Ana Célia de Sá

Buscar avaliações centradas no aprendizado, estabelecer relações mais dinâmicas entre professores e alunos, ampliar a função social da universidade e expandir horizontes por meio da perspectiva internacional remodelada à vivência local são questões essenciais à formação superior de qualidade. É isso que defende o professor Carlos Collares, do Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento Educacional da Universidade de Maastricht, na Holanda. O docente esteve no auditório do novo prédio de Medicina da UFPE, no Campus Recife, na manhã de hoje (16), para ministrar a palestra “Perspectivas para a Formação rumo a uma Educação Global”, na qual abordou desafios, práticas e métodos educacionais utilizados nas universidades.

Fotos: Passarinho

Reitor Anísio Brasileiro, Carlos Collares e o pró-reitor Paulo Goes, no evento

Para acompanhar o mundo globalizado e conectado, a educação tem passado por releituras quanto ao processo de formação. Um ponto crucial é a atuação do docente em sala de aula. Segundo Collares, a postura e a relação mais igualitária com o aluno ajudam a construir o conhecimento de modo mais eficaz, motivando e potencializando todos os envolvidos. Ele também assinala a avaliação como ponto-chave: “Uma das coisas que eu percebi foi que nota é a pior forma de feedback que você pode dar a um aluno. Então, a primeira dica que posso dar é tirar um pouco o foco dos números e passar a valorizar mais as palavras.” 

Para o palestrante, o professor deve manter postura positiva e incentivadora

Collares sugeriu dois caminhos para esse retorno do docente ao discente. O primeiro indica uma avaliação conjunta com o estudante, devolvendo a ele uma parte da responsabilidade sobre o seu processo de aprendizado. Isso pode ser construído por meio do diálogo, no qual o professor deve manter postura positiva e incentivadora. O segundo ponto diz respeito às provas, que podem ser diluídas em atividades processuais para construção da nota ao longo do período de aulas, alavancando técnicas de estudos nas quais o aluno pode testar-se e estudar de forma espaçada. Mudar a avaliação “pode ser um caminho muito bom para reduzir o estresse de professores, de estudantes e aumentar a eficácia das atividades educacionais”, argumentou Collares.

Ao mesmo tempo, é relevante ultrapassar os muros da universidade e buscar a inserção social da instituição. “É importante que a gente sempre traga a mensagem de que a universidade é do povo”, afirmou o docente. “Tem que haver esse sentimento de pertencimento, de as pessoas se sentirem parte também da universidade”, completou.

Sobre a globalização, o professor Carlos Collares apontou a necessidade de evitar polarizações e compreender diferentes contextos sociais, econômicos, políticos e culturais. Para ele, esses entendimentos, obtidos pela experiência internacional, permitem a interseção entre a vida local e a global, com vistas ao desenvolvimento da sociedade. 

PALESTRA – A palestra do professor Carlos Collares na UFPE integrou o evento “UFPE Futuro em Debate”, promovido pela Pró-Reitoria para Assuntos Acadêmicos (Proacad), pela Positiva – Diretoria de Inovação e pelo Instituto Futuro. Os debatedores foram Rosalie Belian (Centro de Informática/UFPE) e Rodrigo Cariri (Centro Acadêmico do Agreste/UFPE). O mediador foi Paulo Goes, pró-reitor para Assuntos Acadêmicos.

O reitor Anísio Brasileiro participou do evento. Na ocasião, agradeceu a presença do visitante e destacou a importância do “UFPE Futuro em Debate”. “Se quisermos deixar algo para a universidade pública, devemos construir um projeto de futuro. Mas esse futuro não é amanhã, esse futuro já é hoje”, disse. “Por isso é preciso saber como integrar os saberes acadêmicos com os saberes que estão na sociedade”, concluiu.

Confira o álbum de fotos da palestra, de autoria de Passarinho (Ascom-UFPE).