O estudo “Prolactina como toxina urêmica? Relação entre prolactina e citocinas inflamatórias em pacientes em hemodiálise”, realizado por especialistas do Hospital das Clínicas da UFPE, em parceria com o Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami Lika/UFPE e com o Real Hospital Português, foi um dos dez melhores trabalhos nacionais de pesquisadores com menos de 35 anos selecionado para apresentação no 30º Congresso Brasileiro de Nefrologia, ocorrido de 15 a 17 de outubro.

“Não ganhamos o prêmio, mas ser finalista foi uma grande surpresa e alegria. Foi excelente ver o nosso trabalho (eu, com os professores da UFPE Amaury Cantilino, Lucio Vilar, Frederico Cavalcanti e Fabricio Couto) entre os finalistas, expor nossas ideias e representar a UFPE e o Nordeste. Conciliar pesquisa e assistência no Brasil é um grande desafio, mas temos que seguir tentando”, afirma Marclébio Dourado, médico do Serviço de Nefrologia e de Transplante Renal do HC e também professor da UFPE.

A pesquisa tem como objetivo avaliar níveis hormonais e inflamatórios em pacientes que fazem hemodiálise. “Esses pacientes apresentam um risco cardiovascular aumentado, precisando de estudos que avaliem quais fatores podem contribuir direta ou indiretamente para essa maior mortalidade”, explica Marclébio.

Segundo o nefrologista, as pessoas que fazem hemodiálise e que apresentaram elevação do hormônio prolactina tiveram diversos marcadores inflamatórios mais alterados do que aquelas com o hormônio em valor normal. “Pacientes que fazem hemodiálise apresentam acúmulo no sangue de diversas substâncias, algumas sendo maléficas ao organismo. Dentre estas, a prolactina é pouquíssima estudada e a avaliamos em mais de 300 pacientes. Fora isso, nossa pesquisa foi a primeira a avaliar diversas citocinas inflamatórias e sua relação com a prolactina nesta população”, complementa Marclébio.

O Congresso Brasileiro de Nefrologia ocorre a cada dois anos e é a maior convenção nacional da área. O comitê científico seleciona os dez melhores trabalhos nacionais de pesquisadores com menos de 35 anos para serem apresentados durante o congresso. Concorreram pesquisadores de todo o Brasil, e o trabalho realizado pelos especialistas do HC foi o único do Norte/Nordeste selecionado.

Uma revisão que deu origem a essa pesquisa também foi publicada no International Journal of Endocrinology, em junho, com o título “Relationship between Prolactin, Chronic Kidney Disease and Cardiovascular Risk” (“Relação entre Prolactina, Doença Renal Crônica e Risco Cardiovascular”).