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Arco Metropolitano
Publicado no Jornal do Commercio, no dia 9 de fevereiro de 2019
Por Anísio Brasileiro
A situação do trecho urbano da BR-101 que atravessa a Região Metropolitana do Recife chegou a um nível insustentável. Acidentes fatais, tempos de viagem excessivos e engarrafamentos produzem danos com os quais a cidade e a própria economia pernambucana não podem mais conviver. Os altos custos logísticos provocados por esse segmento prejudicam a competitividade locacional do Grande Recife.
A solução proposta do Arco Metropolitano gerou grandes expectativas e continua como uma prioridade para consolidar a economia regional. Embora urgentes, problemas de licenciamento e financiamento vêm postergando a construção dessa obra que atravessa áreas ambientais sensíveis. Ao se rediscutir o traçado e ao serem adotadas tecnologias adequadas de construção viária, podem-se mitigar os riscos e viabilizar a obra, sem danificar o ambiente.
A UFPE é uma das instituições afetadas pela situação deste trecho da BR-101, impondo-se sacrifícios para estudantes, servidores docentes e técnicos administrativos. No contexto do Projeto UFPE Futuro, estratégias como a implantação do Campus de Goiana e a consolidação do de Vitória podem ser prejudicadas pela precária mobilidade, que se estende também ao Campus Joaquim Amazonas, no Recife. Propõe-se aqui um esforço coletivo de construção de uma aliança entre a academia, o governo e a sociedade, a fim de construir abordagens que viabilizem o investimento e otimizem os impactos sociais.
O modelo tradicional de financiamento via parceria-público-privada ou via uso de recursos públicos federais e estaduais não se viabilizou. Novas abordagens encontram-se em pleno desenvolvimento e têm por foco a construção planejada e sistêmica de sinergias econômico-financeiras entre o investimento na infraestrutura e políticas proativas de crescimento na área de influência, garantindo-se efeitos multiplicadores econômicos e fiscais suficientes para viabilizar o projeto.
Uma equipe de pesquisadores de universidades públicas brasileiras, inclusive a UFPE, está desenvolvendo uma abordagem chamada de Engenharia Territorial, cuja aplicação ao Arco poderá ser um exemplo de inovação na provisão de infraestruturas de grande vulto e no fomento ao crescimento regional sustentável. A UFPE está buscando o diálogo com todos os segmentos da sociedade para recolocar a proposta do Arco Metropolitano em discussão, como um projeto estratégico para o desenvolvimento de Pernambuco. Propõe-se, assim, a integrar um comitê patrocinador desta iniciativa.
Anísio Brasileiro é reitor da UFPE