“Como seremos, como programa, daqui a 10 anos?” O questionamento, feito pelo reitor Anísio Brasileiro, refletiu o tom do último dia do evento promovido pela UFPE, pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e pelo Comitê Francês de Avaliação da Cooperação Universitária (Cofecub) em comemoração aos 40 anos do Programa Capes-Cofecub. O encerramento contou com mesas-redondas, debates e uma homenagem, conduzida pelo professor emérito Cid Bartolomeu de Araújo, ao professor do Departamento de Física da UFPE José Roberto Rios Leite, pela sua contribuição ao programa. O aniversário do Capes-Cofecub, foi realizado no Recife, de domingo (19) até ontem (21), no Mar Hotel, em Boa Viagem.

Fotos: Passarinho

Participantes defenderam financiamento público da pesquisa científica

As discussões giraram em torno dos temas inovação, divulgação científica, financiamento e futuro da cooperação, que foi criada para estimular o intercâmbio científico entre Instituições de Ensino Superior (IES) brasileiras e francesas. O professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Rubens Sampaio Filho, explicou, na segunda mesa-redonda, que a grande inovação do Capes-Cofecub é a ênfase nas relações humanas e em valores como mérito e ética. Sampaio Filho ressaltou a integração entre as culturas brasileira e francesa, fortemente presente no intercâmbio entre os pesquisadores participantes. “Nós nos entendemos muito bem. Brasileiros e franceses conseguem trabalhar, de fato, em conjunto com grande produtividade e com prazer”, pontuou. A formação de recursos humanos de alto nível nos dois países é inclusive um dos principais objetivos do programa, diferencial que foi ressaltado diversas vezes no seminário.

Por outro lado, os coordenadores de projetos presentes, vindos de diversas universidades brasileiras e francesas, destacaram a importância de se investir na divulgação científica do que é produzido. O objetivo é que as experiências sejam amplamente compartilhadas, a fim de que a sociedade tome conhecimento da importância da cooperação desenvolvida entre os países e do investimento público em ciência fundamental. “A base de sustentação da pesquisa em qualquer lugar do mundo é pública”, confirmou Anísio, indo ao encontro da ideia que foi consenso no evento: a cooperação com a indústria e empresas é bem-vinda, inclusive, desejada, mas não pode ser a única forma de se enxergar o financiamento na ciência.

A UFPE é a quarta universidade que mais aprovou projetos em toda a história do Capes-Cofecub, de acordo com o pró-reitor para Assuntos de Pesquisa e Pós-Graduação, Ernani Carvalho. Nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, é a universidade que mais se destaca, superando, inclusive, instituições de renome como a Universidade de Brasília (UnB). “A UFPE recebeu esse evento, também, como forma de retribuir a longa parceria e tradição que os pesquisadores da universidade têm com o programa”, explicou.

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