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Reitores participam de ato contra corte no orçamento de custeio e investimentos

Gravação do evento está disponível no canal da UFPE no YouTube

Os cortes realizados pelo Governo Federal no orçamento das instituições de ensino técnico e superior brasileiras e a defesa da ciência e da educação pública, inclusiva e de qualidade foram o mote do ato conjunto realizado ontem (7) pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e Universidade Federal do Agreste de Pernambuco (Ufape), junto com o Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) e Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IFSertãoPE). O encontro ocorreu virtualmente, com transmissão no canal da UFPE no YouTube, onde está disponível a gravação de todo o evento.

O evento, em forma de coletiva, teve a participação dos reitores Alfredo Gomes (UFPE), Marcelo Carneiro Leão (UFRPE), Airon Aparecido Silva de Melo (Ufape), José Carlos de Sá (IFPE) e Maria Leopoldina Veras Camelo (IFSertãoPE). Eles abordaram e criticaram os cortes orçamentários bilionários, que chegam a 7,2% dos recursos para manutenção e funcionamento das universidades e dos institutos federais. A medida representa a perda do equivalente a R$ 28 milhões do orçamento das instituições que participaram da coletiva. “As nossas instituições não são de elite, como pensam determinadas classes, determinados grupos. Nossas instituições têm compromisso com a educação pública de qualidade, porque são voltadas para uma maioria esmagadora que está nos bancos de nossas escolas, universidades e institutos, que é oriunda de classes populares. Então, a motivação principal para o corte não procede”, afirmou o reitor Alfredo Gomes.

De acordo com o reitor da UFPE, os cortes de recursos têm sido realizados de forma sistemática desde o ano de 2019. “O nosso orçamento de hoje, especialmente o da Universidade Federal de Pernambuco, é menor do que o orçamento de 2020, de 2019, de 2018 e de 2017. Ou seja, ele é compatível com o orçamento de 10 ou 12 anos atrás. Então, esses cortes impactam de tal forma que colocam as nossas instituições numa situação muito difícil”, alerta. “A situação é muito grave porque, além dos cortes nos anos anteriores, tivemos uma inflação na casa dos dois dígitos, acima de 10%. Isso significa que todos os contratos que temos para manutenção das instituições, assim como de bolsas [de estudo], precisariam de uma reposição adequada que fizesse frente às reais funções sociais de nossas instituições para manter com qualidade os nossos estudantes”, ressaltou Alfredo Gomes.

A redução do orçamento também afeta a capacidade financeira para assistência aos estudantes em vulnerabilidade social agravada pela pandemia da covid-19 e pela crise econômica. “É preciso destacar também os riscos para o futuro do país com os cortes que afetam não apenas o orçamento do Ministério da Educação, mas também o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, que sofreu um corte de cerca de R$ 3 bilhões, inclusive nas verbas do FNDCT [Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico]”, alertou Alfredo Gomes.

Os cortes nas universidades e nos institutos federais tornam-se ainda mais graves no momento em que as instituições voltam a funcionar com total presencialidade das atividades de ensino, pesquisa e extensão, o que demandaria mais investimentos. “Além desses orçamentos, que já sofrem perdas dos últimos anos, há um retorno à presencialidade, o que faz com que várias das nossas ações aumentem o custo de energia, de água, de limpeza etc. Isso faz com que o quantitativo de orçamento necessário seja maior do que o ano anterior [quando as universidades mantiveram reduzidas as atividades presenciais devido à pandemia da covid-19]”, disse o reitor Marcelo Carneiro Leão, que também considerou a inflação como ponto de desequilíbrio das contas. O gestor ainda lembrou a importância da ciência e da educação no desenvolvimento da sociedade, com papel relevante dos ensinos técnico e superior para a redução de desigualdades.

O reitor José Carlos de Sá falou sobre o impacto da redução orçamentária nas atividades e ações dos 16 campi do IFPE, num contexto de cortes que tem se repetido nos últimos anos. “São impactos significativos dentro de uma realidade orçamentária já muito difícil”, declarou. Ele destacou a luta dos reitores para “defender o aumento dos orçamentos das nossas instituições, a adequação orçamentária dos orçamentos das nossas instituições às realidades que nos são impostas pelos processos que nós conduzimos nesses campi e Reitoria”.

O reitor Airon Melo explicou a situação da Ufape, uma universidade recém-criada e que, por isso, demanda maiores investimentos para implantação e estabilização de suas atividades e de assistência aos estudantes. No cenário de cortes e bloqueios, entretanto, as ações tornam-se ainda mais difíceis, prejudicando o projeto de desenvolvimento social via educação. “Nós precisaríamos de recursos adicionais para que pudéssemos continuar essa implantação da nova universidade, dando continuidade aos trabalhos”, informou. 

Em contexto pandêmico e de cortes de recursos, há dificuldades para cumprir planejamentos referentes às atividades de ensino e à manutenção da própria instituição. “O dano que está sendo causado para a formação dos nossos jovens vai comprometer, por décadas, uma sociedade inteira, que nós vamos ter aí sendo formada. Então, nosso apelo aqui, diante de todos, diante de toda a sociedade, é que haja a reversão imediata desse bloqueio e que haja um trabalho árduo, através do Ministério da Educação, através de todos os parlamentares, para que haja uma suplementação do orçamento para as instituições educacionais”, asseverou a reitora Maria Leopoldina Veras Camelo, do IFSertãoPE.

Durante o evento, os reitores ainda responderam às questões levantadas pelo público e pelos jornalistas. Além dos dirigentes das instituições de ensino, também participaram do ato a vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) em Pernambuco, Débora Karolayne; e o diretor de Comunicação da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), Vinícius Soares. O ato de ontem (7) teve o apoio da Universidade de Pernambuco (UPE) e da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap).

Data da última modificação: 09/06/2022, 17:11