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Prospecta debate cultura, arte e responsabilidade social na Biblioteca Central

Temas como cidade, gentrificação e exclusão fizeram parte da discussão, que lotou o auditório da BC

“A soma do que conhecemos como representação artística não representa tudo nem todos.” A fala do pesquisador e curador de arte contemporânea da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), Moacir dos Anjos, resume o debate Prospecta VII – Arte, Cultura e Responsabilidade Social, que o Instituto Futuro da UFPE realizou na última quinta-feira (26) na Biblioteca Central. Mediado pelo professor Luís Reis, diretor de Cultura da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proexc), o encontro contou também com a participação do professor Francisco Sá Barreto, do Departamento de Antropologia e Museologia, e da arquiteta e artista visual Clara Moreira. O auditório ficou lotado para assistir à discussão.

O professor Francisco Sá Barreto fez uma apresentação sobre a cultura como dispositivo de gestão urbana. Ele mostrou que a maior parte dos locais considerados patrimônios culturais pela Unesco está em países ricos, o que indica um uso político da cultura estimulado pelo mercado de turismo global. “A conclusão a que chegamos é que o patrimônio compensa – e muito”, afirmou. Para ele, a requalificação da cidade tem intensificado um perfil de consumo de elite que termina por apartar e produzir distinção por meio da cultura. “O grande produto da gentrificação é a cidade fortificada”, explicou. “Como pensar os movimentos de resistência nesse contexto?”, questionou.

Foto: Passarinho

Sá Barreto abordou a cultura como dispositivo de gestão urbana

O curador Moacir dos Anjos recorreu a uma conceituação proposta pelo cineasta Jean-Luc Godard, para quem a cultura é do campo da regra e a arte é do campo da exceção. “O papel da arte é pôr a cultura à prova”, defendeu. Por isso, para ele, existe atualmente um combate ao campo da arte em busca de interditar o dissenso e as formas contra-hegemônicas, que questionam as representações dominantes. Tais recortes não são neutros nem naturais, mas resultado de relações de forças e de exclusões e interdições já existentes na sociedade. “A arte é capaz de fissurar o campo da cultura e torná-lo mais inclusivo”, disse. A responsabilidade social da arte passa, assim, pela imaginação de um mundo novo.

A artista visual Clara Moreira, por sua vez, vem pensando no assunto desde sua pesquisa de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Urbano da UFPE, intitulada “Processos de ocupação coletiva e organizada de imóveis urbanos na Região Metropolitana do Recife: permanências e mudanças de 1980 a 2010”, em que detectou a existência de 120 ocupações para fins de moradia na década de 2000. Ela busca uma aproximação com a temática da resistência por meio de sua produção artística, que dialoga com a produção do cinema pernambucano contemporâneo e com questões como a gentrificação e o patrimônio arquitetônico. “A arte também tem essa função de incomodar”, disse.

FUTURO – Criado em 2014, o Instituto Futuro busca, de acordo com seu documento de fundação, “alcançar elevados padrões acadêmicos a partir da promoção de um ambiente reflexivo e ativo, dedicado às prospecções sobre o futuro e fundamentado nas experiências recentes e do passado”. Entre seus objetivos está fazer caminhar de forma conjunta o ensino, a pesquisa e a extensão universitária. O evento Prospecta promove reuniões, seminários e exposições que incentivam o debate de ações que perpassem as fronteiras do conhecimento, ampliando as relações da UFPE com a sociedade. “A relevância da Universidade para o futuro passa pela arte e pela cultura”, afirmou o professor Luís Reis.

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Instituto Futuro
institutofuturo@ufpe.br

Data da última modificação: 30/04/2018, 19:52