A conscientização sobre Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) é fundamental por várias razões, pois garante uma melhor qualidade de vida e interrompe a cadeia de transmissão dessas doenças, além de desmistificar informações sobre aqueles que convivem com essas condições. No intuito de promover a compreensão sobre a HIV/Aids, a Área Assistencial de Doenças Infecciosas e Parasitárias (DIP) do Hospital das Clínicas da UFPE realizou, na sexta-feira (1º), a distribuição de preservativos, de panfletos e de uma cartilha informativa no hall da Portaria 4. Já nos dias 5 e 6 deste mês, haverá testes rápidos disponíveis para o público em geral no ambulatório da DIP, situado no 5º andar (acesso pela Portaria 4). Essas iniciativas marcam o Dia Mundial de Combate à Aids, celebrado no dia 1º, e contribuem para alertar toda a sociedade a respeito da conscientização sobre os riscos da doença.

A aids é uma doença causada pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), geralmente adquirida por meio de relações sexuais desprotegidas com uma pessoa contaminada, mas também pode ser transmitida por transfusão sanguínea e compartilhamento de objetos perfurocortantes. Dessa forma, a doença é caracterizada como o estágio avançado da infecção pelo vírus, comprometendo as funções do sistema imunológico e abrindo caminho para outras doenças oportunistas, como a pneumonia, que podem resultar em complicações fatais. De acordo com informações do Ministério da Saúde, em 2020, aproximadamente 920 mil pessoas vivem com o HIV no Brasil. A maior incidência de casos concentra-se na faixa etária de 25 a 39 anos.

A última edição do Boletim Epidemiológico HIV/Aids, divulgado em dezembro de 2022, demonstrou uma elevação nos casos entre os idosos, com 1.517 diagnósticos registrados, representando um salto de quatro vezes em uma década. Um dos fatores associados a esse problema é o baixo uso de preservativos entre os brasileiros mais velhos, uma vez que não há mais a preocupação com gravidez. No entanto, o uso de preservativo não serve apenas como um método contraceptivo, mas para a prevenção de ISTs. “O HIV/aids tem sido amplamente publicizado nas últimas décadas, mas o mesmo não ocorre ainda com relação às diversas formas de prevenção, sobretudo nos grupos mais expostos. Sem dúvida, o preconceito estrutural sempre afastou os indivíduos expostos dos centros de saúde, dificultando ainda mais as possibilidades de práticas sexuais seguras”, explica o chefe do Área Assistencial de Doenças Infecciosas e Parasitárias do HC, Paulo Sérgio Ramos.

Segundo o infectologista, as iniciativas de prevenção desempenham um papel crucial na disseminação de informações sobre o vírus e a doença. Essas campanhas são especialmente fundamentais para atingir populações mais vulneráveis, como homossexuais, profissionais do sexo, pessoas trans, homens negros, indivíduos com baixa escolaridade e residentes de áreas periféricas.

“O maior desafio para o Brasil é o de atingir a meta 95/95/95 até 2025, quando precisaremos atender ao pacto proposto pela OMS que será de termos, até 2025, 95% dos casos de infecção por HIV diagnosticados, 95% desses pacientes recebendo terapia antirretroviral e 95% dos pacientes em tratamento com carga viral indetectável. Essas metas visam ao diagnóstico precoce, à redução da transmissão do vírus e da mortalidade e ao aumento da sobrevida”, diz Paulo Sérgio Ramos.

Num cenário global marcado por diversas crises de saúde, a aids permanece como uma das ameaças mais graves à saúde pública. A falta de acesso a cuidados apropriados e o persistente estigma social continuam a representar desafios significativos no combate a essa condição. “O preconceito, que pode se manifestar de diversas formas, como machismo, homofobia e transfobia, possui o potencial de causar um impacto devastador na autoestima do indivíduo, resultando em uma profunda fragmentação e ataque a sua autoconfiança. Isso torna ainda mais doloroso o processo de aceitação da condição médica e, consequentemente, na gestão da doença”, ressalta o infectologista.

Neste Dia Mundial de Combate à Aids, Paulo Sérgio Ramos reafirma o compromisso das instituições educacionais na prevenção e redução dos índices de infecção. “A academia deve e tem a responsabilidade de colaborar com a sociedade civil em seu papel extensionista, contribuindo para a compreensão dos mecanismos de transmissão do vírus e todas as formas de prevenção”, destaca.