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Universidade lamenta falecimento do ex-servidor Rildo Pragana

Ele atuou no Departamento de Física da UFPE

É com pesar que a UFPE compartilha a informação do falecimento, na última sexta-feira (25), do ex-servidor técnico-administrativo do Departamento de Física Rildo Pragana aos 69 anos. Mais uma vítima da Covid-19, Pragana foi pioneiro no desenvolvimento do primeiro computador produzido em Pernambuco, o Corisco e, segundo testemunho do professor Sérgio Cavalcante, do Centro de Informática (CIn), foi um dos projetistas, em 1987, do HD em RAM que acelerou em dez vezes o acesso a arquivos dos computadores do COPOM da Polícia Militar de Pernambuco. Na UFPE, ele atuou de setembro de 1978 a fevereiro de 1985, quando passou a se dedicar à iniciativa privada.

“O projeto poderia ter ficado pronto em dois meses, mas ele não era focado em dinheiro e sim em conhecimento. O foco em aprender era tão grande que, ao estudar e aprender tudo que precisava para um novo projeto, perdia o interesse na execução. Às vezes parecia rude, mas no fundo era um doce de pessoa. Uma figura!”, registrou Cavalcante na sua rede social.

Outro amigo e também professor da UFPE, Gauss Cordeiro destaca que Pragana foi um dos precursores da Computação Científica no Estado, e desenvolveu várias linguagens de programação, tais como a Filia e, na sua carreira profissional, percorreu ainda diferentes áreas: da aeroespacial, quando cursava Engenharia Aeronáutica no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em São Paulo, até a eletrônica passando pela Física, Biofísica e Computação.

Fragmento do testemunho do professor Gauss sobre o amigo Rildo:

“(...) Em 1975 e 1976, fizemos o mestrado na UFRJ: ele, em Biofísica, e eu, em Engenharia de Produção. A sua versatilidade era tão evidente que ele desenvolveu desde equipamentos para televisão até placares eletrônicos para estádios de futebol. Além disso, a eletrônica e informática fizeram com que ele se tornasse uma das pessoas mais importantes na comunidade Linux.

Eu conhecia Pragana há exatos 62 anos, mais especificamente desde o primário no Grupo Escolar Manuel Borba. Nós morávamos no mesmo bairro da Boa Vista na infância. Rildo, com 13 anos, já sabia toda a Tabela Periódica decorada – quer por linhas ou colunas –; e descrevia os elementos químicos e suas características principais. Por volta de 14 anos, nós passamos a decorar as mantissas com quatro decimais dos logaritmos na base 10. Depois de muito esforço, só cheguei até 9. Ele foi, contudo, até 25.

Pessoas como Rildo deveriam viver, pelo menos, 200 anos. Não sei a razão pela qual Deus o levou tão cedo para junto dele. Quiçá o mundo esteja medíocre para gênios como ele – gênio este que tinha um QI de 160. Pragana, além ser superdotado, era muito correto, de princípios, bem-humorado e brilhante em ideias. Obrigado, Rildo! Foi muito bom e gratificante tê-lo como amigo fraterno por cerca de 62 anos. Que Deus conforte Fernanda e seus filhos Julius, Rildo e Daniel.”

*Gauss M. Cordeiro é professor titular da UFPE, e tem PhD em Estatística pelo Imperial College (Londres).

 

Data da última modificação: 28/09/2020, 17:16