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Economista Luciano Coutinho defende compromisso da Universidade com a quarta revolução industrial

Ex-presidente do BNDES debateu o tema ao lado de Sergio Rezende e Lúcia Melo, tendo Tânia Bacelar como mediadora

Como a comunidade acadêmica pode ajudar o Brasil a aderir à quarta revolução industrial, ou seja, migrar para o mundo regido pela tecnologia 4.0? Foi com o propósito de contribuir com uma reflexão sobre a questão que o professor e economista Luciano Coutinho apontou, durante a palestra “Quarta Revolução Industrial e os desafios para as universidades brasileiras”, realizada hoje (14) no anfiteatro do Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA), que é das universidades que vão sair os profissionais do futuro e que, “como a estrutura industrial de Pernambuco se encontra ameaçada, isso coloca uma responsabilidade e pressão ainda maiores sobre a UFPE”. Coutinho foi presidente do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de 2007 a 2016. 

Fotos: Emilayne Santos

Debate reuniu mais de 500 pessoas no CCSA 

Como entusiasta de uma maior integração da academia com o mercado de trabalho, o reitor Anísio Brasileiro avaliou que a presença de mais de 500 pessoas no evento demonstra o interesse da comunidade universitária com o futuro da UFPE. “Esse futuro está ligado, como ficou muito claro aqui, com a imensa capacidade que a UFPE tem de fazer face aos desafios que se impõem aos processos de ensino-aprendizagem, às metodologias de gestão e, para isso, possuímos uma capacidade instalada e articulação internacional, além da capacidade de trabalhar a inovação social”, acrescentou. 


Coutinho mostrou preocupação com a privacidade dos cidadãos 

Para Luciano Coutinho, que participou do evento por iniciativa da Positiva – Diretoria de Inovação e o Instituto Futuro da UFPE, “a determinação da Universidade em debater e sintonizar com essas novas demandas é um importante passo rumo ao ecossistema da inovação”. Na palestra, que é um desdobramento do documento UFPE do Futuro, Coutinho contou com a participação, como debatedores, do professor e ex-ministro da Ciência e Tecnologia Sérgio Rezende e da secretária estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, Lúcia Melo. A mediação foi feita pela professora aposentada do Departamento de Ciências Geográficas da UFPE Tânia Bacelar. 

DISRUPÇÃO – Ao explanar sobre a aceleração das mudanças de maneira disruptiva, que rompe com os paradigmas e modelos pré-existentes, em vários campos, Coutinho analisou que as transformações não se manifestam apenas nas tecnologias. “Há um amadurecimento simultâneo das tecnologias que se tornaram sinérgicas entre si, como atestam os avanços na genética, que, por sua vez ,só foram possíveis graças aos supercomputadores e que comprova que os campos das ciências se utilizam, indissociavelmente, da tecnologia na sua aplicação”, explica. 

Segundo ele, as tecnologias que vêm impulsionando uma variedade de processos humanos trazem à baila novos desafios, cujas respostas devem vir da universidade. Como exemplos, o professor e economista citou as implicações como a privacidade dos cidadãos, segurança de dados e limites éticos da manipulação genética. Ao citar iniciativas adotadas na Alemanha para não ficar de fora da quarta revolução industrial, ele afirmou que “lá existe uma política de Estado; um programa de subsídios dirigidos às pequenas empresas migrarem para o paradigma 4.0”. 

Para Lúcia Melo, que ressalvou a importância de se levar em consideração as identidades dos lugares – “as repercussões dessas mudanças se dão de maneira diferente em cada contexto” - o maior desafio da universidade nesse momento consiste em quebrar suas paredes internas. Na opinião da secretária, “é preciso formar pessoas com perfil multidisciplinar e, para isso, a academia deve rever o modelo de segmentação do conhecimento”. “Como pensar em internet das coisas, sem pensar em ética?”, provocou. Ao pontuar a intensidade da atual crise brasileira, a professora Tânia Bacelar anunciou a palestra como uma oportunidade de sonhar com um projeto que reposicione o Brasil no mundo que está em profundas transformações. “O futuro já começou”, afirmou ela. 

Em sua participação, o professor Sergio Resende deixou apenas uma pergunta ao palestrante: “Por que o Brasil não conseguiu se industrializar?” Luciano Coutinho respondeu aludindo a um processo histórico permeado por decisões de âmbito mundial e local, associadas a modelos econômicos neoliberais e escolhas equivocadas dos gestores brasileiros.  

Segundo a diretora da Positiva, professora Solange Coutinho, a iniciativa de debater os grandes termas atuais prosseguirá com outras palestras. “Estamos elaborando um calendário com esses eventos que vão subsidiar uma proposta a ser desenvolvida em conjunto com a Pró-Reitoria de Assuntos Acadêmicos (Proacad) a fim se embasar discussões ampliadas sobre as mudanças que a Universidade precisa enfrentar, como instituição essencial à sociedade”, disse ela. 

CURRÍCULO – O economista Luciano Galvão Coutinho foi presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de 2007 a 2016. Tem PhD em Economia pela Universidade Cornell (EUA) e foi professor visitante nas Universidades de Paris XIII, do Texas e da Universidade de São Paulo (USP), além de professor titular na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). 

Especialista em economia industrial e internacional, escreveu e foi organizador de vários livros, além de ter extensa produção de artigos publicados no Brasil e no exterior. Foi secretário executivo do Ministério de Ciência e Tecnologia de 1985 a 1988, participando da concepção de políticas para áreas de alta complexidade como biotecnologia, informática, química fina, mecânica de precisão e novos materiais. 

 
Data da última modificação: 14/05/2018, 19:45