos apelos vindos da sociedade civil brasileira, especialmente dos que vivem da cultura popular na sua expressão mais orgânica, mais identitária”, explicou a ministra Margareth Menezes em seu discurso.

Em seguida, ela afirmou que “os Pontos de Cultura têm uma capacidade revolucionária, pautam novas linguagens, repertórios e referências estéticas, desestabilizando padrões culturais impostos. Conseguem ser inovadores justamente por estarem plugados em suas raízes ancestrais e é isso que queremos para o Brasil: que essa força transformadora das comunidades resgate valores humanitários, ambientais, civilizatórios, resgate o Brasil em sua força mais profunda”.

  

Durante o evento, houve apresentações de diversos grupos 

Quem esperava ouvir uma “palhinha” da ministra durante o evento teve sua expectativa atendida, pois Margareth Menezes cantou a música “Leão do Norte” (de Lenine e Paulo César Pinheiro) logo após discursar. A musicalidade brasileira e as referências à ancestralidade preta e indígena permearam toda a cerimônia. Elas foram mencionadas em outros discursos e se fizeram presentes nas apresentações de artistas e grupos como o Afoxé Omo Inã; o trio formado pela cantora Gabi do Carmo, a rabequeira Aglaia Costa e a violoncelista Valquiria Janie; o conjunto formado pelo grupo Guerreiros do Passo, a Orquestra Só Mulheres e os passistas Matheus Pimentel e Davi José; o grupo Lucas e a Orquestra dos Prazeres; como os indígenas que representaram a mestra Vovó Bernaldina (uma das homenageadas com o editais do Cultura Viva, junto com o ator e gestor cultural Sérgio Mamberti e o músico Mestre Lucindo) e o Maracatu Nação Almirante do Forte.

Reitor destacou importância da cultura, como expressão das identidades de um um povo

“Trabalhamos para constituir e formar uma sociedade plural, diversa, inclusiva, democrática e interiorizada. Nós também queremos uma universidade antirracista e anticapacista, ou seja, uma universidade profundamente integrada com toda a sociedade. As universidades são absolutamente estratégicas para o desenvolvimento social, econômico e cultural do país. Fazem parte de um projeto de nação e precisam, portanto, ser alimentadas, fortalecidas. E a cultura, esse momento aqui do lançamento ressalta bastante isso, é um pilar fundamental para sustentação da sociedade democrática. Sem cultura, estaríamos em um apagão profundo. Cultura é a expressão das diferentes identidades de um povo. Nesse sentido, ficamos muito felizes pelo fato de o MinC ter escolhido fazer o lançamento aqui, nesse estado conhecido pela diversidade cultural e resistência. Viva a Cultura brasileira!”, afirmou o reitor Alfredo Gomes, em seu discurso de boas-vindas ao público na Concha Acústica.

Ministro Silvio Almeida também participou do evento na Concha Acústica

PREMIAÇÕES – Por meio do Edital de Premiação Cultura Viva – Sérgio Mamberti, serão destinados R$ 33 milhões para 1.117 iniciativas culturais com o objetivo “de incentivar mestres e mestras das culturas populares, valorizar as manifestações culturais das etnias indígenas, reconhecer a diversidade cultural e promover atividades culturais que ampliem a Rede Cultura Viva, com a valorização e o incentivo aos Agentes Cultura Viva e aos Pontos de Cultura em redes territoriais e temáticas”. 

As inscrições podem ser feitas em quatro categorias: Prêmio Culturas Populares e Tradicionais – Mestre Lucindo, Prêmio Culturas Indígenas – Vovó Bernaldina, Prêmio Diversidade Cultural (voltado para “iniciativas e produções culturais de pessoas idosas, com deficiência, LGBTQIA+ e em sofrimento psíquico”) e Prêmio Cultura Viva (para “atividades culturais desenvolvidas por Pontos de Cultura e por grupos, coletivos e instituições privadas sem fins lucrativos que querem ser reconhecidas e certificadas com o Selo Cultura Viva em todos os estados brasileiros, para fazerem parte da Rede Cultura Viva e darem destaque às suas atividades culturais e às comunidades onde atuam”).

Já o Edital Cultura Viva: Fomento a Pontões de Cultura é lançado com o objetivo de “desenvolver, difundir, acompanhar e articular atividades formativas e culturais”. Os R$ 28 milhões devem ser investidos em 46 pontões de cultura ao longo de 12 meses. Os projetos contemplados precisam ter como ação estruturante a figura do Agente Cultura Viva (jovens entre 18 e 24 anos, que receberão uma bolsa mensal de R$ 900 para acompanhar ações de “diagnóstico, mapeamento, mobilização, articulação de redes e formação”).

A retomada do edital é realizada com a intenção de dar continuidade a ações das Redes de Pontos de Cultura e fortalecer a Política Nacional de Cultura Viva no Brasil. Ele é dividido em dois eixos, sendo um orientado pela distribuição entre os estados e o Distrito Federal e outro guiado pela característica temática, setorial ou identidária dos projetos. Neste último, as áreas são: Culturas Indígenas e Mãe Terra, Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana; Culturas Populares e Tradicionais; Cultura Digital, Comunicação e Mídia Livre; Patrimônio e Memória; Linguagens Artísticas; Livro, Leitura e Literatura; Gênero, Diversidade e Direitos Humanos; Acessibilidade Cultural e Equidade; Economia da Cultura, Solidária e Criativa; Cultura da Infância; Formação e Educação Cultural; Territórios Rurais e Cultura Alimentar; Cultura Urbana, Direito à Cidade e Juventudes; Cultura, Territórios de Fronteira e Integração Latino-Americana.

Data da última modificação: 05/09/2023, 15:27