O dia mundial da água foi criado pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em 1992, declarando todo o dia 22 de março de cada ano como sendo o Dia Mundial das Águas (DMA), com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância desse recurso natural vital para a vida no planeta. Durante o dia 22 de março, são realizadas atividades concretas que promovam a conscientização pública, como publicações,  documentários, conferências e exposições relacionadas à conservação e desenvolvimento dos recursos hídricos e/ou a implementação das recomendações, proposta pela Agenda 21,  instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis, em diferentes bases geográficas, que concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. 

A data é um esforço da comunidade internacional para colocar em pauta questões essenciais que envolvem os recursos hídricos. A cada ano, um tema é abordado com o intuito de focar a atenção nas necessidades, que estão fortemente relacionadas a:

Problemas de abastecimento de água potável 

Consciência pública sobre a importância de conservação, preservação e proteção da água 

Aumentar a consciência dos governos organizações não governamentais (ONGs) e setor privado

Promoção de campanhas sobre a importância da água

    O tema definido pela ONU neste 22 de março é “Acelerando Mudanças - Seja a mudança que você deseja ver no Mundo”, o que destaca a necessidade de discutir formas e acelerar mudanças para solucionar a crise global da água e saneamento, da forma mais sustentável possível.

    Um dos desafios mais urgentes atualmente em relação à água é a Transição Energética, ou seja, a passagem de uma matriz energética focada nos combustíveis fósseis para uma com baixa ou zero emissões de carbono, baseada em fontes renováveis.  A produção de energia é um dos principais consumidores de água do mundo, e a transição para fontes de energia mais limpas e renováveis é crucial para garantir a sustentabilidade a longo prazo da oferta de água. 

Apesar da energia hidrelétrica ter um impacto ambiental mínimo quando construída, especialmente quando comparadas às centrais de combustível fóssil, como carvão ou petróleo, é necessário buscar soluções sustentáveis de energia que possam ajudar a reduzir a dependência de fontes de energia mais intensivas em água. A produção de hidrogênio verde (H2V), que é produzido a partir da eletrólise da água por meio de fontes renováveis como eólica e solar, um processo de separação da molécula de água (H2O) em hidrogênio (H2) e oxigênio (O2) por meio da passagem de uma corrente elétrica na solução aquosa. A produção de H2V não emite gases de efeito estufa e não polui o meio ambiente, o que contribui para a preservação dos recursos naturais, exemplo promissor de uma solução sustentável de energia menos dependente da água.

Adicionalmente, é fundamental destacar a importância do uso racional da água em todas as áreas da vida. Isso inclui desde práticas diárias, como fechar a torneira enquanto escova os dentes, até decisões de negócios importantes sobre a gestão de recursos hídricos. Uma possível solução para promover o uso racional da água é a utilização de efluentes aquosos, pois podem ser tratados e reutilizados para diversas finalidades, como a irrigação de culturas agrícolas e a produção de energia. O reúso de águas residuais pode ser uma solução importante para aumentar a disponibilidade hídrica em regiões com escassez de água e contribuir para a preservação dos recursos naturais. Abaixo, seguem alguns indicadores envolvendo o consumo de água:

O consumo de água per capita se refere à quantidade de água que é usada por uma pessoa média em uma determinada área geográfica. Essa medida pode ser usada para avaliar a eficiência do uso da água em uma determinada região, bem como para identificar áreas onde há potencial para conservação de água. O consumo de água no processo de refino de petróleo, por exemplo, depende do tipo de processo utilizado e das tecnologias de recuperação de água que são empregadas. De acordo com a Agência Nacional de Águas do Brasil (ANA), estima-se que, em média, para cada barril de petróleo refinado, são necessários entre 1 e 3 barris de água, dependendo do tipo de petróleo e das técnicas de refino utilizadas.

    Com relação ao consumo de água na produção de petróleo e gás, de acordo com um estudo publicado pela Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) em 2016, o consumo de água na produção de petróleo e gás pode variar de cerca de 0,3 a 100 metros cúbicos (m³) por barril de petróleo equivalente (BOE), dependendo do tipo de poço e das práticas de gestão adotadas. Já no consumo de água na produção de aço, de acordo com a World Steel Association, a média de consumo de água na produção de aço é de cerca de 28 m³ por tonelada de aço produzido.

Na cidade de Recife, em Pernambuco, a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) é responsável pelo abastecimento de água e tratamento de esgoto. Em 2020, a Compesa divulgou que o consumo médio de água per capita em Recife era de 156 litros por habitante por dia.

Em síntese, o DMA é um lembrete importante de que a água é um recurso valioso que deve ser protegido e gerenciado de forma mais sustentável. A transição energética e a produção de H2V são alternativas promissoras que podem contribuir para a preservação dos recursos naturais, mas é fundamental adotar práticas de uso racional da água e de reúso de efluentes para garantir a disponibilidade hídrica no futuro.